domingo, 26 de julho de 2020

DOM EVALDO PRESIDE PRIMEIRA MISSA DOS SANTOS ÓLEOS COM O CLERO DA DIOCESE


DOM EVALDO CARVALHO DOS SANTOS, CM

PELA GRAÇA DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA BISPO DA DIOCESE DE VIANA (MA) 


MISSA DOS SANTOS ÓLEOS HOMILIA


Com espírito de comunhão, acolhemos todos vocês que vieram celebrar conosco esta Santa Eucaristia, a “Missa do Crisma”, expressão de comunhão do bispo com o seu presbitério; é uma oportunidade para manifestarmos gratidão a Deus pelo dom da vocação episcopal, sacerdotal e diaconal, com a qual fomos revestidos pela graça de Deus, apesar das nossas fragilidades. 
Um olhar para o nosso momento atual nos mostra a situação da pandemia do novo coronavírus que afeta e desafia a vida e o nosso ministério. Na atual conjuntura muitos irmãos sacerdotes experimentam sentimentos de perplexidade e impotência diante daquilo que pode ameaçar a sua própria vida, mas também ameaça a vida daqueles que pertencem à porção do povo de Deus confiado aos nossos cuidados. 
Bruscamente nossa rotina de vida e de trabalho foi completamente alterada, nossas agendas, nosso plano pastoral, tudo ficou como que paralisado ou, pelo menos, suspenso. As atividades presenciais foram transformadas em atividades remotas e tivemos que lançar mão das modernas tecnologias de comunicação. 
Em outras palavras essa pandemia impõe-se como um verdadeiro desafio ao exercício do nosso ministério sacerdotal, a Covid-19 veio frear nosso ativismo, nosso corre-corre e nos colocou frente a frente com o sentido do nosso ministério: Por que sou padre? Para que sou padre? 
Se Deus nos colocou neste momento histórico, certamente não foi por acaso. Mesmo que dolorosa e involuntária, essa revisão se faz muito oportuna e necessária à medida que nos leva a pensar nas raízes da nossa vocação. 
Em primeiro lugar, em relação ao ativismo em que estávamos inseridos, esse tempo de isolamento social veio nos lembrar que o que deve dar sentido ao nosso ministério não é apenas o que fazemos. A vida ministerial do sacerdote não pode ser uma superposição de obrigações funcionais. 
Na raiz da nossa vida sacerdotal deve estar a identificação com Cristo. “Portanto, os presbíteros são chamados a prolongar a presença de Cristo, atualizando seu estilo de vida e tornando-se como que a Sua transparência no meio do rebanho a eles confiados”, PDV 14. 
Nossa unção nos coloca a serviço do povo de Deus com uma peculiar pertença e configuração a Jesus Cristo e com a autoridade de atuar no nome e na pessoa dele, cabeça e pastor da Igreja. Aí reside a beleza e a grandeza do ministério presbiteral, só a partir dessa raiz realizamos as funções ministeriais. 
Caríssimos sacerdotes, o querido povo de Deus da nossa diocese espera esse tipo de presença, através da qual ele pode renovar o seu encontro com aquele que foi o perfeito ungido e servidor do Pai, que na força do Espírito Santo anunciou a salvação traduzida na libertação das situações de escravidão, fruto do pecado pessoal ou do pecado social, que ferem a dignidade da vida das pessoas. 

Na celebração deste dia, que somos chamados a renovar o nosso sacerdócio em torno do bispo, do presbitério e do povo de Deus aqui representado, somos chamados a reacender em nós a consciência de que o Senhor nos ungiu e nos enviou para uma vida de entrega generosa de nós mesmos aos irmãos e irmãs, principalmente aos mais pobres, prolongando nos dias de hoje a missão de Jesus. 
Como afirma o Decreto Conciliar Presbyterorum Ordinis: “Não poderiam ser ministros de Cristo se não fossem testemunhas e dispensadores duma vida diferente da terrena, e nem poderiam servir os homens se permanecessem alheios à sua vida e às suas situações”. Para isso o Concílio elenca algumas virtudes: bondade, sinceridade de alma, constância, justiça, delicadeza, cf. PO 3. 
O presbítero que procura assemelhar-se ao Bom Pastor, com gestos bonitos de entrega, atenção e serviço, não teme arriscar a sua própria vida por suas ovelhas, mas enfrentando as intempéries permanece junto ao seu redil. 
Apesar das ambiguidades e contradições do nosso clero, muitos dos nossos padres vivem seu ministério com fidelidade e sabem reservar tempo para sua formação permanente e o cultivo da vida espiritual. 
Todavia, ensina ainda a Presbyterorum Ordinis, que a missão sacerdotal não é um ato isolado, mas se concretiza na comunhão com os demais presbíteros, com o Bispo e com os leigos, seguindo as orientações da Igreja, na sua catolicidade e da Diocese, na sua particularidade. 
Por fim, São João Maria Vianney afirma que “morreríamos de amor” se conseguíssemos compreender o sacerdócio na terra. Só no céu compreenderemos o significado e o valor do sacerdote. 
Por sua vez, afirma Santa Teresinha do Menino Jesus: “Vim para o Carmelo para rezar pelos sacerdotes. Deus não chamou os que são dignos da graça sacerdotal, mas chamou os que Ele quis. Movido pela sua misericórdia é que Ele chama os seus sacerdotes”. 
Neste dia em que nossa Igreja diocesana se reúne ao redor do altar da esperança, rezemos pelos nossos padres, diáconos, e por mim vosso Pastor, para que sejamos sempre sustentados pelo Senhor em nossa fraqueza e fortalecidos pelo seu amor misericordioso, para que nosso ministério seja fecundo, sob a constante proteção de nossa padroeira Nossa Senhora da Conceição. Assim seja! 

Viana (MA), 25 de julho de 2020 


Dom Evaldo Carvalho dos Santos, CM 
Bispo Diocesano 



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