domingo, 2 de setembro de 2018
EDITORIAL: O GRANDE VALOR DO “OURO AZUL”
Comemorou-se neste
sábado, 1º de setembro o 4º Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação,
instituído pelo Papa Francisco em 2015.
Silvonei José - Cidade do Vaticano
Na última quarta-feira o Papa
Francisco recordou que neste sábado celebra-se o quarto Dia Mundial
de Oração pelo cuidado da criação, "que - disse ele no final da audiência
geral - celebramos em união com os irmãos e irmãs ortodoxos e com a adesão de
outras Igrejas e comunidades cristãs ".
Na Mensagem deste ano, acrescentou,
"gostaria de chamar a atenção para a questão da água, um bem primário a
ser protegido e disponibilizado a todos. Sou grato – disse ainda - pelas várias
iniciativas que em vários lugares as Igrejas particulares, os Institutos de
vida consagrada e as agregações eclesiais prepararam. Convido todos a unirem-se
na oração pela nossa casa comum, pelo cuidado da nossa casa comum".
Ouça o Editorial
A proteção do que hoje é chamado de
"ouro azul" está no centro da preocupação do Papa há algum tempo. Ao
Workshop sobre a Água, organizado pela Pontifícia Academia das Ciências, em 24
de fevereiro de 2017, Francisco dizia: "Eu me pergunto se, em meio a essa
'terceira guerra mundial em pedaços' que estamos vivendo, não estamos indo em
direção à grande guerra mundial pela água".
O direito de ter acesso a água
potável e segura
O Papa enfatizava fortemente que
"toda pessoa tem o direito de ter acesso a água potável e segura": de
fato, trata-se de "um direito humano essencial e uma das questões cruciais
do mundo atual". De um direito, mas também um dever de protegê-la.
Francisco então pediu o compromisso dos Estados para garantir o acesso à água
potável, lembrando a dramática cifra: mil crianças morrem todos os dias devido
a doenças relacionadas à água.
Durante uma catequese na habitual
audiência geral, ele já havia reiterado a importância da água que "nos dá
vida" e que, porém, frequentemente é poluída. Assim, se corrompe a
criação, porque o orgulho humano, explorando a criação, destrói. São Francisco
de Assis chama a água de "irmã", recordava o Papa em uma mensagem
dirigida ao encontro internacional sobre a água e o clima, organizado em
outubro do ano passado em Roma.
“ O desejo de Francisco:
encontrar maneiras de preservar esse bem precioso para o futuro da humanidade.
”
A demanda excede a oferta disponível
Não devemos esquecer que o Papa
Francisco dedicou uma parte específica da Encíclica “Laudato si” à água. De
fato, a água potável e limpa representa uma questão de importância primordial
para a vida e os ecossistemas, e o problema é que, em muitos lugares,
atualmente, a demanda excede a oferta disponível. O problema está acima de tudo
na África e mais geralmente nas camadas pobres das populações, entre as quais
se espalham doenças relacionadas à água.
Depois, há a questão da poluição das
águas subterrâneas e a tendência em alguns lugares de privatizar esse recurso,
transformando-o em uma mercadoria quando, na realidade, o acesso à água potável
é um direito humano essencial.
Há também a questão do desperdício
de água. São fortes as palavras do Papa que destaca como alguns estudos
sinalizem para o risco de sofrer, em poucas décadas, uma aguda falta de água:
"os impactos ambientais poderiam atingir bilhões de pessoas". Por sua
vez, "é previsível que o controle da água por parte de grandes empresas
mundiais se transforme em uma das principais fontes de conflito deste
século".
Alterações climáticas dizem respeito
à água
Sobre o tema da água é necessário um
grande trabalho de consciencialização pública, que muitas vezes é totalmente
ignorado. Conscientizar não apenas sobre as questões que dizem respeito à nossa
casa, à nossa cidade, ao nosso país, mas, de modo mais geral, sobre tudo que
está relacionado à exploração e acesso à água no mundo. Não podemos esquecer
que as consequências mais graves e devastadoras das alterações climáticas dizem
respeito à água, em termos de disponibilidade quantitativa e qualitativa.
A água é um bem que se tornará cada
vez mais raro, seja pelas mudanças climáticas, seja pelo aumento da demanda. É
fácil imaginar que em todos os lugares do mundo, a água se tornou se tornará o
motivo principal de interesses e conflitos. É legítimo se perguntar: se foram
feitas guerras pelo petróleo, o que será feito então por um recurso tão vital
como a água que está se tornando cada vez mais escassa nos dias de hoje?
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