Não devemos perder a confiança por causa da aparente impotência do Reino de Deus (Unsplash/ Joshua Lanzarini)
Reflexão do Evangelho do 15º domingo
do Tempo Comum - Mt 13,1-23
A parábola do semeador
é um convite à esperança. A semeadura do evangelho, muitas vezes inútil por
diversos contratempos e oposições, tem uma força que não se pode conter. Apesar
de todos os obstáculos e dificuldades, e mesmo com resultados muito diferentes,
ela termina em uma colheita frutífera que nos faz esquecer outros fracassos.
Não devemos perder a
confiança por causa da aparente impotência do Reino de Deus. Sempre parece que
"a causa de Deus" está em declínio e que o evangelho é insignificante
e sem futuro. Entretanto, não é assim. O evangelho não é uma moralidade ou uma
política, nem mesmo uma religião com um futuro maior ou menor. O evangelho é a
força salvadora de Deus "semeada" por Jesus no coração do mundo e na
vida dos homens.
Motivados pelo
sensacionalismo da mídia atual, parece que só temos olhos para ver o mal . E
não sabemos mais como descobrir essa força de vida que está oculta sob as
aparências mais desalentadoras.
Se pudéssemos observar
o interior das vidas, ficaríamos surpresos ao encontrar tanta bondade, entrega,
sacrifício, generosidade e amor verdadeiro. Existe violência e sangue no mundo,
mas o desejo pela verdadeira paz cresce em muitos. O consumismo egoísta se
impõe em nossa sociedade, mas são bastantes os que descobrem a alegria de uma
vida simples e compartilhada. A indiferença parece ter apagado a religião, mas
a saudade de Deus e a necessidade de oração são despertadas em não poucas
pessoas.
A energia
transformadora do evangelho está aí trabalhando a humanidade. A sede de justiça
e amor continuará a crescer. A semeadura de Jesus não terminará em fracasso. O
que nos é pedido é acolher a semente. Não descobrimos em nós essa força que não
provém de nós mesmos e que nos convida, incessantemente, a crescer, a ser mais
humanos, a transformar nossas vidas, a tecer novas relações entre as pessoas, a
viver com mais transparência, a abrir-nos com mais verdade a Deus?
*José Antonio Pagola é padre e tem
dedicado a sua vida aos estudos bíblicos, nomeadamente à investigação sobre o
Jesus histórico. Nascido em 1937, é licenciado em Teologia pela Universidade
Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagradas Escrituras pelo Instituto
Bíblico de Roma (1965), e diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de
Jerusalém (1966). Professor no seminário de San Sebastián (Espanha) e na
Faculdade de Teologia do Norte de Espanha (sede de Vitória), foi também reitor
do seminário diocesano de San Sebastián e vigário-geral da diocese de San
Sebastián.
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