As promessas para o futuro eterno não devem
tirar
nossos
pés do chão (JR Korpa/ Unsplash)
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A eternidade de Deus ensina o
cristão a viver plenamente o tempo presente
Direta ou
indiretamente – sem, aqui, fazer qualquer juízo moral e crítico – a vida de
Jesus de Nazaré e, sobretudo, o que foi experimentado e ressignificado dessa
vida pelos discípulos dele, mudou o rumo da história da humanidade. A cultura
ocidental marca, de modo geral, seu calendário, a partir do que se acreditava
ter sido o ano do nascimento de Jesus, como marco de um novo tempo. A
comunidade secular é datada e se organiza no calendário a partir disso. Os
cristãos e cristãs têm Jesus Cristo como o Senhor da história e do tempo. O
grande livro bíblico de exortação à esperança, o Apocalipse, ensina-nos a
esperar nele, que é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim.
Alfa e Ômega,
Princípio e Fim são imagens simbólicas para dizer que Cristo, o Eterno, é
soberano sobre a realidade. Essa soberania está a serviço do Reino que é de
Deus, e que desponta já em nossa história, mas que permanece como promessa de
um futuro possível, no qual tudo será recriado para uma vida indestrutível, no
coração mesmo desse Deus. Para a fé cristã, é só em Cristo que temos a
revelação do sentido de nossa história, e para o lugar ao qual ela aponta e se
dirige. É por isso que o Apocalipse, nesse sentido, é o maior dos livros
bíblicos a exortar e a incentivar à esperança.
Uma das questões que
os cristãos tiveram que lidar, desde tão logo assumiram esse jeito de viver,
pautado na fé e no seguimento de Jesus Cristo, foi o de que as promessas para o
futuro eterno não devem tirar nossos pés do chão. Ao contrário, a esperança
deve ser capaz de nos colocar a serviço de fazer e construir uma vida e um
mundo carregados de sentido. Estar sempre prontos a dar razão de nossa
esperança (1Pd 3,15) é tarefa cotidiana que tem valor de testemunho: não
confiamos apenas que essa promessa se destine a nós, mas a todos e todas e, por
isso, buscarmos viver uma vida conforme à vida de Jesus para que mais e mais
pessoas descubram o quanto ela tem sentido.
Aproveitando esse novo
ciclo anual que acabou de se iniciar, bem como o início do fim de um ciclo de
uma década, dedicamos nosso Dom Especial desta semana a refletir sobre como
viver o tempo, inspirados pela vida de Jesus Cristo e pela fé nele. O primeiro
tema a ser explorado é proposto por Daniel Couto, no artigo Cristo, Senhor do tempo. No
texto, Daniel nos leva a uma leitura filosófica a respeito da compreensão do
tempo, pautada naquilo que a fé em Jesus Cristo nos inspira e ensina. Mostrando
como o cotidiano está e deve estar todo marcado pela experiência do mistério da
vida de Cristo, César Thiago do Carmo propõe o artigo Mistério Pascal e cotidianidade, como convite a uma vida mística, no tempo cotidiano. Por fim,
Teófilo da Silva reflete a importância das proposições, expectativas e planos
que feitos em cada mudança de ciclo, e em como a experiência cristã pode nos
ajudar a viver de modo cheio de significados nossa história, no artigo Com Cristo, fazer novas todas as coisas.
Boa leitura e um
abençoado 2020, rico de paz e prosperidade em nossa humanidade!
*Felipe Magalhães Francisco é
teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de
poemas Imprevisto (Penalux, 2015). E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com
Fonte: dom total.com
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