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O empobrecimento e a fome não
podem ser um projeto de poder, com o qual
devemos conviver sem que pese
nossa consciência! (Yasuyoshi Chiba / AFP)
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A desumanidade do sistema
econômico já fez e continua fazendo muitas vítimas.
A política
deixou, há muito, de ser Política, para servir à economia. Não
qualquer modelo econômico: mas aquele idolátrico, que nos faz lembrar do
deus Mamon, ao qual se refere, criticamente, a Sagrada
Escritura. Não há modelo econômico perfeito. Mas sabemos bem que este que nos
rege é desumano e cruel: a partir da pobreza de uma maioria absoluta, o
empobrecimento miserável vai se expandindo, para trazer lucros imensuráveis –
aos olhos daqueles que sobrevivem com pouco ou quase nada –, para uns poucos.
A desumanidade
desse sistema já fez e continua fazendo muitas vítimas. Ainda assim, governos
insistem em ceder aos caprichos do deus Mercado, pois é ele quem tudo controla.
No fundo, os votos de eleitores de nada valem, se a mão invisível do Mercado
não ungir aqueles e aquelas que devem ocupar os cargos no legislativo e
executivo (e não nos enganemos, também em lugares estratégicos no judiciário!).
Aliado a isso tudo, temos a chaga da corrupção que necrosa nosso sistema político
e que deixa à mercê milhões de pessoas afogadas em indignidade, sem poder
usufruir de educação, saúde e segurança, além de outros elementos básicos à
dignidade da vida.
Constrange e gera
indignação quando um presidente da república demonstra ignorar a situação de
centenas de milhares de pessoas, a quem ele deveria proteger,
constitucionalmente, pelo papel para o qual foi eleito. É bem certo que não há
o que se esperar de bom, de quem elogia a tortura e canoniza torturadores. Mas,
ainda assim, é estarrecedor que tenhamos que conviver com tais impropérios e
desumanidades. A atuação econômica do atual governo já está bem estabelecida: é
entreguista, desumana e cruel. E é cada vez mais chancelada por pronunciamentos
de um incapaz, que ocupa a cadeira central do país. Para os cristãos e cristãs
– e para as pessoas de fé, em geral –, além de desumano, esse governo deve ser
considerado também blasfemo, já que se apropria do nome de Deus para produzir
injustiças de todo tipo.
Não podemos
aceitar! Não podemos compactuar! Uma fé que não nos faça romper com uma postura
tal como a do atual presidente da república, não está a serviço da vida nem do
bem. O empobrecimento e a fome não podem ser um projeto de poder, com o qual
devemos conviver sem que pese nossa consciência!
Para nos inspirar
à reflexão, organizamos este Dom Especial, com o qual queremos refletir,
profeticamente, a questão do empobrecimento e, mais especificamente, da fome em
sua crueza. Abre nossa reflexão, Aldo Reis, com o artigo Pobreza: uma análise antropológica e social,
no qual propõe uma leitura do que seja a pobreza e de qual deve ser o papel do
Estado diante dessa situação, inspirado pelo princípio da Subsidiariedade,
proposto pela Doutrina Social da Igreja. Tânia Mayer, no artigo A fome ensina humanidades, reflete, num
diálogo profundo com a literatura, como o estado de fome gera uma
solidariedade, à qual tem sido incapazes de alcançar aqueles e aquelas que
vivem na fartura. Encerra nossa reflexão, Daniel Reis, com o artigo: Pão a quem tem fome e fome de justiça a quem tem pão,
que resgata a inspiração evangélica, que remonta ao próprio Jesus, de que os
discípulos e discípulas devem estar engajados, eles próprios, na superação da
fome e do empobrecimento.
Boa leitura e
inspiração!
*Felipe
Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É
autor do livro de poemas 'Imprevisto' (Penalux, 2015). E-mail:
felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.
Fonte:domtotal.com
A violência da desigualdade está nos cegando e nos desumanizando. É preciso uma mudança baseada na justiça e no amor ao próximo urgente.
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