O
momento eleitoral é uma oportunidade para discutirmos a sociedade que queremos.
Temos hoje uma política econômica que prejudica os mais pobres e atende
somente aos ricos. É preciso mudar isto.
Desde
2016, com o impeachment da presidente Dilma, as regras
democráticas estão sendo frequentemente atropeladas: foi um golpe contra a
democracia. O governo Temer, em menos de um ano, fez aprovar no Congresso leis
que retiram direitos e jogam no lixo a Constituição Cidadã: a PEC do Teto dos
Gastos, que reduz recursos da saúde e da educação para os próximos 20 anos, a
reforma do Ensino Médio, a Lei da Terceirização, a Reforma Trabalhista e
outras. E ainda tenta aprovar uma reforma da Previdência que acabaria com o
direito à aposentadoria para a maioria. Do ponto de vista da legislação
trabalhista, o Brasil voltou setenta anos para trás.
Neste
meio tempo, parte do Judiciário brasileiro, sob pretexto de combate à corrupção
no país, desencadeou, com apoio da grande mídia, uma perseguição a um partido
político, o PT, e suas lideranças, o PT. Nunca se viu com tanta clareza a
utilização de “dois pesos e duas medidas” para pessoas de partidos diferentes.
Uns, denunciados com provas, são protegidos e vivem tranquilamente, enquanto
outros são presos e humilhados publicamente. Para coibir práticas ilegais
(corrupção), se utilizam medidas ilegais (conduções coercitivas, vazamentos
seletivos de depoimentos, ampla veiculação mediática de conversas particulares,
prisões para obter delações, direcionamento de depoimentos, prisão sem provas,
etc.).
Temos
hoje em dia um verdadeiro monopólio dos meios de comunicação, liderado pela
Globo, onde só se expressam os interesses dos grandes, dos banqueiros, do
agronegócio. No entanto, a grande maioria da população brasileira não se dobrou
à propaganda da grande mídia. Rejeita a situação atual: Temer é apoiado por
apenas 3% da população, a mais baixa popularidade do mundo. A maioria se opõe
às privatizações (70%), é contra a reforma da Previdência (69%), é contra a
reforma trabalhista (81%).
O
primeiro compromisso de qualquer candidato que queira se apresentar como nosso
representante nas eleições deve ser o de revogar estas leis anticidadãs
propostas por um governo corrupto e aprovadas à custa da compra de votos, sem
qualquer debate com a sociedade. É a condição para voltarmos à democracia, ao
respeito à vontade popular, à vontade da maioria.
Do
mesmo modo, é preciso que as eleições sejam livres. Neste momento, o candidato
Lula, que está à frente em todas as pesquisas de opinião, está sendo impedido
de se apresentar: foi condenado e preso sem provas. Para respeitar o Estado de
Direito, esta prisão teria de ser suspensa. É condição para termos eleições
democráticas, onde o povo pode escolher aquele que melhor o representa.
Devemos
investir na eleição de deputados federais, estaduais e senadores que sejam
capazes de defender os nossos interesses. E, ao mesmo tempo, impedir que
aqueles parlamentares que aprovaram a retirada de direitos retornem ao
Congresso: eles não nos representam. Não basta ter um bom governante, é
necessário que haja bons parlamentares.
O
momento eleitoral é uma oportunidade para discutirmos a sociedade que queremos.
Temos hoje uma política econômica que atende apenas aos interesses dos mais
ricos: o chamado “ajuste fiscal” prejudica os mais pobres e atende somente aos
ricos. É preciso mudar isto. Temos um sistema político que favorece a corrupção
e os negócios escusos, precisamos mudar este sistema. Temos de lutar pela
democratização dos meios de comunicação. E, ao mesmo tempo, precisamos saber discernir
as informações que nos chegam, manter a capacidade crítica, discutir em grupo,
trocar ideias, pensar propostas.
Finalmente,
sempre é bom lembrar que eleição não é o único modo de fazer democracia. As
mobilizações, a pressão nas ruas, os protestos, são fundamentais, inclusive
através das redes sociais (sem jamais ceder ao ódio ou às falsas notícias, que
só favorecem os grandes).
Ivo
Lebauspin
Assessor nacional das CEBs
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