Tema
do 4º Dia Mundial do Pobre é "Estende a tua mão ao pobre" (Unsplash/
Shail Sharma)
Igreja Católica celebrará o 4º Dia
Mundial do Pobre em 15 de novembro
Conforme proposta do
papa Francisco, neste próximo domingo, 15 de novembro, a Igreja Católica
celebrará o 4º Dia Mundial do Pobre. Para este ano, o papa propõe como tema:
"Estende a tua mão ao pobre". É uma palavra tirada de um dos últimos
livros do primeiro testamento. O Eclesiástico foi escrito em grego e por isso
nem consta na versão das Bíblias usadas por algumas Igrejas evangélicas. Hoje,
este conselho do livro sagrado (Sir 7, 32) nos orienta a como agir
de modo que possamos superar as barreiras da indiferença social e construir uma
sociedade fundamentada na irmandade de todos e todas. Como, neste momento, os
movimentos sociais têm repetido: "ninguém largue a mão de ninguém".
Neste tempo de pandemia,
um dos cuidados necessários é evitar os contatos pessoais, principalmente com
as mãos. A imunização manda lavar constantemente as mãos e sempre que seja
necessário, com álcool. No entanto, a proposta do papa Francisco ao retomar
este preceito do livro da Sabedoria é mais do que toque corporal. Pede que nos
coloquemos firmemente do lado dos pobres na hora de votar no próximo domingo
para representantes do poder municipal e no modo de enfrentar este difícil
tempo em que vivemos.
Ao propor este domingo
como Dia Mundial dos Pobres, o papa chamou a atenção para que não seja um dia
de estudo sobre a pobreza, nem apenas a denúncia de que, no mundo atual, as
desigualdades sociais aumentam e a vida dos pobres se torna a cada dia mais
precária. Ele nos pede que seja um dia de humanização do nosso convívio. Seja
um dia de maior comunhão com as pessoas mais pobres que passam ou vivem ao
nosso redor.
Nestes três anos
anteriores, ele mesmo tem dado o exemplo e todos os anos tem feito um almoço e
encontrado formas de conviver e se colocar ao lado de pessoas que muitas vezes
na sociedade são invisíveis.
Além disso, o papa tem
procurado sempre dialogar com os movimentos sociais que organizam os pobres na
sua caminhada de libertação. Mesmo nestes tempos de isolamento forçado,
provocado pela pandemia, o papa nos dá o exemplo. No sábado, 24 de outubro,
através do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, reuniu no
Vaticano representantes de movimentos sociais de todo o mundo.
Esta iniciativa do papa
de encontrar com representantes dos movimentos sociais começou em 2014 no Vaticano.
Houve um segundo encontro dos movimentos sociais com o papa na Bolívia em 2015
e depois novamente no Vaticano em 2016. Desta vez, o encontro se realizou
através de videoconferência. Estiveram presentes cerca de 150 representantes de
movimentos sociais que responderam neste encontro à carta que o papa lhes
dirigiu por ocasião da Páscoa. Ali estava a Via Campesina que reúne mais
de cem milhões de lavradores no mundo. A Slum Dwellers da Índia
representava os pobres da cidade. As comunidades afro indígenas da Bolívia, os
movimentos de meninos de rua da Guatemala, o Movimento Africano de Crianças e
de jovens que trabalham na Costa do Marfim, as Brigadas de Paz do México e
várias outras estavam presentes.
Os três objetivos do
encontro foram:
1º - aprofundar a
reflexão sobre os chamados três T: terra, teto e trabalho, direitos sagrados
sobre os quais o papa e os movimentos sociais têm insistido.
2º - partilhar as
reflexões sobre a última encíclica do papa "Somos todos irmãos e
irmãs".
3º - discutir as perspectivas
e as propostas do que se está chamando a "Economia de Francisco e
Clara", tema do encontro que, ainda neste mês, mesmo que seja
virtualmente, o papa terá virtualmente com economistas jovens do mundo
inteiro.
Desde o seu primeiro
encontro com os movimentos sociais, o papa tem deixado claro que ele convoca
estes encontros não para que os participantes ouçam o que o papa tem a lhes
dizer e sim para que o papa os escute e eles saibam que o papa está do lado
deles na luta profética por um mundo novo possível. Esta é a interpelação que a
proposta do Dia Mundial dos Pobres nos traz: colocar-nos junto deles na
caminhada da Vida. Como sempre nos ensinou a teologia da libertação: junto com
os pobres, contra a pobreza injusta.
Como escreve o papa
Francisco, na mensagem que mandou para nós a respeito da celebração deste dia:
"O objetivo de cada ação nossa só pode ser o amor. Este é o objetivo para
onde caminhamos, e nada deve nos distrair dele. Este amor é partilha, dedicação
e serviço, mas começa pela descoberta de que primeiramente fomos nós amados e
despertados para o amor. Esta finalidade aparece no momento em que a criança se
cruza com o sorriso da mãe, sentindo-se amada pelo próprio fato de existir. De
igual modo um sorriso que partilhamos com o pobre é fonte de amor e permite
viver na alegria. Possa então a mão estendida enriquecer-se sempre com o
sorriso de quem não faz pesar a sua presença nem a ajuda que presta, mas
alegra-se apenas em viver o estilo dos discípulos de Cristo".
Marcelo Barros
Fonte: domtotal.com
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