DOM BRUNO FORTE: SÍNODO INAUGURA NOVO ESTILO DE IGREJA SINODAL E À ESCUTA
Ao centro o arcebispo e renomado teólogo Dom Bruno Forte.
O Papa Francisco fez de modo que
todos tivessem a possibilidade de contribuir, pronunciando-se com a máxima
liberdade. A começar pelos jovens que estavam presentes como auditores e que
deram uma contribuição fundamental”, disse o arcebispo e renomado teólogo
italiano Bruno Forte.
Cidade do Vaticano
“Em primeiro lugar,
quero ressaltar a força do evento, o significado que teve para nossa Fé e para
a Igreja inteira”: afirmou ao Vatican News o arcebispo
italiano de Chieti-Vasto e renomado teólogo, Dom Bruno Forte, ao retornar à sua
arquidiocese após ter passado um mês em Roma participando da XV Assembleia
geral ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada aos jovens com o tema “Os
jovens, a fé e o discernimento vocacional”, durante a qual trabalhou também na
Comissão para o Documento final.
“Foi um verdadeiro
evento de Graça – explicou –, um evento sinodal, como propriamente deveria ser
definido. Ou seja, um evento em que se caminhou juntos ‘cum Petro e sub Petro’:
com a guia de Pedro, sob ele e com ele.”
“Nós percebemos
propriamente isso e o Papa Francisco fez de modo que todos tivessem a
possibilidade de contribuir, pronunciando-se com a máxima liberdade. A começar
pelos jovens que estavam presentes como auditores e que deram uma contribuição
fundamental”, contou o teólogo.
“Justamente por isso,
parece-me que surja realmente o rosto de uma Igreja ‘à escuta’, a começar pelo
Santo Padre que se colocou à escuta de todos. Mas consideramos também estes 270
bispos, representando todos os continentes, que ouviram, se deixaram estimular,
de certo modo também provocar e conduzir pelos jovens do mundo inteiro que
tinham sido convidados”, acrescentou.
“Pois bem, estes
pastores são o sinal de uma Igreja que se colocou à escuta junto com o Sucessor
de Pedro, uma Igreja que reconhece que nos ‘sinais dos tempos’, também nestes
jovens que são em muitos aspectos o presente e o futuro do mundo, o Espírito
Santo está falando.”
Uma Igreja da alegria
“Outro aspecto que me
impressionou particularmente é que vivemos a experiência de uma Igreja da
alegria. Aquilo que se viu dessa reflexão e discussão com os jovens e que traz
em si uma força de futuro, esperança e alegria, apesar de tudo, está
profundamente sintonizado com a alegria que Cristo dá ao coração e à Igreja”,
frisou ainda o arcebispo-teólogo.
Trata-se, portanto,
“não somente de um Sínodo como os outros, mas um Sínodo totalmente único em que
a juventude da Igreja se manifestou como sinal de esperança para o mundo”,
evidenciou.
“E também o Documento
final, com sua articulada complexidade, registrou os vários aspectos que a
realidade dos jovens no mundo apresenta e inclusive os desafios, os apelos que
lança à Igreja e os compromissos que todos somos chamados a viver como
batizados a fim de que essa Igreja seja obediente em relação aos sinais que o
Espírito Santo nos está dando.”
Para além do Sínodo, a
aposta na ‘sinodalidade’
“Ademais, é preciso
ressaltar que este foi o primeiro Sínodo a realizar-se segundo as normativas da
Constituição apostólica ‘Episcopalis communio’, disse o prelado. “A diretriz a
ser seguida não é somente o procedimento de um Sínodo em que a Igreja se reúne
por algumas ocasiões, mas de uma inteira Igreja sinodal em que, sob a guia dos
Pastores, todos têm direito de palavra, todos podem ser ouvidos e juntos, no
discernimento dos pastores, se pode construir o futuro que Cristo pede a sua
Igreja.”
“Creio que a
‘sinodalidade’ constitui a grande aposta na qual também o Papa Francisco está
guiando a Igreja, acrescentou. “E a sinodalidade não tolhe em nada a autoridade
do Bispo de Roma e dos bispos que estão em comunhão com ele. Aliás, enriquece
esta com a contribuição de todos, porque onde há sinodalidade é preciso
discernimento e guia: essa é a responsabilidade do Sucessor de Pedro na Igreja
universal e de todo bispo na Igreja local a ele confiada.”
Para além do Documento
final, um novo estilo
“Ao término dos
trabalhos do Sínodo o Papa recordou que seu resultado não pode limitar-se a um
documento e que o Documento final, redigido e aprovado pelo Sínodo, agora é
confiado pelo Espírito aos mesmos padres sinodais a fim de que seja trabalhado
em seus corações”, afirmou Dom Forte.
“Na prática, o Papa
nos disse que os verdadeiros destinatários deste documento somos nós. Francisco
quis dizer-nos que estas não são palavras escritas. São palavras de vida que
devem arder em nosso coração, e devem mudar nosso coração e o coração da Igreja
para mudar o coração da humanidade.”
“O Santo Padre não se
contenta com um texto escrito, mesmo porque se sabe que já produzimos muitos,
mais ou menos eficazes ou assimilados”, explicou o teólogo. “O que o Papa tem a
peito é um processo a ser ativado, um caminho a ser vivido. E me parece que
esse é o grande mandato que esse Sínodo dá a toda a Igreja.”
“Não se tratou de um
Sínodo setorial que disse respeito a um aspecto particular da pastoral da
Igreja. Tratou-se de um Sínodo que lançou um novo estilo de Igreja à escuta,
uma Igreja sinodal em caminho com todos, começando com os jovens.”
Igreja em saída sem
medo do futuro
“Ainda, uma Igreja que
vive a comunhão sob os pastores, começando com a comunhão com o Sucessor de
Pedro, e vivendo-a neste modo intenso a enriquece com a contribuição de todos.”
“Eis, portanto, um
caminho que teve início e que deverá continuar se abrindo às surpresas de Deus.
O Papa Francisco não tem medo do futuro, não tem medo de uma Igreja em saída e
gostaria de contagiar – essa foi a sensação que tive – todos nós com esta
atitude de profunda confiança e esperança, de entrega ao sopro do Espírito
Santo, que mediante as palavras do Documento final nos fala, mas certamente nos
pede para ir além e vivê-las: ser suas alegres testemunhas para o futuro da
Igreja e do mundo”, concluiu Dom Forte.
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