terça-feira, 28 de agosto de 2018
ÍNDIA. CARTA AO PAPA: DECLARAR VÍTIMAS DE ORISSA MÁRTIRES DA FÉ
Pedimos
"que as vítimas da violência de 2008 sejam reconhecidas pela Igreja como
Mártires da Fé”. "O reconhecimento deles reforçará a fé do povo indiano,
especialmente num momento como o que estamos atravessando”, lê-se.
Cidade
do Vaticano
Os
católicos indianos escrevem ao Papa Francisco pedindo que acelere o processo
para declarar mártires as vítimas da violência que dez anos atrás transformou o
distrito de kandhamal, no estado indiano de Orissa, num pogrom (termo
russo que significa devastação, destruição, massacre, ndr) onde grupos
extremistas perpetraram uma “limpeza étnica” dos cristãos locais
No
10º aniversário daquela tragédia foi enviada ao Pontífice uma carta assinada
por John Dayal, leigo católico indiano, intelectual e ex-presidente da “União
Católica de toda a Índia”, o mais antigo movimento leigo na Ásia.
Força
da fé inspiradora dos mais pobres
O
texto da missiva reconhece “a força da fé dos mais pobres e vulneráveis da
comunidade”, obtendo deles inspiração para escrever ao Santo Padre.
Após
a antiga evangelização do subcontinente, os fiéis indianos “vivem na segurança
de uma Índia democrática e republicana em que a Constituição assegura a
liberdade de fé”. A partir da Independência, “vivemos em paz”, lê-se no texto.
No
Séc. XVIII, maior violência contra a comunidade católica
A
carta recorda: “Mas houve momentos de trauma em nossa história. Nos anos do fim
do Séc. XVIII, o Sultão de Mysore, Tipu, tornou prisioneiros cem mil católicos
da costa ocidental do Kerala e Mangalore. Um grande número deles morreu de
torturas e doenças. Até 2008, aquela tinha sido a maior violência contra a
comunidade católica. E até hoje as vítimas não receberam o reconhecimento que
merecem”.
Em
2008, nova tragédia, com a cumplicidade do Estado
Depois
veio a tragédia: “Em 2008 no distrito de Kandhamal, no estado de Orissa,
presenciamos o segundo maior pogrom contra os cristãos. Teve início
em 25 de agosto de 2008 e continuou por várias semanas, conduzido por bandos de
extremistas, com a cumplicidade do Estado. O número de mortos poderia ter sido
alto como o de 300 anos atrás, mas a salvação foi oferecida pela densa floresta
que circundava vilarejos e casas”.
Mais
de 60 mil crianças, homens e mulheres, idosos, jovens, recém-nascidos e
mulheres grávidas fugiram para a floresta. Mais tarde, a metade destes passou
um ano nos campos de refugiados criados pelo governo.
Assassinado
também sacerdote dalit da arquidiocese local
Foi
feita uma limpeza de cristãos em mais de 400 vilarejos, 6 mil casas foram
destruídas junto com mais de 300 igrejas e cada instituto social construído por
ordens religiosas e irmãs. 120 pessoas foram assassinadas, entre as quais Pe.
Bernard Digal, sacerdote dalit e tesoureiro da Arquidiocese de
Cuttack-Bhubaneswar, cuja circunscrição inclui o distrito de Kandhamal.
Opção
pelo martírio a renunciar a própria fé
“Muitos
outros pastores e pregadores leigos cristãos perderam a vida, assassinados a
golpes de espada, facão ou queimados: preferiam enfrentar corajosamente a morte
a renunciar a própria fé. Muitas mulheres foram violentadas, entre as quais uma
irmã religiosa.”
Passados
dez anos, prevalece a impunidade
“Dez
anos depois a maior parte dos assassinos está livre.” Foram necessários anos de
processos tendo que chegar à Corte Suprema da Índia (STF) para se obter um
ressarcimento e para reconstruir suas casas. “Mas reconstruir vidas é uma
questão diferente. Os estudantes tiveram que interromper seus estudos. As
crianças sofrem traumas. As famílias foram destruídas e hoje não têm meios de
subsistência.”
Farol
espiritual para a comunidade de fiéis indianos
Mártires
da Fé
Processo
iniciado formalmente na Igreja local
O
arcebispo de Cuttack-Bhubaneswar deu formalmente início ao processo. Rezamos a
Deus e pedimos ao Papa Francisco que o processo seja acelerado. “Isso renovará
a fé de cada um de nós”, conclui-se o texto.
Fonte: Fides
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