Dom Gabriele Giordano Caccia é o representante da
Santa Sé junto à ONU (Reprodução Youtube ?" Loyola School of Theology)
Dom
Caccia defendeu que pacotes de retomada econômico e de regeneração sejam usados
para o para o bem comum
"A Santa Sé encoraja este comitê a encontrar a maneira de enfatizar
as implicações éticas e mais amplas da atividade econômica nos próximos anos e
a necessidade de transformar a economia para que esteja realmente a serviço da
pessoa humana."
Foi o que disse o observador permanente da Santa Sé, na ONU, dom
Gabriele Caccia, durante seu discurso nesta quarta-feira (07), em Nova York, no
qual ofereceu algumas reflexões sobre questões de política macroeconômica.
Primeiramente, dom Caccia sublinhou que a inclusão financeira e o
desenvolvimento sustentável foram gravemente atingidos pela pandemia da
Covid-19, e teve "um impacto devastador na economia, no emprego, na
produção sustentável, no comércio internacional e nacional". Estados, famílias
e indivíduos, quase ninguém escapou das dificuldades econômicas devido às
consequências do vírus, mas algumas pessoas e alguns países sentiram mais o
impacto. "Os países em desenvolvimento, ao administrar a pandemia com
sistemas de saúde muitas vezes inadequados, foram atingidos por um triplo
choque econômico: queda na demanda de exportação, queda nos preços das
matérias-primas e uma fuga de capital sem precedentes".
Para superar esta recessão econômica global, dom Caccia convidou todos a
trabalharem juntos para garantir que os "pacotes de retomada"
econômicos, os "pacotes de regeneração", estejam a serviço do bem
comum. "O objeto de particular atenção nos esforços de retomada devem ser
as micro, pequenas e médias empresas, pois são elas que constituem a espinha dorsal
das economias tanto dos países desenvolvidos quanto dos países em
desenvolvimento", frisou o representante vaticano, e os trabalhadores com
empregos "informais", com trabalhos de meio período ou sazonais,
muitos deles migrantes, que recorrem a organizações beneficentes e instituições
religiosas para sobreviver.
Diante da obrigação dos Estados em desenvolvimento de desviar os
recursos nacionais escassos para o pagamento da dívida, prejudicando o
desenvolvimento integral, enfraquecendo os sistemas de saúde e educação,
reduzindo "a capacidade dos Estados de criar condições para a realização
dos direitos humanos fundamentais", o arcebispo salientou que "a
Santa Sé deseja incentivar a Comunidade internacional a enfrentar os crescentes
desequilíbrios econômicos entre os Estados através da reestruturação da dívida
e, em última instância, "o cancelamento da dívida dos países mais
vulneráveis", em vista a crise de saúde, social e econômica que devem
enfrentar por causa da Covid-19.
Dom Caccia convidou à cooperação internacional a fim de combater os
fluxos financeiros ilícitos (IFF), que subtraindo "recursos dos gastos
públicos e cortando os capitais disponíveis para os investimentos privados,
privam os países dos recursos necessários para fornecer serviços públicos,
financiar programas de redução da pobreza e melhorar a infraestrutura", e
incentivam atividades criminosas que prejudicam o Estado de Direito e a
estabilidade política.
"O trabalho das Nações Unidas sobre questões de política
macroeconômica deve refletir atentamente sobre as implicações éticas a fim de
que cada pessoa possa alcançar a prosperidade econômica e cada país possa viver
em paz", concluiu o representante da Santa Sé.
Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário