sábado, 10 de novembro de 2018
FACULDADE DOS JESUÍTAS EMITE NOTA SOBRE MOMENTO NACIONAL
A
Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje), com sede em de Belo Horizonte
(MG), emitiu nesta quinta-feira, 8 de novembro, nota sobre o momento nacional.
Leia a
Nota:
O
Papa Francisco não se cansa de repetir que “a política é uma das formas mais
elevadas da caridade”. E acrescenta sempre que envolver-se na política é uma
obrigação para todo cristão. Essas frases podem parecer ingênuas para alguns e
românticas para outros. Mas, na verdade, o Papa quer resgatar a ideia clássica
de que a política é o lugar da busca do bem comum. E o bem comum, fonte de vida
para todos, deve ser buscado construindo pontes e discernindo caminhos.
Foi
inspirada pelas ideias do Papa Francisco, que a Faculdade Jesuíta vivenciou
todo o processo eleitoral deste ano. Primeiramente, incentivando alunos,
professores e funcionários a debaterem, investigarem e dialogarem acerca da
atual situação sócio-política do Brasil. Depois, apoiando e divulgando a carta
“Bem-aventurados os que promovem a paz”, da Arquidiocese de Belo Horizonte,
onde são apresentados dez princípios para ajudar na hora da escolha dos
candidatos. E, finalmente, agora, depois das eleições, voltando a assumir seu
papel crítico de formar homens e mulheres para os outros, com um olhar atento à
vida política de nosso país, buscando construir pontes e discernir caminhos.
Construir
pontes não é fácil. Para isso é preciso superar preconceitos, fantasias e
caminhar abertamente em direção ao outro. Outro que é diferente, que tem outras
ideias e que escolhe outros caminhos. Mas que é meu irmão, minha irmã! A
construção de pontes se faz através de uma atitude de reconhecimento e de
consenso, superando medos e projeções, que muitas vezes são frutos de uma longa
história. Faz-se também caminhando convictamente na direção do outro, sabendo
que, quando isso não acontece, no lugar de pontes construímos muros e nos
isolamos. Este não é um caminho político e só pode gerar mais violência, ódio e
mortes, como infelizmente vimos nos últimos meses no Brasil.
O
processo eleitoral deste ano deu origem a mentiras, ódio, violência, fake news
e morte. Irmão contra irmão! Não está aí o caminho da fraternidade e da
justiça, tão importantes na construção de um povo, de uma nação. A fraternidade
e a justiça, necessárias hoje mais do que nunca, acontecem quando pontes são
construídas, mãos são dadas, ideais são partilhados. Esta é a forma de política
que propõe o Papa Francisco e que devemos buscar, na atual conjuntura política
do Brasil, com muito diálogo, transparência e atenção. Mas também como uma
vigilância crítica e respeitosa das instituições, lembrando que “É dever do
Estado priorizar o bem-estar dos mais vulneráveis, como os povos indígenas,
quilombolas, populações ribeirinhas, crianças e idosos abandonados, pessoas com
deficiência, imigrantes, desempregados e todos os que vivem na extrema pobreza.
A pessoa humana é fundamento e fim da política” (CONCÍLIO VATICANO II, Gaudium
es spes, n.25)
Discernir
caminhos é urgente! Vivemos nestas eleições tempos difíceis, de radicalismo,
polarizações, isolamentos, violência e incertezas. Urge agora olhar todos esses
eventos e discernir. O discernimento, nos ensina a tradição jesuítica, é
escolher entre dois bens o melhor, o que mais nos realiza, mais nos humaniza.
Muitas das situações vividas nestas eleições são de morte e não de vida. Agora
é hora de separá-las e jogá-las fora. Separar o joio do trigo. Por isso, o
discernimento exige equilíbrio, paciência e atenção. É colocarmo-nos no caminho
do bem comum e não dos interesses individuais que tanto mal fazem ao povo
brasileiro. O bem comum, discernido nas situações concretas da vida, é nosso
guia, nossa bússola.
O
Brasil precisa do discernimento de cada um de nós, desde as pequenas situações
da vida cotidiana como pagar uma conta, cuidar de um bem público, reivindicar
direitos, até situações mais complexas como eleger representantes,
acompanhá-los em suas decisões e pensar de forma abrangente os problemas
sociais que temos, buscando soluções criativas e factíveis. Todos nós somos
políticos, não apenas nossos representantes eleitos. Todos nós somos políticos
e temos a missão de cuidar, criticar e propor caminhos de realização do bem
comum, vale dizer, de democracia, de direitos humanos, de direitos sociais e
dos trabalhadores, de defesa e promoção das minorias, de combate a todas as
formas de discriminação, de promoção da paz e da justiça social, de liberdade
religiosa, em suma, caminhos de vida para nosso país, nossa cidade, nossa
Igreja, nossas comunidades, nossos grupos, nossa rua e nossa casa.
Portanto,
o caminho é o de combater a cultura da violência com a tolerância, o
reconhecimento, o diálogo, o consenso, a paz e a justiça. É exigir,
democraticamente, que o governo seja um governo de todos, a favor da vida e não
da morte, da justiça e não da vingança.
FACULDADE
JESUÍTA DE FILOSOFIA E TEOLOGIA
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