Manifestantes
em frente ao Carrefour em Porto Alegre protestam, em novembro, pelo assassinato
de João Alberto, morto pelos seguranças da loja (Guilherme
Gonçalves/FotosPublicas)
Organizações entendem que
silêncio religioso sobre racismo é cúmplice e vergonhoso.
Neste domingo, 20 de
dezembro, organizações do movimento negro, religiosas e de direitos humanos
realizam o ato inter-religioso e ecumênico Minha fé é antirracista – em
defesa de todas as vidas negras. A data marca um mês do assassinato de José
Alberto Freitas e retoma o chamado feito pelo movimento social negro no dia 20
de novembro para o compromisso antirracista.
Na ocasião, entidades
religiosas de diferentes credos e organizações de direitos humanos de todo o
Brasil, convocam fiéis e cidadãos brasileiros comprometidos com a justiça
social, para que manifestem sua indignação frente ao genocídio da população
negra. "Também chamamos à sociedade brasileira a acompanhar as vozes do
ativismo social negro em Porto Alegre, que junto aos entes queridos e amigos de
João Alberto, irá manifestar sua inconformidade e indignação em frente ao Carrefour
Passo D'Areia as 15 horas, no mesmo dia", afirma a organização do evento.
O clamor é também pela
manutenção da vida de crianças, jovens, homens e mulheres negras. Um clamor
histórico das vozes dos movimentos sociais negros que em junho deste ano culminou
na publicação do Manifesto: "Enquanto houver racismo, não haverá
democracia" articulado pela Coalizão Negra por Direitos. O documento
político exige o comprometimento da sociedade brasileira com o fim do processo
contínuo de genocídio da população negra.
Hoje
as organizações que convocam o ato 'Minha fé é antirracista' entendem que passa
da hora de romper um silêncio que é cúmplice e vergonhoso. É preciso que nos
somemos às articulações do movimento social negro, como a Coalizão Negra por
Direitos, e exijamos de conjunto a concretude de posturas antirracistas em cada
canto do Brasil, afirma a organização do evento.
Participarão destas
mobilizações os familiares do João Alberto Silveira Freitas, ao lado de
lideranças do movimento negro de Porto Alegre e de entidades com atuação em
âmbito nacional. A celebração contará ainda com as lideranças religiosas: Bàbá
Diba de Iyemonjá, representando o Conselho do Povo de Terreiro do estado do Rio
Grande do Sul; Ìyá Sandrali de Oxum, representando Mulheres de Axé da Rede
Nacional de Religiões Afro brasileiras e Saúde; dom Zanoni Demettino Castro,
representando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); a Monja Coen,
representando a Comunidade Zen Budista; rabino Ruben Sternschein, da
Congregação Israelita Paulista (CIP), e a pastora Luterana Cibele Kuss,
representando o Fórum Inter-religioso e Ecumênico pela Democracia/RS.
A transmissão do evento se dará às 11h nas redes sociais da Coalizão Negra por Direitos, Twitter e Facebook, com retransmissão nas redes sociais das entidades que organizam o evento.
Dom
Zanoni
O arcebispo de
Feira de Santana, na Bahia, e bispo referencial da Pastoral Afro brasileira,
dom Zanoni Demettino Castro, irá participar do evento representando a CNBB. Em
vídeo gravado para a ocasião, ele falou sobre a motivação:
Faço
minhas as palavras do papa Francisco, por ocasião da morte de um homem negro
americano George Floyd: "Não podemos tolerar e fechar os olhos diante de
nenhuma forma de racismo ou exclusão".
Toda
essa violência ideologicamente sustentada não irá nos amedrontar. Não iremos
retroceder às vidas negras. Justamente nesse tempo nós relembramos, fazemos
memória dos 325 anos do assassinato de Zumbi dos Palmares, grande ícone da luta
e da resistência do povo negro. O negro nunca aceitou esse crime que lesa a
humanidade.
Nós
queremos compreender como cristãos, a exemplo do ensinamento do apóstolo São
Paulo: "Já não há judeu, nem grego, nem escravo, nem livre, nem homem, nem
mulher, todos somos um em Jesus Cristo".
Que
o senhor nos ajude nessa caminhada, nessa travessia. Jesus Cristo, o moreno da
Galileia, o quilombola de Nazaré, e também com a sua mãe Maria, a soberana
quilombola.
Nossa
fé é antirracista!
Convocam
o ato:
Artigo 19
Cenarab –
Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira
CIP –
Congregação Israelita Paulista
CNBB –
Conferência Nacional do Bispos do Brasil/Pastoral Afro Brasileira
Coalizão Negra
por Direitos
Comissão Arns
Conectas
Direitos Humanos
CONIC –
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
Conselho do
Povo de Terreiro do Estado do Rio Grande do Sul
FIRE – Fórum
Inter-religioso e Ecumênico do RS
FLD – Fundação
Luterana de Diaconia
Frente de
Evangélicos pelo Estado de Direito
IBD – Instituto
Brasileiro de Diversidade
IDAFRO-
Logotipo do comerciante
Instituto de
Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras
Iser –
Instituto de Estudos da Religião
MNU – Movimento
Negro Unificado
Mulheres de Axé
da Renafro
Renafro – Rede
Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde
Themis –
Gênero, Justiça, Direitos Humanos
UNI – União
Nacional Islâmica
Zendo Brasil –
Comunidade Zen Budista
Fonte: CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário