segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

ESPERANÇA: UM NUTRIENTE NECESSÁRIO

A esperança é impulso para os pés e alento para o olhar.

 (Reprodução/ Pixabay)


Resgatar a esperança nos dá condições de melhor lidarmos com o correr do tempo e com o fazer da vida.

É preciso ter esperança, para não sofrermos de anemia existencial. É a esperança que oxigena a vida. Sem ela, resta-nos a fraqueza e a debilidade: ficamos inertes, sem forças para o movimento necessário à vida e ao sentido da existência. Ceder à desesperança é abrir mão de assumir a própria vida, numa entrega de que as coisas aconteçam por si só. Não à-toa, a sabedoria popular afirma que a esperança é a última que morre. Isso porque ela é a força da resistência; é o caminho para a resiliência; é motivo para a justa insatisfação.

A ocasião do encerramento do ciclo anual, e o consequente início de outro, é momento de tematizar a esperança. Desejar bons votos às pessoas, mais que mera convenção social, pode revelar um profundo desejo de que, realmente, tais votos se façam concretude na vida de quem estimamos. No fundo, acreditamos que a vida pode ser boa, que podemos viver boas realizações, mesmo que as coisas não estejam indo bem ou não apontem para um futuro promissor. Eis a casa da esperança: esse crepitar que deseja que boas coisas aconteçam.

Vivemos tempos de incertezas e de muitas inseguranças. O mundo tem passado por constantes transformações e, muitas vezes, acabamos por nos deixar levar pelo fluxo dessas transformações, esquecendo-nos até mesmo de sonhar. Resgatar a esperança nos dá condições de melhor lidarmos com o correr do tempo e com o fazer da vida. Significa que podemos olhar para frente e, a cada passo, alargar ainda mais a mirada. A esperança é impulso para os pés e alento para o olhar. Na esperança, a possibilidade de constante ressignificação das experiências e de atribuir sentido e valor para a existência.

Perspectivas de esperança

No primeiro artigo de nosso Dom Especial, Esperança: uma virtude do amanhã, Daniel Couto propõe um olhar filosófico a respeito de nossa temática. É graças ao cristianismo, que compreende a esperança como uma virtude teologal, que a filosofia passou a se debruçar sobre essa importante dimensão da vida humana. Mas, já em Heráclito, que reflete a respeito da espera, somos levados a compreendê-la como possibilidade do encontro com o inesperado. Estar aberto para o vir-a-ser do mundo, que é constante, é permitir conhecer a si mesmo e ao mundo. No artigo, Daniel nos ajuda a compreender o porquê de a esperança ser uma virtude, e sua importância para a realização humana.

Refletindo a partir da teologia, Carlos Cunha tematiza a questão do Reino de Deus, anunciado e inaugurado por Jesus, como lugar teológico de anúncio e fortalecimento da esperança, no artigo: Teologia do Reino como serviço da esperança. No artigo, o autor aponta para a compreensão do Reino de Deus e seu lugar fundamental para a fé cristã, bem como do lugar que ocupa na teologia. É a partir dessa categoria teológica que os cristãos e cristãs são chamados a compreender e a bem-viver a realidade concreta, bem como esperar, operosamente, pelo futuro.

Por fim, Teófilo da Silva faz uma reflexão espiritual-existencial, no artigo Advento, escola de esperança, no qual reflete a respeito da conclusão próxima deste tempo litúrgico importante para a apropriação da esperança. A preparação para o Natal é uma boa ocasião para experimentar a esperança, que nos move a construir um futuro, no qual um mundo novo e bom seja possível.

*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.

Fonte: domtotal.com



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