sábado, 17 de novembro de 2018
PAPA: MAIS ESPAÇO ÀS MULHERES NAS FUNÇÕES DE RESPONSABILIDADE DA IGREJA
Em seu discurso, Francisco dirigiu
seu pensamento “afetuoso e agradecido” a Bento XVI, sublinhando sua herança
cultural e espiritual.
Cidade do
Vaticano
O Papa Francisco
entregou o Prêmio Ratzinger 2018, neste sábado (17/11), na Sala Clementina, no
Vaticano, a duas personalidades: Marianne Schlosser, 59 anos, teóloga alemã,
docente de Teologia na Universidade de Viena, nomeada pelo Papa Francisco, em
2014, membro da Comissão Teológica Internacional, e a Mario Botta, 75
anos, arquiteto suíço de fama internacional que trabalhou na construção de
importantes edifícios de culto, na Itália e na França. É autor de uma das
Capelas expostas no Pavilhão da Santa Sé na atual Bienal de Arquitetura em
Veneza.
Ouça
o Papa Francisco na reportagem
Em seu discurso,
Francisco dirigiu seu pensamento “afetuoso e agradecido” a Bento XVI,
sublinhando sua herança cultural e espiritual:
Como admiradores
de sua herança cultural e espiritual, vocês receberam a missão de cultivá-la e
fazer com que continue frutificando, com aquele espírito fortemente eclesial
que caracteriza Joseph Ratzinger desde os tempos de sua profícua atividade
teológica juvenil, quando deu frutos preciosos no Concílio Vaticano II, e
depois nas sucessivas etapas de sua longa vida de serviço, como professor, arcebispo,
responsável de dicastério e Pastor da Igreja Universal. Encorajo-os a continuar
estudando os seus escritos, mas também a enfrentar os novos temas com os quais
a fé é chamada a dialogar, como os que foram evocados por vocês e que eu
considero muito atuais, desde o cuidado da Criação como Casa comum e a defesa
da dignidade da pessoa humana.
Marianne
Schlosser
Professora na
Universidade de Viena e profundamente convicta, como Bento XVI, da importância
da Teologia para comunicar a fé e tornar possível o diálogo entre o mundo
acadêmico e o mundo dos fiéis, Marianne Schlosser é a segunda mulher, depois da
biblista Anne-Marie Pelletier, a receber o Prêmio Ratzinger. A esse propósito
Francisco disse:
É muito
importante que seja reconhecida cada vez mais a contribuição feminina no campo
da pesquisa teológica científica e do ensino da Teologia, por muito tempo
considerados campos quase exclusivos do clero. É necessário que essa
contribuição seja incentivada e encontre mais espaço, coerentemente com o
aumento da presença feminina nos vários âmbitos de responsabilidade da Igreja,
em particular, e não somente no campo cultural.
Mario Botta
Desde o ano passado
que, além da Teologia, o Prêmio Ratzinger é atribuído ao campo das artes de
inspiração cristã. Nessa edição, foi premiado o arquiteto Mario Botta que em
sua longa carreira mostrou uma grande sensibilidade pela sacralidade do espaço,
como mostram as igrejas projetadas por ele:
Congratulo-me com
o arquiteto Mario Botta. Ao longo da história da Igreja, os edifícios sagrados
foram um chamado concreto a Deus e às dimensões do espírito onde quer que o
anúncio cristão tenha se espalhado pelo mundo. Eles expressaram a fé da
comunidade de fiéis (...). O compromisso do arquiteto criador de locais
sagrados na cidade dos homens é de grande valor, e deve ser reconhecido e
incentivado pela Igreja, em particular quando se corre o risco do esquecimento
da dimensão espiritual e da desumanização dos espaços urbanos.
Teologia, arte e
Espírito
Permanecendo ancorado
“ao nosso tempo” e voltando o olhar para a esperança sustentada pelo Espírito e
pelo compromisso dos homens, o Papa Francisco concluiu, citando um discurso de
Bento XVI em 2009:
Por ocasião de
sua visita a Bagnoregio, cidade de São Boaventura, Bento XVI se expressou
assim: «Uma bela imagem da esperança a encontramos num de seus sermões do
Advento, onde ele compara o movimento da esperança ao voo do pássaro, que abre
as asas da maneira mais ampla possível, e para movê-las emprega todas as suas
forças. Faz de si mesmo um movimento para subir e voar. Esperar é voar, diz
São Boaventura. Mas a esperança exige que todos os nossos membros se
movam e projetem-se em direção ao verdadeiro auge do nosso ser, em direção às
promessas de Deus. Quem espera, diz ele, "deve levantar a cabeça, voltando
para o alto os seus pensamentos, em direção à altura e de nossa existência, ou
seja, em direção a Deus"».
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