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D. Murilo Krieger |
É preciso fazer alguma coisa. Mas o quê, se sou limitado e não
tenho os poderes de um Presidente dos Estados Unidos, não sou o dono da
Microsoft e nem consigo, nos meios de comunicação, o espaço de um Neymar?
Diante da imensidão de desafios que encontro ao longo da vida, sinto, como
qualquer cidadão, que também poderia ter a tentação experimentada por Severino,
no poema “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto. A um dado
momento, o retirante pergunta a alguém se vale a pena continuar vivendo, diante
de uma vida tão severina. Ouviu, então, como resposta: é melhor lutar com as
mãos do que deixá-las abandonadas para trás.
A vida me ensinou que as grandes transformações do mundo
nasceram de pessoas que tiveram a capacidade de sonhar grande e repartiram seus
sonhos com outras pessoas que, por sua vez, os assumiram como seus. E há sonho
mais belo do que aquele que diz respeito a uma vida que seja melhor para todos
e não apenas para alguns?… Tenho a convicção de que só conseguirei mudar o
mundo se olhar o outro – isto é, cada pessoa –, como um irmão ou uma irmã. Se
para Sartre “o inferno são os outros”, para mim os outros me completam, me
enriquecem, me ajudam a conhecer meus limites e despertam em mim mil energias e
criatividade.
Vivo num mundo que vê multiplicarem-se marcas de violência por
toda a parte. Bem dizia um dos personagens de Guimarães Rosa, em “Grande
Sertão, Veredas”: “Viver é muito perigoso!” Em contrapartida, animo-me com Dom
Helder Câmara, com a afirmação que é como que um resumo de sua vida: “Feliz de
quem tem mil razões para viver!”
Não tenho medo do futuro, porque descubro, a cada passo, o
quanto de capacidade para o bem há no coração humano. Aprendi com meu mestre e
senhor, Jesus Cristo, que é preciso conjugar, a cada dia, verbos como amar,
doar-se, repartir, perdoar, respeitar, conviver etc. São “verbos” difíceis de
se colocar em prática, eu sei, eu o experimento. Mas Jesus nunca afirmou que
segui-lo e imitá-lo seria fácil. Conto, para isso, com sua ajuda e procuro
anunciá-lo, pois compreendo cada vez melhor sua afirmação: “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida”. É isso que enche minha vida de alegria; é isso que eu quero
que todos experimentem. Anunciar seu Evangelho é a melhor maneira que encontro
para mudar o mundo, tornando-o melhor, muito melhor.
Fonte: cnbb.net.br
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