RELATÓRIO OXFAM: 42% DAS MULHERES NO MUNDO TRABALHAM SEM REMUNERAÇÃO
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Mulher Africana |
Em concomitância com o Fórum
Econômico de Davos, na Suíça, que inicia nesta terça-feira (21), a Organização
humanitária Oxfam lança “Time to care – Tempo de cuidar”, o novo relatório
sobre as desigualdades sociais e econômicas no mundo.
Cidade do
Vaticano
A desigualdade
econômica está fora de controle. Em 2019, os bilionários do mundo, que somam
apenas 2.153 indivíduos, detinham mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas. É
o que mostra o relatório “Tempo de cuidar”: o trabalho de cuidar de pessoas não
remunerado e mal pago e a crise global da desigualdade.
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Riqueza
concentrada
A fortuna de 1% dos
mais ricos "corresponde a mais do que o dobro da riqueza acumulada"
por 6,9 bilhões de pessoas, ou seja, 92% da população mundial, uma concentração
que "excede a dívida total dos países", diz o relatório.
Esse grande abismo
baseia-se em um sistema econômico sexista e falho, que valoriza mais a riqueza
de um grupo de poucos privilegiados, na sua maioria homens, do que bilhões de
horas dedicadas ao trabalho mais essencial – o do cuidado não remunerado e mal
pago, prestado principalmente por mulheres e meninas em todo o mundo.
Trabalho não
remunerado
"As mulheres
estão na linha de frente das desigualdades por causa de um sistema econômico
que as discrimina e as concentra em trabalhos mais precários e menos
remunerados, começando pelo setor de atendimento", diz Pauline Leclère, da
porta-voz da Oxfam France, citada em comunicado.
Segundo os cálculos
da Oxfam, 42% das mulheres no mundo não podem ter um trabalho
remunerado devido a carga muito grande de trabalho de cuidados no âmbito
privado ou familiar, frente a somente 6% dos homens. Embora cuidar de outras
pessoas, cozinhar ou limpar sejam tarefas essenciais "a pesada e desigual
responsabilidade pelo trabalho de cuidar das pessoas que recai sobre as
mulheres perpetua tanto as desigualdades econômicas quanto as de gênero",
afirmou a ONG. A Oxfam calcula o valor monetário do trabalho
de assistência não remunerado para mulheres acima de 15 anos em 10,8 bilhões de
dólares por ano, ou seja, "três vezes mais que o valor do setor digital em
todo o mundo", enfatiza a ONG.
Segundo a ONG, os 22
homens mais ricos do mundo têm uma riqueza superior à de todas as mulheres da
África.
Fórum de Davos
"Mulheres e
jovens são as que menos tiram vantagem do atual sistema econômico", diz
Amitabh Behar, diretor da Oxfam na Índia e que representa a
ONG na edição deste ano do Fórum de Davos, que começa nesta terça-feira (21). O
relatório anual da Oxfam sobre as desigualdades globais
geralmente é publicado antes da abertura deste Fórum. Segundo a Bloomberg, pelo
menos 119 bilionários, cuja fortuna total chega a 500 bilhões de dólares devem
ir a Davos este ano.
"No topo da
pirâmide, bilhões de dólares estão nas mãos de um pequeno grupo de pessoas,
principalmente homens", diz Oxfam. Outro dado: em 2019, os
2.153 bilionários no mundo tinham mais dinheiro que 60% da população do
planeta. "A diferença entre ricos e pobres não pode ser resolvida sem
políticas deliberadas de combate às desigualdades. Os governos devem garantir
que as empresas e os ricos paguem sua parte justa dos impostos", disse
Amitabh Behar.
(fonte: oxfam.org)
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