Na
véspera do segundo aniversário da assinatura do Documento sobre a Fraternidade
Humana, em 4 de fevereiro de 2019, retomamos os passos dados pelo Papa seguindo
o caminho traçado por São Francisco. Em seus ensinamentos, as fontes de
inspiração para "Laudato si'", o documento de Abu Dhabi e a encíclica
"Fratelli tutti"
Amedeo Lomonaco – Vatican News
Muitos
dos passos e gestos do Papa Francisco são parte de uma trajetória que começa em
Assis e é claramente discernível desde os primeiros dias de seu pontificado. Na
Santa Missa no início de seu ministério petrino, em 19 de março de 2013, o
Pontífice já indicava a direção que acompanharia o seu magistério. Naquela
homilia o Santo Padre disse: "A vocação de salvaguarda não diz respeito
somente a nós cristãos, ela tem uma dimensão que precede e é simplesmente
humana, ela diz respeito a todos. É a custódia de toda a criação, a beleza da
criação, como nos é dito no Livro do Gênesis e como São Francisco nos mostrou:
é ter respeito por toda criatura de Deus e pelo ambiente em que vivemos".
Em
4 de outubro de 2013, no dia da festa de São Francisco, o Papa estava em Assis.
"Desta Cidade da Paz", disse em sua homilia durante a Missa,
"repito com a força e a mansidão do amor: respeitemos a criação, não
sejamos instrumentos de destruição! "Ouçamos o grito dos que choram,
sofrem e morrem por causa da violência, do terrorismo ou da guerra, na Terra
Santa, tão amada por São Francisco, na Síria, em todo o Oriente Médio, em todo
o mundo".
Laudato si’
A
custódia da criação é o tema central da encíclica Laudato si' que, com um
título extraído do Cântico das Criaturas, propõe a trama de uma ecologia
integral para um novo paradigma de justiça. Várias passagens deste documento,
publicado em 24 de maio de 2015, são dedicadas a São Francisco. "Tomei seu
nome", escreve o Papa, "como meu guia e inspiração no momento de
minha eleição como Bispo de Roma". Creio que Francisco seja o exemplo por
excelência do cuidado com o que é fraco e de uma ecologia integral, vivida com
alegria e autenticidade".
O
Pontífice destaca também na encíclica a conexão entre os seres humanos e o
mundo. "Não é por acaso que, no cântico em que louva a Deus pelas
criaturas, São Francisco acrescente: 'Laudato si', mi' Senhor, por aqueles que
perdoam por causa de teu amor". Tudo está interligado. Por isso, exige-se
uma preocupação pelo meio ambiente, unida ao amor sincero pelos seres humanos e
a um compromisso constante com os problemas da sociedade”. A exortação é para
ouvir o grito da terra e dos pobres.
Documento de Abu Dhabi
O encontro de São Francisco com o sultão. Do ciclo de afrescos
"Histórias de São Francisco" da Basílica Superior de As
"Bem-aventurados
os pacificadores, pois eles serão chamados filhos de Deus. Verdadeiramente os
pacíficos são aqueles que, apesar de tudo o que sofrem neste mundo, em nome de
nosso Senhor Jesus Cristo, mantêm a paz da mente e do corpo". Este texto
da décima quinta das vinte e uma "Admoestações" atribuídas a São
Francisco de Assis tem os mesmos horizontes voltados para a reconciliação
indicados no Documento sobre a Fraternidade Humana. Assinado em 4 de fevereiro
de 2019 pelo Papa Francisco e o Grão Imame de Al-Azhar em Abu Dhabi, o texto
contém um forte convite a se redescobrirem como irmãos, a fim de promover
juntos a justiça e a paz, garantindo os direitos humanos e a liberdade
religiosa. “A fé", lê-se no prefácio, "leva o crente a ver no outro
um irmão a ser apoiado e amado".
Papa Francisco assina a encíclica
Fratelli tutti
"Fratelli
tutti escrevia São Francisco de Assis para se dirigir – recorda o Papa em sua
última encíclica - a todos os irmãos e irmãs e propor-lhes uma forma de vida
com o sabor do Evangelho". O santo, acrescenta o Pontífice, "convida
a um amor que vai além das barreiras da geografia e do espaço" e declara
abençoado "aquele que ama o outro quando está longe dele, como se
estivesse ao seu lado". Com estas poucas e simples palavras - enfatiza o
Papa - São Francisco explicou "o essencial de uma fraternidade aberta, que
nos permite reconhecer, apreciar e amar cada pessoa além da proximidade física,
além do lugar do mundo onde nasceu ou onde vive".
“Fratres omnes”, não todos contra todos
Todos
são chamados a percorrer o caminho da fraternidade. Neste tempo dilacerado pela
crise, não apenas na saúde, a humanidade deve se abrir para o mundo, para o
irmão de cada terra. "Se não conseguirmos recuperar a paixão
compartilhada por uma comunidade de pertença e solidariedade, à qual saibamos
destinar tempo, esforço e bens, desabará ruinosamente a ilusão global que nos
engana”, escreve o Papa Francisco na encíclica Fratelli tutti “deixará
muitos à mercê da náusea e do vazio. Além disso, não se deveria ignorar,
ingenuamente, que ‘a obsessão por um estilo de vida consumista, sobretudo
quando poucos têm possibilidades de o manter, só poderá provocar violência e
destruição recíproca’. O princípio ‘salve-se quem puder’ traduzir-se-á
rapidamente no lema ‘todos contra todos’, e isso será pior que uma pandemia”.
No decorrer da história e nos últimos anos, muitas iniciativas nasceram no
caminho da fraternidade traçado por São Francisco e indicado pelo Papa. Este é
o caminho a seguir a fim de sair melhor da crise.
Fonte: Vatican News
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