sábado, 28 de julho de 2018
“ALEITAMENTO MATERNO É A AÇÃO QUE MAIS SALVA VIDAS NO MUNDO”, AFIRMA DR. NELSON ARNS
Recentemente
representantes do governo dos Estados Unidos se recusaram a apoiar uma
resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que incentiva a amamentação,
na Assembleia Mundial da Saúde, realizada em Genebra, na Suíça. Baseada em
estudos científicos, a resolução declara que o leite materno é a opção mais
saudável para os bebês. A não aceitação da resolução por parte de diplomatas
americanos acabou dificultado sua aprovação e gerando um mal-estar global.
Após
a investida, neste mês de julho, diversos órgãos como a Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP) divulgaram nota criticando a posição da delegação dos Estados
Unidos na reunião da Organização Mundial da Saúde. Em entrevista ao portal da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e levando em consideração que
agosto é considerado o mês de conscientização sobre o aleitamento materno, o
Coordenador Internacional da Pastoral da Criança, Dr. Nelson Arns Neumann
afirmou que essa é a ação que mais salva vidas no mundo.
Aleitamento materno. Crédito: Ariene Rodrigues/Pastoral da
Crainça
Segundo
Nelson, o aleitamento materno confere um fator de proteção contra vários tipos
de doenças logo quando a criança nasce. “Estudos comprovam que a criança que é
amamentada possui uma inteligência e um aumento de QI muito superior”. Ele
aponta também para o fato de este ser um tema de preocupação recorrente do papa
Francisco, que já até fez uma declaração em defesa do direito das mães de
amamentarem seus filhos em lugares públicos. “O aleitamento materno é algo
natural e pode e deve ser feito em público”, afirma o coordenador.
Dados
apontam que em todo o mundo, apenas 38% das crianças são amamentadas. No
Brasil, 41%. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a meta global a ser
atingida até 2025 é de que pelo menos 50% dos bebês recebam o aleitamento
materno até o sexto mês de vida. Por isso, uma das determinações da resolução
da ONU, apresentada na Assembleia Mundial da Saúde é a de que os países devem
limitar propagandas consideradas imprecisas ou enganosas sobre os efeitos de
substitutos do leite materno. Para Nelson Arns, a dificuldade das organizações
e empresários em aceitar a prática do aleitamento materno está em “pura e
simplesmente uma questão de ganho”.
Com
o intuito de incentivar o aleitamento materno e a criação de bancos de leite
para melhorar a qualidade de vida das crianças, a Organização Mundial da Saúde
e o Ministério da Saúde instituíram a semana de 1 a 7 de agosto como a Semana
Mundial da Amamentação. O Congresso Nacional também instituiu, por meio de lei
sancionada, o mês de agosto como o mês de aleitamento materno, que passou a ser
chamado de agosto dourado. Dr. Nelson Arns considera a questão do aleitamento
materno como um tema “sem sombra de dúvidas de saúde pública”.
Mortalidade
Infantil
A
taxa de mortalidade infantil cresceu no Brasil e acendeu outro alerta. A
principal causa para o aumento do índice apontada pelo Ministério da Saúde é o
surgimento do Zika vírus e a sua relação com a microcefalia, doença que teve
seu auge justamente em 2016. Pela primeira vez desde 1990, o país apresentou
alta na taxa: foram 14 mortes a cada mil nascidos em 2016; um aumento de 4,8%
em relação a 2015, quando 13,3 mortes (a cada mil) foram registradas.
Nelson
Arns avalia o fenômeno como “multifatorial”. Para ele, vários são os cenários
que contribuem para a mortalidade infantil, exemplo é o cuidado com a saúde.
Ele cita a falta de medicamentos, de saneamento e o aumento da prematuridade.
Como gesto concreto de ação da Pastoral da Criança no combate a essa série de
fatores, Nelson afirma que o organismo de ação social da CNBB realizará uma
exposição no Museu da Vida, em Curitiba, que tem como foco expor a questão do
saneamento básico. “Vamos convocar os presidenciáveis para debater os entraves
que levam os mais pobres a não ter acesso ao saneamento básico”, diz.
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