Este ano, a Campanha da Fraternidade (CF) da Igreja no Brasil
vai tratar do tema: Fraternidade e Políticas Públicas inspirada pelo versículo
bíblico: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27). O objetivo
desta campanha é “estimular a participação em políticas públicas, à luz da
Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o
bem comum, sinais da fraternidade”.
O texto-base da CF, no tópico 8 do capítulo do “Ver” chama a
atenção para o fato de que falar de “Políticas Públicas” não é falar de
“política” ou de “eleições”, mas significa se referir a um conjunto de ações a
serem implementadas pelos gestores públicos, com vistas a promover o bem comum,
na perspectiva dos mais pobres da sociedade.
Segundo o documento, historicamente, a humanidade superou
diversas dificuldades com ações e decisões coletivas, portanto é possível
afirmar que a participação é essencial no desenvolvimento das sociedades.
“Portanto, estar presentes nos espaços e canais de participação
cidadã é ser protagonistas das Políticas Públicas e fazer ouvir as demandas e
as necessidades da população”.
No capítulo do “Julgar”, os itens 162 e 163 apontam que a
Doutrina Social da Igreja evidencia a necessidade de uma participação ativa,
consciente dos cristãos leigos e leigas na vida da sociedade, sendo esse um de
seus princípios permanentes.
“É fundamental o papel da comunidade cristã nessa participação
ativa, uma vez que essa é uma ação individual. O processo deve necessariamente
incluir: comunhão com os bispos responsáveis, diálogo com outros irmãos
cristãos e com todas pessoas de boa vontade, a fim de se tornarem as opções e
os compromissos que convém tomar para realizar as transformações sociais,
políticas econômicas que apresentam como necessárias e urgentes em não poucos
casos”.
A edição 26 da Revista Bote Fé, da Edições CNBB, traz um exemplo
dessa participação popular. Em Itapeva (SP), um grupo de catadores de material
reciclável descobriu, na prática, os tortuosos mas também felizes caminhos para
acessar as políticas públicas. Na entrevista, o bispo da região dom Arnaldo
Carvalheiro Neto diz que quando assumiu o governo da diocese de Itapeva em
2016, foi procurado pela cooperativa para falar sobre a realidade do lixão no
município.

D.Arnaldo junto ao grupo na reunião da cooperativa.

“Fui procurado por pessoas que estavam muito preocupadas com a
realidade do lixão no município. Me apresentaram a um projeto que contemplava o
lixão, a construção de um aterro sanitário e a organização dos catadores de
material reciclável numa cooperativa”, recorda.
Estas ações foram previstas na Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS) que determinou ações como a extinção dos lixões do país e
substituição por aterros sanitários, além da implantação da reciclagem, reuso,
compostagem, tratamento do lixo e coleta seletiva nos municípios.
Esse é apenas um exemplo do universo de iniciativas onde os
leigos e leigas podem atuar em prol de uma cidadania ativa, sendo uma mediação
concreta da caridade como prevê a Doutrina Social da Igreja que propõe que os
cidadãos participem da vida pública de suas cidades.
A dificuldade de reconhecer Deus na pessoa humana e o medo em
lidar com as ideologias políticas têm provocado o distanciamento das
construções coletivas e, consequentemente, das relações pessoais e sociais retrata
o item 216 do capítulo do “Agir” do texto base da CF.
“O agir da Campanha da Fraternidade deste ano nos alerta para que
essas dificuldades não sejam maiores do que as alegrias de viver a justiça e a
prática da fraternidade”.
A comunicação, em especial, nas redes sociais também são formas
de fomentar grupos de discussões de políticas públicas. O combate às notícias
falsas é uma delas. A internet é uma ferramenta que tem proporcionado e
estimulado a participação da sociedade em diálogos, discussões e proposições
que não, necessariamente, precisem do encontro físico das pessoas.
“A web pode se tornar elemento fomentador de redes de ação social
e criação de Políticas Públicas, que começam no ambiente virtual e se
solidificam essencialmente nas áreas mais marginalizadas”, destaca o item 227
do texto base da CF.
De acordo com o texto, promover a vida e a dignidade das pessoas
é inerente à religião, mas não se pode e nem se deve esquecer que tudo isso
precisa ser permeado pelos valores do Evangelho.
“Jesus nos ensina a sermos Evangelho vivo, que caminha em especial
ao encontro dos quais mais necessitam. Somos despertados a acolher e a
proporcionar uma renovação que leve a pessoa a uma verdadeira conversão”.
Fonte:cnbb.net,br
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