Desde
509 a.C., derrubado o rei etrusco, Roma se tornou uma república governada por
magistrados eleitos. No ano anterior, Clístenes havia introduzido a democracia
na Grécia. Algo de novo acontecia na história da humanidade: agora, em uma
península da Europa, o governo de uma nação emanava do poder popular.
Em
60 a.C., Roma passou a ser governada pelo primeiro triunvirato, Caio Júlio,
Marco Licínio Crasso e Pompeu, o grande. Crasso morreu sete anos depois, na
batalha de Carras, na Turquia. Pompeu, arraigado em sua formação militar, se
sentiu à vontade para transformar sua vontade pessoal em projeto político e,
inclusive, dar asas ao sonho de transformar Roma em um império mundial.
Sob
seu governo, as tropas romanas, comandadas por Caio Júlio, conquistaram a Gália
(detalhes em Asterix...), expandiram as fronteiras do império até o Reno e
ameaçaram a Britânia.
Triunfante
pela conquista da Gália, em 49 a.C. Caio Júlio, no comando da 13º Legião,
violou as leis romanas e, em armas, sem autorização do Senado - a Suprema Corte
do império -, atravessou o Rubicão, o rio que separava a Itália da Gália
Cisalpina. Movido pela ambição de poder, lançou a sorte, derrotou Pompeu e
assumiu o governo de Roma.
Seus
quatro anos de governo se caracterizaram por sucessivos atritos com a Suprema
Corte, que pressentiu ter ele a intenção de instalar um regime ditatorial
apoiado pelo exército e restringir ao máximo o papel dos legisladores. Por um
período, Caio Júlio resistiu às decisões dos legisladores e insistiu em
submetê-los à sua vontade. Embora a república tivesse caráter civil, ele se
cercou cada vez mais de generais, como Otávio e Marco Antônio, aos quais
concedeu o título de cônsul, o mais alto cargo da República romana. Pretendia,
assim, dar uma aparência civil ao governo e encobrir que todo o poder estava,
de fato, em mãos de militares, e não mais das instituições republicanas.
Respaldado
pela plebe fanatizada por sua figura, que o venerava como herói e mito, e
sustentado pelo exército, Júlio acresceu a seu nome o epíteto César e se tornou
ditador em 47 a.C. Considerado salvador da pátria por seus apoiadores, adotou
os títulos de Pontífice Máximo (prerrogativa de governar sem consulta à Suprema
Corte), Ditador Perpétuo (prerrogativa de reformar a Constituição e, portanto,
declarar “A Constituição sou eu”), e Censor Vitalício (prerrogativa de ser o
comandante-em-chefe do exército em Roma e nas províncias).
Sua
obsessão era armar o povo em sua defesa e militarizar a nação. Com pleno
domínio da psicologia das massas, decidiu revestir-se de sacralidade e
cumular-se de religiosidade. Roma acima de tudo e César acima de todos! Sua
estátua foi introduzida nos templos romanos e nas capitais provinciais, e ele
passou a ser venerado como um deus – Jupiter Julius. Tinha tanto poder que ousou reformar o calendário, que
ficou conhecido como Juliano, e introduziu um sétimo mês em sua homenagem –
Julho.
Como
a maioria dos tiranos ao longo da história, teve um fim trágico, em março de 44
a.C. Na peça “Júlio César”, tragédia escrita por Shakespeare em 1599 (tal
figura só requeria mesmo uma tragédia), um adivinho alerta: “Cuidado com os
idos de março”... E o procônsul Marco Júnio Bruto, mais conhecido como Brutus,
compara César ao “ovo de serpente que eclodindo, como a sua espécie, cresceria malevolamente”.
Esse
passado passou?
Fonte:domtotal.com
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