sexta-feira, 8 de março de 2019

A INDIGNAÇÃO QUE TRANSFORMA: RESGATAR O RESPEITO, A COMPAIXÃO E A EMPATIA

Respeito, compaixão e empatia são caminhos revolucionários

que precisamos trilhar. (Reprodução/ Rawpixel)


Diante da desumanização das relações, urge o resgate de valores para o bem da sociedade.

Se o fato de pessoas comemorarem a morte de uma criança, por seu parentesco com um desafeto político, causa indignação em você, então há esperanças. O ódio nos trouxe a uma situação bastante limite: assistimos à desumanização das relações de uma maneira absurda; a crueldade tomou conta e está nos aterrando, cada vez mais, na lama da destruição. A capacidade de indignação, frente à desumanidade, é a porta da esperança: felizes os que não se conformam com o absurdo da crueldade e do desamor!

O que fazemos com essa indignação é importante. Ela precisa ser motivação para que atuemos na transformação desta realidade tão nefasta, em uma realidade na qual todas as pessoas possam encontrar dignidade, inclusive a memória de crianças inocentes. Precisamos mudar nossa atitude frente às injustiças: faz-se urgente e necessário o socorro para com as vítimas e não sua culpabilização. É isso o que nos ensina, sobretudo, a parábola do Bom Samaritano, a prioridade é o socorro e o cuidado que devemos prestar às vítimas. Isso é o mais importante.

Enquanto, nas redes sociais, um tribunal sem misericórdia condena, cotidianamente, as muitas vítimas da nossa história, a boçalidade toma conta do país, inclusive na liderança das instituições. Desumanizamo-nos todos, indistintamente. Não é preciso perguntar para quem os sinos dobram, o poeta já nos alertou que dobram para todos nós, quando repicam por alguém. Resgatar valores fundamentais que nos humanizem é condição de possibilidade para que não terminemos de nos destruir. Respeito, compaixão e empatia são caminhos revolucionários que precisamos trilhar, no cotidiano de nossas relações e no testemunho do mundo novo que acreditamos ser possível.

Edward Guimarães abre nosso Dom Especial, com o artigo O respeito, por falta de tempo, deixou de ser um valor para nós. A constatação negativa não tira o espaço para a esperança: muito pelo contrário, olhando com atenção crítica a realidade na qual estamos inseridos, é possível transformá-la desde dentro. É o que o propõe o autor, em seu artigo, convidando-nos a compreender, numa leitura bastante original, o abandono do respeito, em nossa sociedade.

Procura-se compaixão é o artigo de Daniel Reis, que reflete sobre questão tão fundamental para nossos tempos: a capacidade de nos sensibilizarmos com a dor do outro, sem critérios. No texto, Daniel nos ajuda a compreender o significado da compaixão, bem como nos alerta para aquilo que nos impede de a vivermos. Aos cristãos e cristãs, exorta que a compaixão é compromisso de fé, inspirada na constante prática compassiva de Jesus.

Sobre a empatia, Flávia Gomes reflete no artigo Inspiração para a vivência relacional. Abordando a questão da convivência, dentro de um problema específico do cristianismo primitivo, a autora nos convida a resgatar o valor da empatia em nossas relações, como condição de possibilidade para o bem-viver em sociedade. Na consciência da pluralidade que nos constitui, aceitar o outro, sem querer que se adeque aos nossos critérios, é questão urgente. Essa é uma importante face do amor!

 Boa leitura!

* Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.

Fonte:domtotal.com 


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