Os
idosos vacinados aguardam em uma área de espera antes de deixar um local para a
distribuição das vacinas covid-19 para pessoas sem-teto com mais de 65 anos em
Los Angeles (Frederic J. Brown/AFP)
Por
causa de um 'nacionalismo' de vacinas, o Covax Facility - dispositivo da ONU
destinado a distribuir vacinas contra a Covid-19 aos países mais pobres -
poderia enfrentar uma falta de doses por vários anos
As vacinas contra a
Covid-19 só permitirão acabar com a pandemia se todos os países receberem doses
de forma rápida e justa, alertaram vários especialistas nesse sábado (13). Em
uma carta aberta publicada na revista The Lancet, seus autores
consideram que o acúmulo de doses de vacina nos países mais ricos corre o risco
de prolongar a crise.
Por causa deste
"nacionalismo" de vacinas, o Covax - dispositivo da ONU destinado a
distribuir vacinas contra a Covid-19 aos países mais pobres - poderia enfrentar
uma falta de doses por vários anos.
"A verdade crua é
que o mundo precisa de cada vez mais doses de vacinas anti-Covid do que nenhuma
outra vacina na história para imunizar pessoas suficientes e alcançar a
imunidade coletiva", diz o autor principal, Olivier Wouters, da London
School of Economics and Political Science. "A menos que as vacinas sejam
distribuídas de forma mais igualitária, pode levar anos antes que o coronavírus
esteja sob controle em nível mundial".
Os países pobres têm
grandes problemas para procurar as doses e administrá-las em suas populações,
devido à falta de dinheiro e às carências em infraestruturas de transporte e
armazenamento, especialmente para as vacinas RNA que devem ser conservadas a
uma temperatura muito baixa.
Apesar dos investimentos
públicos e privados sem precedentes no desenvolvimento e fornecimento de
vacinas, o Covax estima que precisa de US$ 6,8 bilhões a mais para conseguir
entregar vacinas a 92 países em desenvolvimento.
Os autores da carta
aberta, com base em dados comerciais disponíveis, destacam que os governos dos
países ricos representam 16% da população mundial que obteve 70% das doses, ou
seja, o suficiente para vacinar várias vezes cada um de seus cidadãos.
Segundo eles, as
vacinas desenvolvidas pela China e Rússia podem ajudar a melhorar a situação,
assim que forem aprovadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
AFP/Dom Total
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