“A
nossa vida está ligada aquele território. Se sairmos de lá vamos para a cidade
fazer o que? É deste território que tiramos o sustento de nossa comunidade”.
Este foi um dos trechos da fala do líder indígena Laércio Akroá-Gamela, do povo
Gamela de Viana (MA) presente à Coletiva de Imprensa, realizada na sede da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil na tarde deste 27 de setembro, pelo
Conselho Indigenista Missionário (Cimi) para lançamento do relatório “Violência
contra os Povos Indígenas no Brasil – Dados 2017”.
O
relatório, publicado anualmente pelo Cimi, constatou um aumento no número de
casos em 14 dos 19 tipos de violência sistematizados. Em três tipos de
violência foram registrados a mesma quantidade de casos que 2016. As
informações sistematizadas evidenciam que continua dramática a quantidade de
registros de suicídio (128 casos), assassinato (110 casos), mortalidade na
infância (702 casos) e das violações relacionadas à terra tradicional e à
proteção delas.
O
massacre contra o povo Akroá-Gamella, em 30 de abril de 2017, que resultou no
ferimento de 22 Gamellas, com tiros e facões, mereceu destaque no relatório que
registrou, ano passado, 110 casos de assassinatos de indígenas. Segundo o
relatório, os três estados que tiveram o maior número de assassinatos
registrados foram Roraima (33), Amazonas (28) e Mato Grosso do Sul (17). A
apropriação de terras indígenas é o principal vetor de violência contra os
povos indígenas, aponta o relatório.
Na
coletiva de imprensa, o presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi),
dom Roque Paloschi, fez referência aos 30 anos da Constituição de 88 onde foram
consagrados os direitos indígenas que, em sua avaliação, estão sendo
sistematicamente negados.
No
governo Michel Temer, na avaliação do coordenador do Cimi do Regional Sul,
Roberto Liebgott, há em curso uma anti-política indígena. “Todas as ações de
fiscalização e proteção nas áreas indígenas foram desmontadas. Assim, como toda
política de assistência social aos indígenas. Em 2017, também não houve nenhuma
demarcação”, denunciou. O parecer 001, de 2007, da Advocacia Geral da União
(AGU), segundo ele, inviabiliza qualquer processo de demarcação de terras
indígenas no Brasil.
Uma
outra publicação lançada pelo Cimi na coletiva de imprensa foi “Congresso
Anti-Indígena – Os parlamentares que mais atuam contra os direitos indígenas no
Congresso Nacional”. A publicação acompanha a atuação de 50 parlamentares,
sendo 10 senadores e 40 deputados federais que atuam contra os direitos dos
povos indígenas. A publicação também demonstra quem são os doadores de campanha
por trás destes parlamentares além de fazer uma radiografia de 33 propostas
anti-indígenas que circulam no Congresso Nacional.
Fonte: cnbb.net.br
Esse é o governo do desmonte dos direitos conquistados. A grande maioria do povo brasileiro está sentindo na pele essa omissão para com os direitos conquistados e mais ainda a sua retirada.
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