sábado, 28 de julho de 2018
PASTORAL CARCERÁRIA REFORÇA LUTA QUE BUSCA CONSTRUIR UM CAMINHO RESTAURATIVO PARA A JUSTIÇA
Na
avaliação da Pastoral Carcerária, a justiça atualmente tem um caráter punitivo:
se um indivíduo comete um crime, ele deve sofrer uma punição e condenação por
conta desse crime. Por outro lado, a pastoral acredita que por mais que se diga
que o propósito das prisões é ressocializar o indivíduo, as violações
cotidianas de direitos dentro do sistema prisional mostram que esse não é o
caso.
Segundo
informações da pastoral, esse sistema punitivo cria um ciclo de violência, sem
que vítima ou ofensor tenham a possibilidade de se recuperar. Para romper esse
ciclo, a Pastoral Carcerária defende, na Agenda Nacional Pelo
Desencarceramento, um outro modelo de justiça, que possa lidar com os conflitos
de forma pacífica, comunitária e encontre medidas que ajudem a restabelecer
relações: a justiça restaurativa.
A
justiça restaurativa surgiu em meados da década de 1970, como resultado de
antigas tradições pautadas em diálogos pacificadores e construtores de
consensos, originários de culturas africanas e das primeiras nações do Canadá e
da Nova Zelândia. Aqui no Brasil ela é utilizada há cerca de 10 anos,
ainda em caráter experimental, por organizações sociais, juízes e varas da
justiça em estados como São Paulo e Rio Grande do Sul.
Em
funcionamento há cerca de 10 anos no Brasil, a prática da Justiça Restaurativa
tem se expandido pelo país. Conhecida como uma técnica de solução de conflitos
que prima pela criatividade e sensibilidade na escuta das vítimas e dos
ofensores. A prática tem iniciativas cada vez mais diversificadas e já
coleciona resultados positivos.
Em
São Paulo, a Justiça Restaurativa tem sido utilizada em dezenas de escolas
públicas e privadas, auxiliando na prevenção e na diminuição do agravamento de
conflitos. No Rio Grande do Sul, juízes aplicam o método para auxiliar nas
medidas socioeducativas cumpridas por adolescentes em conflito com a lei,
conseguindo recuperar para a sociedade jovens que estavam cada vez mais
entregues ao caminho do crime. No Distrito Federal, o Programa Justiça
Restaurativa é utilizado em crimes de pequeno e médio potencial ofensivo, além
dos casos de violência doméstica. Na Bahia e no Maranhão, o método tem
solucionado os crimes de pequeno potencial ofensivo, sem a necessidade de
prosseguir com processos judiciais.
A
Justiça Restaurativa é incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por
meio do Protocolo de Cooperação para a difusão da Justiça Restaurativa, firmado
em agosto com a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).
Nova metodologia – “Eu vejo que a aplicação da
justiça restaurativa vai ajudar, e muito, na não reincidência no crime, pois é
uma forma diferenciada de novamente estabelecer relações com a família. Tem
diversos juízes da Vara de Execuções Penais que fazem questão de aplicar a
Justiça Restaurativa”, afirma a irmã Imelda Maria Jacob, agente da pastoral que
trabalha com a justiça restaurativa por meio da Escola de Perdão e
Reconciliação (Es.pe.re.).
Os
agentes da Pastoral Carcerária tem recebido cursos de formação em justiça restaurativa,
para aprender como o método funciona e poder utilizá-lo na resolução de
conflitos no sistema carcerário. Nas iniciativas envolvendo Justiça
Restaurativa que agentes da Pastoral têm ajudado a criar, o agressor, a vítima
e a comunidade de ambos sentam e reconhecem a possibilidade de uma conversa.
A
vítima expressa como ela se sente após a agressão e as marcas que ela sofreu,
tanto físicas como psicológicas. Esse diálogo também abarca as pessoas que
envolvem a vítima, pessoas com as quais ela tem laços afetivos. O agressor
também vai dizer o que estava pensando, o que foi que o levou a fazer o que
fez, e a resolução do conflito deve nascer do grupo.
Com
informações da Pastoral Carcerária: http://carceraria.org.br/
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário