sexta-feira, 31 de maio de 2019
1º DIA NA ROMÊNIA, PAPA EM BUCARESTE: MARIA CAMINHA E CONVIDA-NOS A CAMINHAR JUNTOS
“Olhando
para Maria e tantos rostos maternos, experimenta-se e alarga-se o espaço à
esperança, que gera e abre o futuro. Digamo-lo com força: no nosso povo, há
espaço para a esperança. Por isso, Maria caminha e convida-nos a caminhar
juntos”, disse o Papa na Missa celebrada em Bucareste na tarde desta
sexta-feira (31/05), primeiro dia de sua visita à Romênia. Esta 30ª Viagem
Apostólica Internacional de Francisco tem como lema "Caminhemos
juntos"
Raimundo de Lima -
Cidade do Vaticano
“Contemplar Maria permite-nos estender o olhar sobre tantas
mulheres, mães e avós destas terras que, com sacrifício sem alarde, abnegação e
empenho moldam o presente e tecem os sonhos do futuro.” Foi o que disse o Papa
na missa celebrada no final da tarde desta sexta-feira (31/05) na Catedral de
São José em Bucareste, último compromisso de Francisco no primeiro dia de sua
visita à Romênia, na 30ª viagem apostólica internacional de seu Pontificado,
viagem esta que tem como lema “Caminhemos juntos”. O Santo Padre estará até
este domingo, 2 de junho, no país do Leste Europeu.
Ouça a reportagem com a voz do Papa
Francisco
Tratou-se do primeiro encontro propriamente do Pontífice com a
pequena comunidade católica da Romênia, país de maioria cristã ortodoxa (86%),
onde os católicos representam cerca de 7% da população.
Partindo do Evangelho do dia (Lc 1,39-56), que narra a
visita de Nossa Senhora a sua prima Isabel e nos traz também o Magnificat,
em que Maria canta as maravilhas que o Senhor realizou na sua humilde serva,
Francisco evocou o canto de esperança que – ressaltou – “nos quer despertar
também a nós convidando-nos a entoá-lo hoje por meio de três elementos
preciosos que nascem da contemplação da primeira discípula: Maria caminha,
Maria encontra,
Maria rejubila”.
A homilia do Papa foi desenvolvida a partir daí.
Maria caminha
“Maria caminha... de
Nazaré até casa de Zacarias e Isabel: é a primeira das viagens de Maria que
narra a Sagrada Escritura. A primeira de muitas. Irá da Galileia a Belém, onde
nascerá Jesus; fugirá para o Egito, a fim de salvar o Menino de Herodes; além disso
dirigir-Se-á cada ano a Jerusalém pela Páscoa, até à última em que seguirá o
Filho até ao Calvário. Estas viagens têm uma caraterística: nunca foram
caminhos fáceis, exigiram coragem e paciência. Dizem-nos que Nossa Senhora
conhece as subidas, conhece as nossas subidas: é nossa irmã no caminho.”
Especialista em trabalhar duro, prosseguiu o Santo Padre, Nossa
Senhora “sabe como tomar-nos pela mão nas asperezas, quando nos encontramos
perante as viragens mais acentuadas da vida. Como boa mãe, Maria sabe que o
amor se concretiza nas pequenas coisas diárias. Amor e inventiva materna, capaz
de transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e
uma montanha de ternura”.
“Olhando para Maria e tantos rostos maternos, experimenta-se e
alarga-se o espaço à esperança, que gera e abre o futuro. Digamo-lo com força:
no nosso povo, há espaço para a esperança. Por isso, Maria caminha e
convida-nos a caminhar juntos”, acrescentou.
Maria encontra
“Maria encontra Isabel
já de idade avançada. Mas é ela, a idosa, que fala de futuro, que profetiza:
«cheia do Espírito Santo» proclama Maria «feliz» porque acreditou, antecipando
a última bem-aventurança dos Evangelhos: felizes os que creem. E assim a jovem
vai ao encontro da idosa procurando as raízes, e a idosa renasce e profetiza
acerca da jovem, dando-lhe futuro. Assim se encontram jovens e anciãos,
abraçam-se e cada um é capaz de despertar o melhor do outro.”
É o milagre suscitado pela cultura do encontro, ressaltou
Francisco, “na qual ninguém é descartado nem rotulado; antes pelo contrário,
todos são procurados, porque necessários para fazer transparecer o rosto do
Senhor. Não têm medo de caminhar juntos e, quando isto acontece, Deus chega e
realiza prodígios no seu povo”.
“Maria, que caminha e encontra Isabel, lembra-nos onde Deus
quis habitar e viver, qual é o seu santuário e onde podemos auscultar as
palpitações do seu coração: no meio do seu Povo. Lá habita, lá vive, lá nos
espera.”
Sintamos dirigido a nós o convite do profeta a não temer, a não
cruzar os braços, exortou o Pontífice, “porque o Senhor, nosso Deus, está no
meio de nós, é um salvador poderoso. Este é o segredo do cristão: Deus está no
meio de nós como poderoso salvador”.
Maria rejubila
“Maria rejubila, porque
é a portadora do Emanuel, do Deus conosco. «Ser cristão é alegria no Espírito
Santo». Sem alegria, permanecemos paralisados, escravos das nossas tristezas.
Muitas vezes, o problema da fé não é tanto a falta de meios e estruturas, de
quantidade, nem sequer a presença de quem não nos aceita; o problema da fé é a
falta de alegria. A fé vacila, quando nos arrastamos na tristeza e no desânimo.
Quando vivemos na desconfiança, fechados em nós mesmos, contradizemos a fé, porque,
em vez de nos sentirmos filhos pelos quais Deus faz grandes coisas, reduzimos
tudo à medida dos nossos problemas e esquecemo-nos de que não somos órfãos:
temos no meio de nós um Pai, salvador e poderoso.”
“Pensemos nas grandes testemunhas destas terras!” – disse o
Santo Padre concluindo sua reflexão. “Pessoas simples, que confiaram em Deus no
meio das perseguições. Não colocaram a sua esperança no mundo, mas no Senhor, e
assim continuaram para diante. Quero agradecer a estes vencedores humildes, a
estes santos da porta ao lado que nos apontam o caminho.”
“Sede vós os promotores duma cultura do encontro que desminta a
indiferença e a divisão e permita a esta terra cantar, com força, as
misericórdias do Senhor”, disse por fim.
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