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Ação da Cidadania volta a realizar a campanha Natal sem Fome após
10 anos e segundo um estudo divulgado em fevereiro pelo Banco Mundial, o número
de pessoas vivendo na pobreza no Brasil deverá aumentar entre 2,5 milhões e 3,6
milhões até o fim de 2017. Esses são sinais claros de que a fome e a miséria,
um pouco atenuadas em função das últimas políticas públicas adotadas pelo
Brasil, como o Bolsa Família, voltam a rondar o país. No dia 19, próximo
domingo, será celebrado o 1º Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo papa
Francisco. Neste contexto, o vice-presidente da CNBB, o arcebispo de Salvador,
dom Murilo Krieger, fala do gesto do santo padre. “A intenção do papa é a de
despertar o mundo – países e pessoas -, e de acordá-lo para a triste realidade
de nosso tempo”, disse. A pobreza e a fome ameaçam milhões de pessoas pelo
planeta porque falta o senso de solidariedade e o respeito aos mais pobres
aponta o bispo. Acompanhe a íntegra da entrevista.
Portal CNBB – No dia 19, próximo domingo,
será celebrado o 1º Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo papa Francisco.
Qual o sinal o santo padre quer dar para a humanidade com este gesto?
Dom
Murilo Krieger – Há multidões que hoje, em
pleno século XXI, passam fome e vivem sem as mínimas condições para se falar em
vida digna. E elas são ignoradas por todos – incluindo aqui os países ricos e
as pessoas em melhores condições. Pior: não faltam alimentos ao mundo; não
faltam riquezas. Falta o senso de solidariedade e de respeito àqueles que Jesus
considera o menor de seus irmãos. A intenção do Papa Francisco é a de despertar
o mundo – isto é, países e pessoas -, de acordá-lo para a triste realidade de
nosso tempo.
Portal
CNBB – Há sinais claros de que a fome e a miséria, um pouco atenuadas em
função das últimas políticas públicas, como o Bolsa Família, adotadas pelo
Brasil, voltam a rondar o país. Após 10 anos, a Ação da Cidadania volta a
realizar o Natal sem Fome. De acordo com um estudo divulgado em
fevereiro pelo Banco Mundial, o número de pessoas vivendo na pobreza no Brasil
deverá aumentar entre 2,5 milhões e 3,6 milhões até o fim de 2017. Como
vice-presidente da CNBB, qual a sua avaliação desta realidade?
Dom
Murilo Krieger – Se há um país onde palavra “pobre”
não deveria existir, esse país é o nosso. Temos uma natureza maravilhosa,
riquezas minerais imensas, um clima excelente; não temos problemas naturais tão
comuns em outros países, e que causam desgraças e prejuízos imensos. Não temos,
contudo, a consciência de que os pobres não são pobres por acaso. Já em 1979,
em Puebla, os Bispos diziam que o grande problema nosso é a injustiça
institucionalizada, como parte de nossas estruturas. Aí estão os escândalos de
corrupção que são denunciados a cada dia, a nos mostrar que quando falta o
devido cuidado com os bens do país, cresce o enriquecimento de alguns e o
empobrecimento de multidões. Espero que o apelo do papa tenha eco em nossa
terra de Santa Cruz.
Portal CNBB – Quais passos são necessários
para superação da pobreza entre nós?
Dom
Murilo Krieger – Diria que cinco: 1º)
Consciência de que o Brasil deve ser um país para todos; 2º) A justiça é o
fundamento da paz; 3º) Há necessidades de gestos imediatos para resolver o
problema da fome, das doenças, da falta de educação, de habitação por parte
daqueles pessoas que sofrem com tais carências. Além disso, há necessidade de
decisões a médio prazo, com investimento adequado para a educação – base para
qualquer superação da miséria e da fome; e, a longo prazo, despertar a
consciência de que com corrupção, não se constrói país algum; 4º) Ver o pobre
com o olhar de Jesus Cristo e ver Jesus Cristo no rosto de quem é pobre; 5º)
Cada um fazer o que estiver a seu alcance para combater a pobreza, como
resposta aos apelos do Evangelho. Parafraseando o presidente Kennedy é
necessário deixar de perguntar o que os outros podem fazer por nós, mas o que
nós podemos fazer por aqueles que, sozinhos, não sairão de sua situação de
pobreza.
Fonte CNBB
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