quinta-feira, 26 de novembro de 2020
EM MENSAGEM AO POVO DE DEUS, CNBB REFORÇA A ESPERANÇA, A CARIDADE E MISSÃO DA IGREJA NO BRASIL NO CONTEXTO DA PANDEMIA
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu, como resultado da
reunião realizada nesta quarta-feira, 25 de novembro, uma Mensagem ao Povo
Brasileiro em tempo de pandemia. O documento foi referendado pelos mais de 200
bispos, num total de 297 pessoas, compreendendo assessores das comissões
episcopais e representantes de pastorais e organismos vinculados à CNBB que
participaram da reunião.
A
mensagem busca refletir sobre a presença e missão da Igreja na realidade
brasileira e expressar uma mensagem de esperança e proximidade no contexto do
novo Coronavírus. O documento destaca ainda que a Igreja no Brasil é impelida a
perseverar na caridade, dando continuidade, nas paróquias, comunidades
eclesiais missionárias e instituições religiosas de todo país, das redes de
solidariedade em defesa da vida que se multiplicaram-se neste ano em razão da
pandemia.
“Como
discípulos missionários, queremos crescer nesse tempo difícil, empenhados em
remover as desigualdades e sanar a injustiça. A humanidade aguarda uma vacina
que, distribuída com equidade, possa ajudar a garantir a vida e a saúde para
todos”, diz um trecho do documento.
Confira,
abaixo e a seguir em formato pdf, a íntegra
da mensagem (aqui).
Mensagem
ao Povo de Deus em tempo de pandemia
Feliz aquele que suporta a provação, porque,
uma vez provado,
Amado
Povo de Deus, nós bispos do Brasil, reunidos num encontro virtual para refletir
sobre a atual presença e missão da Igreja, queremos expressar nossa mensagem de
esperança e proximidade.
Neste
ano irrompeu inesperadamente a pandemia da COVID19, alterando nossas rotinas,
revelando outras enfermidades de nosso tempo e causando grande impacto num já
fragilizado sistema de saúde, na seguridade social, nos sistemas produtivos, na
educação, na vida familiar, social e religiosa em geral. O Papa Francisco alerta
que “a tribulação, a incerteza, o medo e a consciência dos próprios limites,
que a pandemia despertou, fazem ressoar o apelo a repensar os nossos estilos de
vida, as nossas relações, a organização das nossas sociedades e, sobretudo, o
sentido da nossa existência”. (Fratelli Tutti, 33)
Estamos
num tempo de muitos questionamentos e cabe-nos escutar o que o Espírito tem a
dizer para a Igreja (Ap 2,7) nesse contexto. A provação tem favorecido
importantes aprendizados e oportunidades para a vivência e o anúncio do
Evangelho. Reconhecemos, com gratidão, o empenho de tantas comunidades cristãs
que foram criativas para manter a ação evangelizadora, especialmente pelas
mídias sociais, promovendo a transmissão de celebrações litúrgicas, catequeses
e aconselhamento aos fiéis. A Igreja doméstica foi fortalecida, em sintonia com
as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, que promovem a comunidade cristã
como Casa da Palavra, do Pão, da Caridade e da Missão. Percebe-se o
protagonismo dos leigos e, especialmente, das mulheres na promoção da Igreja
nas casas.
Igualmente
somos impelidos pelo Evangelho a perseverar na caridade. Nas paróquias,
comunidades eclesiais missionárias e instituições religiosas de todo país,
multiplicaram-se as redes de solidariedade em defesa da vida. Por isso, foi
coloca em prática a ação solidária É Tempo de Cuidar, voltada a atender
demandas de primeira necessidade das pessoas que se encontram em situação de
vulnerabilidade social no contexto da pandemia. Unidos a outras entidades da
sociedade civil, estamos buscando concretizar o Pacto pela Vida e pelo Brasil,
conclamando toda a sociedade para que, nesse tempo de pandemia, ninguém seja
deixado para trás.
Como
nos tem provocado o Papa Francisco, precisamos escutar o clamor das famílias,
trabalhar por uma economia “mais atenta aos princípios éticos” (Fratelli Tutti,
170), oferecer uma política melhor, sem desvios na garantia do bem comum,
propor uma educação humanista e solidária, comprometidos na permanente
construção da democracia. É urgente combater o racismo que se dissimula, mas
não cessa de reaparecer. (Fratelli Tutti, 20) Queremos assegurar a vida desde a
concepção até a morte natural, preservar o meio ambiente e trabalhar em defesa
das populações vulneráveis, particularmente indígenas e quilombolas.
Preocupa-nos o crescimento das várias formas de violência, entre elas, o
feminicídio. “Cada ato de violência cometido contra um ser humano é uma ferida
na carne da humanidade; cada morte violenta “diminui-nos” como pessoas”.
(Fratelli Tutti, 227)
Como
discípulos missionários, queremos crescer nesse tempo difícil, empenhados em
remover as desigualdades e sanar a injustiça. A humanidade aguarda uma vacina
que, distribuída com equidade, possa ajudar a garantir a vida e a saúde para
todos.
Pedimos
que Deus acolha junto a Si os que morreram neste tempo e dê consolação e paz às
famílias enlutadas. Abençoamos especialmente os incansáveis profissionais da
saúde, os professores, os cuidadores e todos que atuam em serviços essenciais.
Nossa prece também pelos presbíteros, diáconos permanentes, consagrados e
consagradas, leigos e leigas de nossas igrejas, para que se sintam encorajados.
O
Advento é um tempo de renovar nossa esperança. Confiantes, afirmamos que a fé
em Cristo nunca se limitou a olhar só para trás nem só para o alto, mas olhou
sempre também para a frente (Spe Salvi, 41). Não desanimemos, não estamos
sozinhos: o Senhor está conosco!
Acompanhe-nos
a Santa Mãe de Deus, Senhora Aparecida, consolo dos aflitos, saúde dos enfermos
e esperança nossa! Invocamos sobre todos a bênção da Santíssima Trindade, que
sua misericórdia continue fortalecendo e animando o povo brasileiro.
Brasília-DF,
25 de novembro de 2020
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Dom Mário Antônio da Silva
Dom Jaime Spengler
Dom Joel Portella Amado
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