Estimado povo de Deus presente no Estado do Maranhão.
Escrevemos para vocês falando do Seminário preparatório para o Sínodo
“Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral” que
começou em São Luís (MA), nos dias 15 a 17 de junho, seu itinerário de escuta
dos povos amazônicos.
Foi um momento de graça caracterizado pela alegria e
mística do povo maranhense. Realizamos este seminário em comunhão com a grande
Amazônia e assumimos com responsabilidade a oportunidade de construir o
primeiro processo de reflexão e escuta. De junho a dezembro serão realizadas
nos nove países da Panamazônia cerca de 45 Assembleias Territoriais semelhantes
a que efetivamos.
Estiveram reunidas mais de 100 lideranças de pastoral
do estado do Maranhão: indígenas, quebradeiras de coco, quilombolas,
camponeses, coordenadoras-es das pastorais sociais, leigas-os, religiosas-os,
sacerdotes e o bispo de Brejo, dom Valdeci Santos Mendes, referente para as
pastorais sociais.
Iniciamos o Seminário com uma análise de conjuntura
popular, realizada com muita sabedoria por todos os participantes e
complementada pelo assessor, professor Horácio Antunes. Os povos e a Igreja do
Maranhão estão preocupados pelo avanço do agronegócio, em particular pelo
projeto MATOPIBA e a progressiva morte do bioma cerrado, que alimenta a
Amazônia com suas águas.
Denunciamos também os impactos dos grandes projetos e
sua infraestrutura, a serviço do capital e não das pessoas e de seus ambientes
de vida. Estes sentem em sua pele as primeiras consequências do desmonte dos
direitos, arduamente conquistada de que agora são negados em nome do
crescimento do capital financeiro. Insistimos em afirmar que esta conduta
política, adotada pelo atual governo do Brasil, está fazendo crescer a
pobreza, exclusão, violência e
exploração.
Celebramos com esperança a organização das
comunidades que defendem seus territórios, as pastorais e movimentos que exigem
acesso à terra e ao trabalho, qualidade de vida e reparação integral pelas
violações sofridas.
Unimo-nos às muitas lideranças criminalizadas e
ameaçadas por seu empenho em defesa da Amazônia, especialmente nesses dias à
comunidade de Anapu (PA) e a nosso irmão padre Amaro Lopes, preso injustamente por
defender o direito à terra dos pequenos agricultores.
A Igreja é desafiada a ser presença de Deus junto aos
pobres, escutando-os e se fazendo aliada em suas lutas. É um processo de conversão continua, no
compromisso com o cuidado da vida dos povos amazônicos e da Criação. Portanto é
um serviço a Deus e a seu povo, diverso e pluricultural.
O estudo do documento, marcado por ricos momentos de
partilha, ajudou os participantes a aprofundarem a reflexão segundo o método
ver, discernir e agir, seguido das respostas ao questionário trabalhadas em
grupos.
As contribuições do Povo de Deus serão recolhidas e
sistematizadas pela REPAM; os resultados dessa consulta conformarão o Documento
de Trabalho, base das discussões da última etapa do Sínodo, convocada em Roma
(outubro 2019), com a participação de todos os bispos e de outros assessores da
Amazônia.
O Sínodo é um longo processo de escuta e participação, em busca de uma Igreja
com rosto amazônico. O seminário em São Luís foi assessorado pela Rede Eclesial
Panamazônica (REPAM) e abre esse caminho de escuta, que precisa continuar no
Maranhão ao longo dos próximos meses, nas diversas dioceses e paróquias, bem
como em outros grupos e movimentos populares, de pesquisa ou de estudo.
O Papa Francisco fez um convite todo especial aos
povos da Amazônia: “ajudem seus bispos, ajudem seus missionários e missionárias
a se fazerem um só com vocês, assim que, dialogando com todos, vocês possam
plasmar uma Igreja com rosto amazônico e uma Igreja com rosto indígena”
(Discurso aos povos indígenas em Puerto Maldonado – Janeiro 2018).
Agradecemos ao Deus da vida e de todos os povos esta
oportunidade e rogamos sua benção e inspiração para os outros territórios que
vão continuar este processo.
Rua do Rancho, 57 - Centro - CEP 65010-540 – São Luís-MA - Brasil -
Fone: (98) 3222-8341 - Fax: (98) 3231-7056.
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