Ezequiel, mártir da justiça
Ezequiel Ramin nasceu em Padova, Itália, em 1953. Desejoso por dedicar sua
vida aos mais pobres e necessitados como missionário além-fronteiras, foi
ordenado padre da congregação dos combonianos em 1980. Aos 30 anos foi
enviado em missão ao Brasil, sendo destinado a trabalhar em Rondônia, que
ainda estava em processo de colonização, na cidade de Cacoal.
Conflitos de terra marcavam a região. Os poderosos além da prática da
grilagem, expulsavam e matava indígenas para ficar com suas terras e, assim,
ampliar latifúndios. A falta de reforma agrária gerava gritantes forma de
desigualdade social. Fiel à opção preferencial pelos pobres, Ezequiel
colocou-se em defesa dos indígenas e dos posseiros (trabalhadores rurais
sem-terra) em busca do direito à terra e à vida digna.
Após inúmeras ameaças, principalmente por suas denúncias da injustiça, no dia
24 de julho de 1985, aos 32 anos, o Ezequiel foi brutalmente assassinado. Foi
pego de surpresa voltando de uma missão de paz, na qual pedira que os
posseiros deixassem a Fazenda Catuva, que estava sendo disputada, por
correrem perigo. Foi baleado várias vezes pelos pistoleiros a mando de
fazendeiros da região. Seu corpo foi encontrado na estrada, a uns 50 metros
da traseira do carro que utiliza nas missões.
Segundo irmã Antonietta Papa, atual superiora-geral das Filhas de Maria
Missionária e que na época atuava na região, o missionário foi morto por dar
nome às coisas. “Recordo que uma vez, durante uma reunião, leu-nos o texto de
uma sua homilia, na qual citava nomes e sobrenomes… ‘Não pode dizer essas
coisas’, alertamos preocupados”, testemunha a irmã. Os mandantes do crime
nunca foram presos.
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