Atingidos
pelo rompimento da barragem de rejeitos da Samarco, em Mariana (MG), denunciam
violações de direitos e reivindicam a garantia de reparação justa e integral
aos danos causados para comunidades e famílias da Bacia do Rio Doce.
Cidade do Vaticano
Teve início nesta quinta-feira (01/11) uma agenda de iniciativas
para assinalar a memória dos três anos do mais grave desastre socioambiental já
ocorrido no Brasil.
As pessoas e comunidades atingidas pela lama de rejeitos que
varreu a Bacia do Rio Doce, nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, após
o rompimento da Barragem de Fundão, continuam vivendo o drama da luta pela
conquista de direitos, pela saúde das populações envolvidas e pela cura do rio.
Londres
A voz das famílias e comunidades atingidas será ouvida em
Londres. Uma comissão representando os atingidos de toda a Bacia do Rio Doce
faz esta viagem internacional para entregar em mãos para parlamentares, organizações
da sociedade civil e imprensa, uma Carta de
Reivindicações. A Carta pede reparação justa e integral, como
explica Ana Paula Alves, assessora técnica da Cáritas Brasileira que vai
acompanhar os atingidos nesta viagem internacional.
De acordo com Ana Paula Alves, neste período de três anos a Samarco e as mineradoras acionistas do empreendimento trabalharam para recuperar seus patrimônios e quase nada fizeram para estabelecer a reparação integral aos danos causados para comunidades e família
Apesar de ter sido criado em 2016 para atuar na identificação e
indenização dos atingidos, coordenar medidas relacionadas à recuperação de
terra e água, como, por exemplo, o manejo de rejeitos, e também ações gerais de
reconstrução e infraestrutura, a atuação da Fundação Renova tem se mostrado
ineficiente e pouco comprometida com a reparação integral dos danos causados
aos atingidos.
“Nossa reivindicação é pela mudança de postura da Fundação
Renova. Consideramos que o modo atual da Renova de se comunicar, como se fosse
uma empresa com responsabilidade social, ultrapassou, há muito, esse limite
ético. Estamos em estado de sofrimento, grande parte dele causado justamente
pelos erros da Fundação, pela insuficiência de seu trabalho em relação às
nossas demandas e por seu compromisso com as mineradoras. Não podemos suportar
essas ações de propaganda, cujo objetivo é sanear a imagem das empresas e
capitalizar, simbolicamente, a partir da construção de uma reputação mentirosa
à Fundação”, diz um trecho da Carta de Reivindicações.
Pé de lama
Depois de três anos de espera, muitas pessoas continuam privadas
das ações de reparação por não terem suas atividades econômicas reconhecidas,
este é o caso das mulheres pescadoras e marisqueiras que trabalham na
informalidade e dos povos tradicionais e indígenas que perderam a condição de
trabalho e o alimento, porque no sagrado Rio Doce, as águas e os peixes estão
contaminados. Nas escolas e nas ruas, crianças atingidas são chamadas de “pé de
lama”. Idosos sofrem de depressão, afastados do modo de vida que conheceram
desde sempre. Comunidades estão fragmentadas.
As denúncias contidas na Carta de Reivindicações foi apresentada
nesta quinta-feira (01/11), em coletiva de imprensa, no Sindicato dos Jornalistas
de Minas Gerais, em Belo Horizonte, e será apresentada em Londres para a
comunidade internacional.
Outra importante reivindicação presente na Carta diz respeito ao
compromisso e o respeito com a história das populações atingidas. “Nossa
reivindicação é que essas pessoas que vão dizer o quanto vale o que perdemos
conheçam o que a gente perdeu. Importante e lógico né? Pisar no território,
conversar com a gente, ouvir e ver nossa memória, entender nossa gente. Em
Mariana, com muita luta, estamos fazendo um registro bonito do quanto vale a
vida da gente [o Cadastro, conduzido pela Assessoria Técnica da Cáritas]. Este
levantamento deve ser referência para a Bacia, que, a partir das metodologias
desenvolvidas nos territórios, poderá transformar um trabalho difícil (a
sistematização das perdas e danos das vítimas para fins indenizatórios) em um
exercício necessário de construção de memória, de valorização cultural e
resgate de ancestralidade. Esse trabalho regenera o rio, regenera a gente, nos
dá futuro”, dizem os atingidos na Carta.
Jucelene Rocha, com informações da Rede de Comunicadores da
Cáritas Brasileira
Vatican News
É triste ver como os pobres e a natureza são tratados em nosso País: servem apenas para dar lucro.Depois são rapidamente descartados.
ResponderExcluirPe. Antônio Rodrigues