Além
do riquíssimo legado cultural e espiritual que nos deixou, neste difícil tempo
de COVID19, a vida de Anchieta é um convite a não desanimar diante das
tribulações, mas de seguir em frente, glorificando a Deus .
Pe. Bruno Franguelli SJ - Cidade do
Vaticano
No
frescor da juventude do jesuíta José de Anchieta algo não ia bem. Recém entrado
na jovem Ordem Religiosa chamada Companhia de Jesus, parecia que seu sonho em
tornar-se missionário em terras distantes estava por desmoronar-se.
Um
dia, pelos corredores da comunidade dos jesuítas em Coimbra, encontram-se com o
seu superior que lhe pergunta: “Como vai José?” Ao que ele imediatamente
responde: “Não muito bem, padre, os médicos dizem que tenho uma doença
incurável.” O superior, olhando bem nos seus olhos lhe disse: “Se o Senhor o
quiser assim para o bem de sua Missão e de sua maior Glória, você aceitará?” A
resposta positiva foi imediata. O jovem Anchieta levantou a cabeça e dilatou o
coração. Naquele momento difícil, de dúvida, de aparente fracasso, de encontro
cruel com a própria debilidade, era forjado o homem que, dentro de alguns
meses, colocaria seus pés numa caravela e partiria para sempre a fim de dar a
vida pelo anúncio do Evangelho em nossa Nação.
Daquela
enfermidade, adquirida nos átrios de sua juventude, Anchieta jamais curou-se.
Talvez nunca tenha pedido tal milagre a Deus. Não tinha tempo para dar atenção
à sua dor. Estava muito ocupado em amar. De fato, um pouco antes de sua viagem
definitiva ele afirmou que se ao menos fosse capaz de ensinar o Pai Nosso e a
Ave Maria aos indígenas, já se sentiria satisfeito com a sua missão. Mas ele
foi mais longe, ensinou o Evangelho a uma Nação. Como bem disse o Papa
Francisco na Missa em Ação de graças pela canonização do Apóstolo do Brasil em
2014: “Anchieta plantou os fundamentos culturais de uma nação em Jesus Cristo”.
Sua criatividade apaixonada desenhou os primeiros rabiscos da nossa cultura tão
cheia de imaginação, de sonhos e de paixão pela vida. Nossas raízes brasileiras
são indígenas e traços delas permanecem e são evidentes em nós brasileiros, na
nossa alegria contagiante, no nosso amor à liberdade, na paixão pela música e
pela dança, no nosso sagrado respeito e apreço ao diferente.
Anchieta,
cedo apaixonou-se por nosso país, pelos que nele habitavam, pela língua e o
modo de ser dos nativos. Reconhecia que o Espírito já havia semeado naqueles
seres humanos o seu amor e que o ofício do apóstolo era simplesmente regar
cuidadosamente aquelas sementes divinas. Faleceu no dia 9 de junho de 1597, aos
63 anos de idade. Além do riquíssimo legado cultural e espiritual que nos
deixou, neste difícil tempo de COVID19, a vida de Anchieta é um convite a não
desanimar diante das tribulações, mas de seguir em frente, glorificando a Deus
com a vida e contemplando nossos limites e dificuldades não como obstáculos mas
como oportunidades para que em nossas fraquezas Deus manifeste todo o seu poder
(ref. 2 Cor 12,9).
ORAÇÃO A SÃO JOSÉ DE ANCHIETA NAS
EPIDEMIAS
São
José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, a quem confiamos a saúde do corpo e da
alma do povo desta terra, que encontraste boa saúde nestes trópicos e
recomendaste as terras do Brasil, vinde em nosso auxílio diante desta grande
calamidade que nos assola.
Foste
tu que se colocaste entre a sala de aula e a enfermaria socorrendo muitos
filhos e filhas que te procuravam na missão de Piratininga, atormentados de
inúmeras enfermidades e epidemias. Foste tu que na carência total se fez médico
e com as plantas desta terra encontrou veículo para novas medicinas.
Foste
tu que movido pelo zelo do Evangelho tentou salvar a muitos por meio da Palavra
e da Eucaristia, aumentai em nós a Fé, a Esperança e a Caridade, para que,
movidos pelos mesmos sentimentos de Cristo, possamos servir os mais pobres e
necessitados.
Como
foste tudo para todos, fazei-nos colocar toda a nossa confiança nas mãos de
Cristo Jesus. Para que, no nosso pôr do sol, brilhe vitoriosa a luz do Cristo.
Que a Virgem Maria rogue por nós em nossas agonias, dando-nos seu Filho Jesus
como remédio para a nossa vida.
São
José de Anchieta, rogai por nós.
Amém.
Fonte:Vatican news
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