"É uma tentação comum, esta, de
reduzir a religião à prática das leis, projetando em nosso relacionamento com
Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões: os servos devem
executar as tarefas que o patrão designou, para ter a sua benevolência", disse
o Papa em sua alocução.
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Resistir à tentação de “reduzir a religião somente à prática das
leis, projetando em nossa relação com Deus a imagem da relação entre os servos
e seus patrões”.
No Angelus deste XVIII Domingo do Tempo Comum, falando aos
milhares de fiéis e turistas presentes na Praça São Pedro a uma temperatura de
30ºC, o Papa exortou a “cultivar nossa relação” com Jesus, “fortalecer nossa fé
n’Ele, que é o "pão da vida".
Inspirado no Evangelho de João proposto pela liturgia deste
domingo, o Papa recorda que “a Jesus não basta que as pessoas o procurem, ele
quer que as pessoas o conheçam; quer que a busca por Ele e o encontro com Ele
ultrapasse a satisfação imediata das necessidades materiais”:
“Jesus veio para nos trazer algo mais, a abrir a nossa
existência a um horizonte mais amplo em relação às preocupações cotidianas do
alimentar-se, vestir-se, da carreira e assim por diante. Por isso, voltando-se
a multidão, exclama: «Me buscais não porque vistes sinais, mas porque comestes
daqueles pães e vos saciastes»”.
Desta forma, “estimula as pessoas a darem um passo em
frente, a interrogarem-se sobre o significado do milagre e não apenas para
tirar proveito dele”.
O milagre da multiplicação
dos pães e dos peixes – explicou Francisco – “é sinal do grande dom que o Pai
deu à humanidade, que é o próprio Jesus!”:
“Ele, verdadeiro "pão da
vida", quer saciar não apenas os corpos, mas também as almas, dando o
alimento espiritual que pode satisfazer a fome mais profunda. Por isso convida
a multidão a procurar não a comida que não dura, mas aquela que permanece para
a vida eterna. Trata-se de um alimento que Jesus nos dá todos os dias: sua
Palavra, seu Corpo, seu Sangue”.
Também nós – como a multidão
na época – ouvimos o convite de Jesus, mas não entendemos seu significado. As
pessoas pensam que Jesus pede a elas “para observarem os preceitos para obter
outros milagres, como a multiplicação dos pães”:
“É uma tentação comum, esta, de
reduzir a religião somente à prática das leis, projetando em nossa relação com
Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões: os servos devem
executar as tarefas que o patrão determinou, para ter a sua benevolência. Isto
o sabemos todos”.
À multidão que quer saber de
Jesus que ações deve fazer para agradar a Deus, Jesus dá uma resposta
inesperada: "A obra de Deus é que vocês acreditem naquele que ele
enviou":
“Essas palavras são dirigidas
também a nós hoje: a obra de Deus não consiste tanto no
"fazer" coisas, mas em "crer" n’Aquele que Ele enviou.
Isto significa que a fé em Jesus nos permite realizar as obras de Deus. Se nos
deixarmos envolver nesta relação de amor e confiança com Jesus, poderemos fazer
boas obras que perfumam de Evangelho, pelo bem e às necessidades dos irmãos”.
E se é importante
preocupar-nos com o pão – disse o Papa – mais importante ainda “é cultivar
nossa relação com Ele, fortalecer nossa fé n’Ele, que é o "pão da
vida", vindo para saciar a nossa fome de verdade, a nossa fome de justiça,
a nossa fome de amor”.
“Que a Virgem Maria – disse
ao concluir - no dia em que recordamos a dedicação da Basílica de Santa
Maria Maior – a Salus
populi romani - em Roma, nos sustente em nosso caminho de fé e
nos ajude a nos abandonarmos com alegria ao plano de Deus para nossas
vidas".
Fonte: Vatican News
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