terça-feira, 16 de outubro de 2018
PAPA: TER CUIDADO COM CRISTÃOS QUE SE APRESENTAM COMO "PERFEITOS" E RÍGIDOS
"A
salvação é um dom do Senhor", Ele nos dá "o espírito da
liberdade", disse o Papa na manhã desta terça-feira em sua homilia na
Missa na Casa Santa Marta. Francisco recomenda para guardar-se dos hipócritas,
cujo coração não está aberto à graça.
Adriana Masotti –
Cidade do Vaticano
“A salvação é um dom do Senhor”, Ele nos dá “o espírito da
liberdade”, disse o Papa na missa celebrada na manhã desta terça-feira na
Capela da Casa Santa Marta.
Francisco comenta a passagem do Evangelho de Lucas, que narra o
episódio em que Jesus dá uma dura resposta ao fariseu que fica admirado com o
fato de que Jesus põe-se à mesa sem ter lavado as mãos antes da refeição, como
prescrito pela Lei.
O Papa enfatiza a diferença existente entre o amor do povo por
Jesus – porque chega aos seus corações, e também um pouco por interesse – e o
ódio dos doutores da Lei, Escribas, Saduceus, Fariseus que o seguiam para
pegá-lo em alguma falta. Eram os “puros”:
“Eram realmente um
exemplo de formalidade. Mas faltava vida a eles. Eram, por assim dizer -
“engomados”. Eram os rígidos. E Jesus conhecia a alma deles. Isto nos
escandaliza, porque eles se escandalizavam das coisas que Jesus fazia quando
perdoava os pecados, quando curava no sábado. Rasgavam as suas vestes: “Oh! Que
escândalo! Isto não é de Deus, porque se deve fazer assim”. Eles não se
importavam com as pessoas: importava a Lei, as prescrições, os preceitos”.
Mas Jesus aceita o convite do fariseu para o almoço, porque é
livre, e vai ter com ele. Ao fariseu, escandalizado pelo seu comportamento,
Jesus diz: “'Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso
interior está cheio de roubos e maldades”:
“Não
são palavras bonitas, hein! Jesus falava claro, não era hipócrita. Falava
claro. E disse a ele: “Mas por que você olha para o exterior? Olha o que tem
dentro”. Outra vez havia dito a eles: “Vocês são sepulcros caiados”. Belo
elogio, hein! Belos por fora, todos perfeitos...todos perfeitos... Mas dentro
cheios de podridões, ou seja, roubos e maldades, diz. Jesus faz a distinção
entre a aparência e a realidade interior. Estes senhores são “os doutores das
aparências”: sempre perfeitos, mas dentro, o que há?”.
Francisco recorda outras passagens do Evangelho em que Jesus
condena estas pessoas, como a parábola do Bom Samaritano ou onde fala de seu
modo de jejuar e dar esmolas com ostentação.
Porque – afirma o Papa – a eles o que importava era “a
aparência”. “Jesus qualifica estas pessoas com uma palavra: ‘hipócrita!’”.
Pessoas com uma alma gananciosa, capazes de matar. “E capazes de pagar para
matar ou caluniar, como se faz hoje. Também hoje se faz assim: se paga para dar
más notícias, notícias que sujam os outros”.
Em uma palavra – continua Francisco – eram pessoas “rígidas”,
que não estavam dispostas a mudar. “Mas sempre, por trás de uma rigidez,
existem problemas, problemas graves - observa. Por trás das aparências de bom
cristão - aparências, hein!, que sempre procura aparecer, de maquiar a alma -
existem problemas. Ali não está Jesus. Ali está o espírito do mundo”.
Jesus os chama de “insensatos”, aconselhando-os a abrirem sua
alma ao amor para que a graça entre. Porque a salvação “é um dom gratuito de
Deus. Ninguém salva a si mesmo, ninguém. Ninguém salva a si mesmo, nem com as
práticas destas pessoas”:
“Tenham
cuidado com os rígidos. Tenham cuidado com os cristãos – sejam eles leigos,
padres, bispos – que se apresentam como “perfeitos”, rígidos. Tenham cuidado.
Não há o Espírito de Deus ali. Falta o espírito da liberdade. E tenhamos
cuidado com nós mesmos, porque isso deve nos levar a pensar em nossa vida. Eu
procuro olhar somente para as aparências? E não mudo o coração? Não abro o meu
coração à oração, à liberdade da oração, à liberdade da esmola, à liberdade das
obras de misericórdia?”
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