Governo do Congo Brazzavile reagiu
negativamente à recente mensagem dos Bispos do país sobre a crise sociopolítica
que está a tornar a vida difícil aos congoleses.
Albert
Mianzoukouta e Dulce Araújo - Cidade do Vaticano
Como sair da difícil
situação socioeconómica em que se encontra a República do Congo? A questão
preocupa os Bispos do país. Sexto produtor de petróleo em África, o Congo-Brazzaville
entrou em recessão económica há cerca de três anos, devido a uma diminuição
drástica das principais matérias primas que possui, nomeadamente o petróleo, do
qual tira 90% dos seus recursos originados pela exportação. As consequências
sociais são duras: numerosas obras de construção estagnadas, hospitais com
falta de tudo, salários e pensões em atraso de muito tempo.
O país está a negociar
um financiamento com o Fundo Monetário Internacional. A última missão do FMI ao
país foi no passado mês de abril. Mas a conclusão formal de um acordo permanece
ligado a firmes reformas exigidas pela instituição para estancar a imponente
dívida pública que representa 120% do PNB do país. Os financiadores
internacionais apelaram o Congo a enfrentar de forma concreta as causas do
agravamento da dívida, sobretudo a corrupção, fraude e numerosas contas
bancárias escondidas em paraísos fiscais, muitas vezes sem que os negociadores
das dívidas o saibam.
É, portanto, sobre
esta situação complexa e difícil que se pronunciam os Bispos.
No passado dia 8 de
Maio, no final de uma assembleia extraordinária em Brazzaville, os nove
bispos da Conferência Episcopal nacional lançaram um grito de alarme, apelando
o Governo a ter em conta os princípios de equidade; a enfrentar realmente as
causas e os efeitos da guerra recorrente na região de Pool (sudoeste do país);
a não alargar a dívida externa sobretudo recorrendo a empréstimos
pré-garantidos e baseados nas produções futuras de petróleo. Os Bispos apelam
igualmente a comunidade internacional a não ser cúmplice da pilhagem dos
recursos do Congo. Que aqueles que roubaram o dinheiro do Congo, o restituam,
insistem.
O Governo reagiu
negativamente a esta mensagem dos Bispos, acusando-os de se imiscuir na
política.
Albert Mianzoukouta -
La Semaine Africaine - Brazzaville
Fonte: Vatican News
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