sábado, 26 de janeiro de 2019

ENCARAR O SOFRIMENTO À LUZ DO AMOR DE DEUS


A vida humana é repleta de percalços e, a cada amanhecer, se torna quase impossível prever os acontecimentos que se sucederão. Nesse caminho, o sofrimento pode surgir como um estranho que bate à porta, privando a pessoa daquilo que mais lhe é caro: segurança, paz, carinho, saúde, estabilidade. Essa provação – que pode ser física, mental ou espiritual – chega na vida de todos, mas cabe ao cristão ir além e compreender o mistério do amor de Deus escondido nas lágrimas, extrair o sentido de cada coisa vivida.

As Sagradas Escrituras trazem diversas histórias de dor que têm como vértice a vida de Jesus Cristo. Seu amor pelo homem sofredor transformou morte em vida, enfermidades em manifestação da Glória de Deus, escassez em abundância.

Jesus e o sofrimento
Desde os primeiros relatos dos Evangelhos sobre a vida de Jesus, contemplamos o sofrimento na privação de um local digno para seu nascimento, na sua pobreza ao longo de sua missão, atingindo o ápice em sua entrega na Cruz. Porém, Jesus se revela como aquele que abraça o sofrimento, aquém dos demais homens e mulheres, que possuem uma aversão natural ao que causa algum tipo de dor. Ele abraça, porque ama.

Ao passar pela vida do homem, Jesus deixa marcas de redenção e exemplo, mesmo para as situações mais obscuras. São João Paulo II atesta em sua carta Salvifici Doloris, acerca do sentido do sofrimento na vida cristã, que “o homem sofre de diversas maneiras, que nem sempre são consideradas pela medicina, nem sequer pelos seus ramos mais avançados”, e é essa dor que Jesus encontra.

A Igreja é chamada a continuar a missão de anunciar o Evangelho aos pobres, proclamar a libertação dos presos, curar os enfermos, libertar os cativos (Lc 3,18s). Os sacramentos são sinais visíveis desta obra de redenção, pois neles “age o próprio Cristo” (CIgC, n. 1127).

Como Jesus, estarmos atentos ao outro
As atitudes de acolhimento e compreensão da dor do próximo, na Bíblia, são as mais diversas, e servem de direção para qíue seja transformada as atitudes egoístas e isoladas:

Dar ouvidos aos marginalizados (Mt 20,29-34);
Acolher os pecadores (Jo 8,1-11);
Cuidar dos doentes e esquecidos (Lc 7,11-17);
Consolar os tristes (Jo 11,1-4);
Saciar os que sofrem com a fome (Mt 14,13-21).

Não são só atitudes externas, mas vão ao encontro do interior e mostram sincera humanidade e sincero amor evangélico.

A espiritualidade do sofrer

Luciano Manicardi, autor do livro O humano sofrer: evangelizar as palavras sobre o sofrimento, apresenta um itinerário sólido para vivenciar a dor e transcendê-la, e ser um canal de escuta para os silenciosos sofrimentos dos irmãos que – muitas vezes – se sentem incapazes de superar um momento difícil. Para o autor, a fidelidade ao Senhor passa por uma vida solidária à dor do próximo, no qual “não basta ver o sofredor: é preciso fazer-lhe espaço em nós”.

Mergulhar na Palavra de Deus e dela extrair a direção para os momentos de dor pode ser um verdadeiro caminho de fortalecimento e esperança para aqueles que sofrem. Em sua sabedoria inesgotável, a Palavra pode responder os questionamentos mais sofridos, e revelar, em cada dor, que o Senhor está cuidando de tudo (1Pd 5,7). 


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