segunda-feira, 1 de outubro de 2018
A TEOLOGIA DO ABRAÇO
Você sabe qual é
o significado do abraço no contexto bíblico?
Já
parou para pensar que dificilmente uma pessoa te abraça? Há quem se contente
com um “tudo bem?”, outros com um “oi” e não passa disso. Já pensou se com
todas as pessoas que encontrássemos tivéssemos a bondade de cumprimentá-la com
um abraço ou, se preferir, um amasso?
No
contexto bíblico, o abraço significa misericórdia. Vale recordar aqui o abraço
do Pai no filho pródigo. As mazelas, as decepções, os pecados, a arrogância, a
precariedade, a soberba, se dissolveran no abraço do Pai misericordioso.
Não
tenho dúvida de que aquele sujeito sem nome (pode ser eu ou você) que pegou a
parte da herança e partiu para o mundo contemplou a verdade interpretada por
Martha Medeiros: “Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se
dissolve”. O abraço esmagante do Pai devolveu ao filho desgraçado o dom da
vida, da eternidade.
O abraço,
segundo alguns especialistas, faz bem para a saúde psíquica e física. Ele tem o
poder de aumentar os níveis de uma substância chamada oxitocina, que tem a
particularidade de reduzir os estados de stress e ansiedade, aumentando a
felicidade e o bem estar das pessoas. Pessoas com um nível elevado de oxitocina
têm a probabilidade de desenvolverem um comportamento maior de ligação entre as
pessoas. Você sabia disto?
Mário
Quintana faz questão de aludir o abraço a um laço. Diz ele: “Meu Deus! Como é
engraçado! Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço… uma fita dando
voltas. Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está
dado o laço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de
braço”.
Penso
que, nos tempos hodiernos, nossos casais precisam se abraçar. Precisam encostar
um coração no outro (Rita Apoena). Já imaginou acalmar os corações atribulados
por uma discussão, encostando um coração no outro? Corações atribulados se
entendem e se acalmam no compasso da vida, que se renova dentro de um abraço.
Certa
vez, havia um casal de idade mediana nas dependências de uma Praça. Eles viram
quando ali estava uma menina, baixinha, com cabelos de fios dourados, muito
pacífica. Passavam-se minutos e minutos, e ela ali persistia. Quando menos
esperavam, salta de um ônibus um menino com trajes de viajante, mochilas nas
costas, e apressadamente se direciona até a menina. Em fração de segundos, um
atracou o outro num abraço, e os dois ficaram por um bom tempo sem trocar
palavras. Certamente fazia muito tempo que o casal de namorados não se
encontrava.
O
normal seria que eles trocassem belas saudações, nobres palavras, ricas frases.
Mas eles optaram pelo abraço. Pois o abraço permitia que eles se sentissem.
Quando vemos uma sociedade (famílias, grupos, religiões) machucada, triste, sem
rumo, sem esperança, nós podemos dizer que estamos vendo (e vivenciando) uma
sociedade que perdeu a capacidade de se sentir. O poeta português Fernando
Pessoa já dizia: “quem sente muito, cala; quem quer dizer quanto sente, fica
sem alma nem fala, fica só, inteiramente”!
Já
Drummond se atreve dizer que “se você sabe explicar o que sente, não ama, pois
o amor foge de todas as explicações possíveis”.
Traduzindo:
amar não é teoria, é sentir. Abraçar é amar. Abraçar é discursar sem
palavras. Abraçar é poder entrar no outro sem pisar no seu terreno. Abraçar é
ser mais gente. Abraçar é uma forma de teologar… pois até Deus quis morar no
abraço!
Por Vinícius
Figueira e Fernanda Venturim Vantil, via A12
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