segunda-feira, 18 de maio de 2020
IGREJA NO BRASIL ADOTA TOLERÂNCIA ZERO CONTRA ABUSO DE ADOLESCENTES E VULNERÁVEIS
Em
seus 19 artigos, o Motu Proprio estabelece qual deve ser o rito e os prazos de
investigação de uma denúncia de abuso e a forma que a Igreja deve proceder nos
cuidados prestados às pessoas.
Por ocasião do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual
de Crianças e Adolescentes, marcado em 18 de maio, no Brasil, o portal da CNBB
publicou uma matéria especial sobre o tema. O material está contido na edição
nº 31 da revista Bote Fé da Edições CNBB, que circula entre abril e junho em
todo o País. A matéria aprofunda as ações da Igreja no Brasil tendo em vista a
implantação do Motu Próprio do Papa Francisco, “Vós Sois a Luz do Mundo” que
estabelece regras para o combate à prática na Igreja.
ABAIXO, O
TEXTO DA MATÉRIA
Termina, no próximo dia 1º de junho, o prazo para que as Igrejas
particulares, Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica
estabeleçam as regras previstas no Motu Proprio Vos Estis Lux Mundi. A Carta
Apostólica Vós sois a luz do mundo do Papa Francisco, publicada no dia 9 de
maio de 2019, estabelece regras para “prevenir” e “contrastar” os crimes de
abuso sexual cometidos contra menores – pessoas até 18 anos – e pessoas
vulneráveis no âmbito da Igreja Católica.
“Os crimes de abuso sexual ofendem Nosso Senhor, causam danos físicos,
psicológicos e espirituais às vítimas e lesam a comunidade de fiéis”, diz a
introdução do documento. Para o Papa Francisco, para que “não aconteçam tais
abusos, é necessária uma conversão contínua e profunda dos corações, atestada
por ações concretas e eficazes que envolvam a todos na Igreja, de modo que a
santidade pessoal e o empenho moral possam concorrer para fomentar a plena
credibilidade do anúncio evangélico e a eficácia da missão da Igreja”.
Em seus 19 artigos, o Motu Proprio estabelece qual deve ser o
rito e os prazos de investigação de uma denúncia de abuso e a forma que a
Igreja deve proceder nos cuidados prestados às pessoas que vão desde o
acolhimento, escuta e acompanhamento por meio de serviços específicos à
assistência espiritual, médica e terapêutica. O Motu Proprio aponta que as
dioceses devem criar “um ou mais sistemas estáveis e facilmente acessíveis ao
público para apresentar as assinalações” e de notificação de denúncias. Esse é
um tema em relação ao qual a Igreja Católica no Brasil não está indiferente,
como demonstram os passos que vem dando.
Em outubro de 2018, antes mesmo da existência do Motu Proprio, a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou, pela Edições CNBB, o
texto “O cuidado pastoral das vítimas de abuso sexual”. No texto, aprovado pela
Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, a CNBB posicionou-se ao lado das
vítimas, rejeitou e violência, abraçou a justiça e apresentou orientações para
as dioceses sobre as condutas que devem ser adotadas. Agora essas orientações
serão revistas à luz do documento do Papa.
Outro passo importante nessa direção foi a consolidação da
Comissão Especial de Proteção da Criança e do Adolescente da CNBB, composta por
três leigos, dois bispos e um frade. A Comissão está realizando um conjunto de
ações para garantir o cumprimento do decreto papal. Uma delas é a elaboração e
envio ao episcopado brasileiro do texto: Orientações para o funcionamento e
instituição da Comissão Diocesana ou Interdiocesana para a Tutela dos Menores e
Pessoas em situação de Vulnerabilidade.
De acordo com o bispo de Santo Amaro (SP) e presidente da
Comissão Especial de Proteção da Criança e do Adolescente da CNBB, Dom José
Negri, desde a publicação do Motu Proprio Vós sois a luz do mundo, a Comissão
da CNBB tem se dedicado a auxiliar as dioceses de todo o território nacional em
sua implementação. “Procuramos estar sempre disponíveis, respondendo a
eventuais dúvidas e indicando possíveis soluções para que a Igreja possa dar
uma resposta eficaz ante qualquer denúncia de prática de provável abuso contra
crianças ou vulneráveis”, disse.
Dom José Negri reforça que a Igreja no Brasil adota a política
de “tolerância zero” em face dos casos de abuso que causam tanto sofrimento.
“Tanto a CNBB, quanto a Igreja no Brasil, adotam essa postura radical para que
as nossas comunidades, obras e serviços sejam cada vez mais um ambiente seguro
para todos, sobretudo, para os menores e vulneráveis”, afirmou. Outra
iniciativa proposta pela Comissão é a realização da segunda edição do Seminário
Internacional “Sanando as próprias feridas”, a ser realizado na Fazenda da
Esperança, em Guaratinguetá (SP).
O encontro organizado pela Comissão Especial de Proteção da
Criança e do Adolescente da CNBB em parceria com a Conferência dos Religiosos
do Brasil (CRB) tem como foco a proteção de menores vítimas de abusos sexuais
na Igreja e os passos para implementação do Motu Proprio, nas dioceses e
congregações religiosas. Espera-se a participação de cerca de 400 pessoas.
Algumas Igrejas particulares no Brasil já se comprometeram com a
adoção de medidas. Entre elas, a arquidiocese de Porto Alegre (RS) que dia 26
de fevereiro anunciou a criação da Comissão Arquidiocesana Especial de Tutela
de Criança, Adolescente e Pessoa Vulnerável. A Comissão elaborou orientações
sobre como conduzir o caso desde a denúncia até o tratamento da vítima e do
suspeito, aprovadas pelo Conselho de Presbíteros, Colégio de Consultores e pela
Assembleia do Clero da arquidiocese. A equipe também está trabalhando na elaboração
de Normas de Conduta que serão apresentadas ao clero, a todos os funcionários
da mitra arquidiocesana, bem como aos agentes de pastoral que tenham contato
com menores e vulneráveis. Uma comissão semelhante também foi instalada na
arquidiocese de São Paulo, no dia 8 de março.
Fonte CNBB
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