Na Missa esta quinta-feira (07/05) na
Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa voltou a rezar pelos artistas e pediu a
Deus que os abençoe. Na homilia, recordou que ser cristãos é pertencer a um
povo escolhido gratuitamente por Deus: sem essa consciência se cai nos
dogmatismos, nos moralismos, nos movimentos elitistas
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa
na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quinta-feira (07/05) da IV
Semana da Páscoa. Na introdução, novamente dirigiu seu pensamento aos artistas:
Ontem recebi uma carta de
um grupo de artistas: agradeciam pela oração que fizemos por eles. Gostaria de
pedir ao Senhor que os abençoe porque os artistas nos fazem compreender o que é
a beleza, e sem o belo não se pode compreender o Evangelho. Rezemos mais uma
vez pelos artistas.
Na homilia, o Papa
comentou a passagem dos Atos dos
Apóstolos (At 13,13-25) em que Paulo, tendo chegado a
Antioquia da Pisídia, explica na sinagoga a história do povo de Israel,
anunciando que Jesus é o Salvador esperado.
Quando Paulo explica a
nova doutrina para anunciar Jesus – afirmou o Papa –, fala da história da
salvação: “O que há por trás de Jesus? Há uma história. Uma história de graça,
uma história de eleição, uma história de promessa”. O Senhor escolheu Abraão e
caminhou com o seu povo: “Por isso quando é pedido a Paulo que explique o
porquê da fé em Jesus Cristo, não começa de Jesus Cristo: começa da história. O
cristianismo é uma doutrina, sim, mas não só. Não só as coisas em que nós
cremos”, mas é uma história que traz “esta doutrina que é a promessa de Deus, a
aliança de Deus, ser eleitos por Deus. O cristianismo não é somente uma ética”:
tem “princípios morais, mas não se é cristãos somente com uma visão ética. É
mais que isso. O cristianismo não é uma elite de pessoas escolhidas para a
verdade. Esse sentido elitista que depois prossegue na Igreja” quando se diz:
“Eu sou aquela instituição, eu pertenço a este movimento que é melhor que o
seu”… não é esse “sentido elitista. Não, o cristianismo não é isso: o
cristianismo é pertença a um povo, a um povo escolhido por Deus gratuitamente.
Se não tivermos esta consciência de pertença a um povo, seremos cristãos
ideológicos, com uma doutrina pequenina de afirmações de verdades, com uma
ética, com uma moral” ou mesmo considerando-nos “uma elite, nos sentimos parte
de um grupo escolhido por Deus – os cristãos –, os outros irão para o inferno
ou se se salvam é pela misericórdia de Deus, mas são os descartados”. “Se não
temos uma consciência de pertença a um povo não somos verdadeiros cristãos”.
Por isso Paulo – reiterou
o Papa – explica Jesus a partir da pertença a um povo: “Muitas vezes, nós
caímos nessas parcialidades, sejam dogmáticas, morais ou elitistas. O sentido
de elite é aquele (sentido) que nos faz muito mal e perdemos aquele sentido de
pertença ao santo povo fiel de Deus, que Deus elegeu em Abraão” e prometeu
Jesus, a “grande promessa”, e o fez caminhar com esperança. É ter a
“consciência de povo”.
É preciso “transmitir a
história da nossa salvação”, a memória de um povo, de ser povo, e “nesta
história do povo de Deus, até chegar a Jesus Cristo, houve santos, pecadores e
muita gente comum, boa, com as virtudes e os pecados, mas todos. A famosa
“multidão” que seguia Jesus, que tinha o faro de pertença a um povo. Alguém que
se diz cristão que não tenha esse faro não é um verdadeiro cristão”, porque “se
sente justificado sem o povo”.
O desvio “mais perigoso”
dos cristãos “hoje e sempre” – disse Francisco – é, sem dúvida, “a falta de
memória de pertença a um povo. Quando falta isso vêm os dogmatismos, os
moralismos, ‘os eticismos’, os movimentos de elite. Falta o povo. Um povo
pecador sempre, os movimentos elitistas. Falta o povo. Um povo pecador, sempre,
todos o somos, mas que em geral não erra, que tem o faro de ser povo eleito,
que caminha tendo recebido uma promessa e que fez uma aliança que ele talvez
não cumpre, mas sabe”.
O Papa Francisco convidou
a pedir ao Senhor esta consciência de povo, que Nossa Senhora cantou em seu
Magnificat e Zacarias em seu Benedictus: “consciência de povo: nós somos o
santo povo fiel de Deus” que “em sua totalidade tem o faro da fé e é infalível
neste modo de crer”.
O Papa convidou a fazer a
Comunhão espiritual com a seguinte oração:
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