Bispo suíço Charles Morerod de
Lausanne-Genebra-Friburgo, em 15 de maio de 2018 em Genebra. (Jea-Christophe
Bott/Maxppp)
Dificuldade
de aceitar a cultura igualitária do país também levará a redução do clero
estrangeiro incardinado
O bispo suíço Charles Morerod anunciou planos para reduzir o número de
padres da sua diocese de Lausanne-Genebra-Friburgo (LGF), que dirige desde
2011, dos atuais 345 para 170.
Atualmente com 59 anos, o prelado é um teólogo dominicano que
desempenhou já a função de secretário-geral da Comissão Teológica Internacional
e foi reitor da Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino (o Angelicum),
de Roma. Tem-se manifestado sobre a necessidade de uma profunda reforma
eclesial, chegando mesmo a discordar dos seus confrades. Em declarações
recentes à agência católica suíça Cath.ch, Morerod observou que, "na
maioria das vezes, as pessoas falam sobre a falta de padres, ao passo que
(aqui) há uma abundância de padres". E acrescentou: "Só em Friburgo,
uma pequena cidade de 38 mil habitantes, há 40 missas todos os domingos, o que
excede a procura."
Explicando o sentido e alcance das medidas que defende, o bispo Morerod
disse estar convencido de que, havendo menos padres, isso fará com que haja
mais fiéis por celebração. "Esta é uma estimativa esquemática, que leva em
conta o envelhecimento dos padres e os católicos praticantes",
continuou." Além disso, o reagrupamento já é uma realidade para os jovens
católicos praticantes que se reúnem em algumas igrejas nos centros das
cidades", acrescentou.
O bispo suíço considera que a situação atual é "deprimente,
especialmente no campo, onde muitas vezes há apenas uma dúzia ou pouco mais de
pessoas que seguem silenciosamente a liturgia nos bancos de trás". A
pandemia também fortaleceu a determinação do bispo: "Os crentes mais
velhos não vão voltar às igrejas rapidamente por medo do vírus", disse
ele.
O seu plano também visa reduzir o número de padres estrangeiros na
diocese suíça. "Uma igreja na qual a maioria dos fiéis são imigrantes
precisa de um clero multicultural. Mas, com 50 por cento de padres estrangeiros
na diocese, foi atingido um limite. As diferenças culturais estão a
acumular-se", explicou o bispo Morerod. Exemplificando, observou que
alguns padres, sobretudo africanos e polacos, além do obstáculo com a língua,
têm manifestado dificuldade de aceitar a cultura igualitária da Suíça, que
reconhece os direitos de palavra e de participação dos leigos e nomeadamente
das mulheres.
O prelado diz ter também presente a falta que alguns dos sacerdotes
podem estar a fazer nos países de origem. "O Vaticano adverte regularmente
contra uma espécie de ‘fuga de cérebros'" das dioceses africanas ou
asiáticas, explicou ele, em declarações citadas pelo jornal digital La Croix
International.
Sete Margens
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