A
esperança é impulso para os pés e alento para o olhar.
(Reprodução/ Pixabay)
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Resgatar
a esperança nos dá condições de melhor lidarmos com o correr do tempo e com o
fazer da vida.
É preciso ter esperança, para não sofrermos de anemia existencial.
É a esperança que oxigena a vida. Sem ela, resta-nos a fraqueza e a debilidade:
ficamos inertes, sem forças para o movimento necessário à vida e ao sentido da
existência. Ceder à desesperança é abrir mão de assumir a própria vida, numa
entrega de que as coisas aconteçam por si só. Não à-toa, a sabedoria popular
afirma que a esperança é a última que morre. Isso porque ela é a força da
resistência; é o caminho para a resiliência; é motivo para a justa
insatisfação.
A ocasião do encerramento do ciclo anual, e o consequente início
de outro, é momento de tematizar a esperança. Desejar bons votos às pessoas, mais
que mera convenção social, pode revelar um profundo desejo de que, realmente,
tais votos se façam concretude na vida de quem estimamos. No fundo, acreditamos
que a vida pode ser boa, que podemos viver boas realizações, mesmo que as
coisas não estejam indo bem ou não apontem para um futuro promissor. Eis a casa
da esperança: esse crepitar que deseja que boas coisas aconteçam.
Vivemos tempos de incertezas e de muitas inseguranças. O mundo tem
passado por constantes transformações e, muitas vezes, acabamos por nos deixar
levar pelo fluxo dessas transformações, esquecendo-nos até mesmo de sonhar.
Resgatar a esperança nos dá condições de melhor lidarmos com o correr do tempo
e com o fazer da vida. Significa que podemos olhar para frente e, a cada passo,
alargar ainda mais a mirada. A esperança é impulso para os pés e alento para o
olhar. Na esperança, a possibilidade de constante ressignificação das
experiências e de atribuir sentido e valor para a existência.
Perspectivas de esperança
No primeiro artigo de nosso Dom Especial, Esperança: uma virtude do amanhã, Daniel Couto propõe um
olhar filosófico a respeito de nossa temática. É graças ao cristianismo, que
compreende a esperança como uma virtude teologal, que a filosofia passou a se
debruçar sobre essa importante dimensão da vida humana. Mas, já em Heráclito,
que reflete a respeito da espera, somos levados a compreendê-la como
possibilidade do encontro com o inesperado. Estar aberto para o vir-a-ser do
mundo, que é constante, é permitir conhecer a si mesmo e ao mundo. No artigo,
Daniel nos ajuda a compreender o porquê de a esperança ser uma virtude, e sua
importância para a realização humana.
Refletindo a partir da teologia, Carlos Cunha tematiza a questão
do Reino de Deus, anunciado e inaugurado por Jesus, como lugar teológico de
anúncio e fortalecimento da esperança, no artigo: Teologia do Reino como serviço da esperança. No artigo, o autor
aponta para a compreensão do Reino de Deus e seu lugar fundamental para a fé
cristã, bem como do lugar que ocupa na teologia. É a partir dessa categoria
teológica que os cristãos e cristãs são chamados a compreender e a bem-viver a
realidade concreta, bem como esperar, operosamente, pelo futuro.
Por fim, Teófilo da Silva faz uma reflexão espiritual-existencial,
no artigo Advento, escola de esperança, no qual reflete a respeito da conclusão
próxima deste tempo litúrgico importante para a apropriação da esperança. A
preparação para o Natal é uma boa ocasião para experimentar a esperança, que
nos move a construir um futuro, no qual um mundo novo e bom seja possível.
*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de
Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015).
E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.
Fonte: domtotal.com
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