Hoje, este contexto tem novos adornos e novos personagens, em especial em nosso Brasil, onde o cristianismo protestante tem se tornado um negócio lucrativo e apoiado todo tipo de injustiças em nome de um Deus da morte aliado a governantes corruptos e autoritários. Da outra parte ainda continua um cristianismo católico que ainda não se reconciliou com os novos tempos, nem com sua origem, e vive namorando o cristianismo protestante acima citado. Existe ainda um cristianismo popular que vive alimentado pelas devoções católicas e pelo tradicionalismo religioso do imaginário popular. Finalmente ainda existe alguns traços de um cristianismo de libertação que em alguns momentos e em alguns pouco lugares teve uma breve emancipação, mas hoje serve geralmente para pesquisas.
Na sua última carta dirigida a igreja e a humanidade, o papa Francisco nos lembra uma grande verdade esquecida, somos todos irmãos, num mundo onde todos querem ser donos ou superiores. E em breve o Papa Francisco deve anunciar uma importante reforma que é da administração da comunidade cristã que deve ser orientada pelo anúncio do Evangelho e não pela burocracia que não leva em conta a vida e realidade das pessoas.
Além desta reforma, uma outra reforma é muito urgente. A reforma na formação dos líderes religiosos católicos chamados de padres que ainda refletem no mais otimismo cenário o século XIX, alguns veem ainda como o pré iluminismo. Onde um dos objetivos fundamentais da religião era combater o ateismo.
Numa nova igreja que pretende gerar novos missionários para novos tempos, a padronização deve abrir espaços para uma pluralidade e diversidade de formas de comunhão e participação visto a diversidade de culturas e multiplicidades realidades.
Hoje, num mundo pós moderno e de múltiplas tecnologias a formação de um padre dura em média uma década, as pessoas de carne e osso não esperam e não entendem por que de centenas de milhões de católicos só conseguem formar algumas centenas de padres por ano. A resposta é simples e precisa da coragem dos nossos bispos, formadores e conselhos dos consultores diocesanos para a realidade local. Pois o nosso povo precisa de líderes que amam seu povo e sejam uma presença servidora e animadora da comunidade. Os burocratas que falam para pessoas do século XIX e responde questões abstratas formados nos antigos e atuais seminários com raras e honrosas exceções, apenas são caros e passam a maior parte do tempo cuidando dos seus paramentos.
É necessário e urgente em nosso tempo priorizar a formação inicial de verdade: o que leva o jovem para ser padre? Certamente não é ficar trancafiado uma década num seminário para fazer parte de uma elite sacerdotal, tempo que pode ser reduzido pela metade priorizando a formação teológica, humana e missionária com uma vivência mais próxima da realidade onde ele deve viver.
Nosso povo não quer títulos acadêmicos dos religiosos e outras certificações que o cristianismo católico perde muito tempo. Nosso povo precisa de líderes que sejam presença junto as pessoas que não podem esperar uma década para ouvir líderes religiosos que se esquecem da mensagem de Jesus Cristo para anunciar uma cultura ou uma doutrina que não faz mais sentido no século XXI.
Que estas provocações possam nos ajudar a despertar de um sono que já dura algumas décadas.
Pe. Antonio Rodrigues
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