Padre Julio
Lancellotti vai até viaduto para retirar pedras colocadas pela prefeitura
(Henrique Campos/ONU)
Sacerdote denuncia descaso do governo municipal com moradores
de rua e prefeitura revê decisão de instalar pedras debaixo de viaduto
Indignado com a
colocação de pedras embaixo de um viaduto feita pela Prefeitura de São Paulo, a
fim de afugentar pessoas em situação de vulneralibilidade de permanecerem no
local, o padre Julio Lancellotti foi para o local na manhã dessa terça-feira
(2), e com uma marreta tentou tirar os pedregulhos à força. "Quis mostrar
nossa indignação participando diretamente da ação. Aquilo é um absurdo, uma
aberração, é até ato de improbidade administrativa. Fomos para lá e agora a
Prefeitura começou a remover, por causa de toda repercussão", disse ao
Estadão.
O viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida fica na zona leste de São Paulo, no
bairro do Tatuapé. A subprefeitura da Mooca, sob o comando de Guilherme Kopke
Brito, promoveu as mudanças no local colocando pedras. "Isso eles dizem
que é fato isolado; não é verdade. É política dessa subprefeitura da Mooca. Já
tinham feito em outro na avenida Salim Farah Maluf", protesta Lancellotti,
se referindo ao viaduto Antonio de Paiva Monteiro.
Com a repercussão negativa após a instalação das pedras, na manhã desta
terça-feira a Prefeitura já havia mandado funcionários no local para desfazer o
serviço. "Tinha duas escavadeiras, cinco caminhões, três técnicos e mais
de 30 funcionários. Eu derrubei algumas pedras com a marreta, mas é muito
difícil, pois é concreto", explicou o padre, que tem 72 anos e quis fazer
esse "ato simbólico" para chamar atenção para o fato.
Logo
que deixou o local, Lancellotti postou em suas redes sociais e em instantes
muita gente aprovou a atitude do padre e se prontificou a ir para o local
ajudar. Ele revela que tem cobrado diariamente a Secretaria Municipal das
Subprefeituras e que, segundo ele, essa política de exclusão de pessoas em
situação de vulnerabilidade é algo constante. "Eles fazem mil estratagemas
para tirar as pessoas, só maldades. Só não fazem o que precisa realmente ser
feito, como aluguel social, por exemplo", desabafa.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo classificou o episódio como um caso isolado.
"A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal das Subprefeituras,
informa que a implantação de pedras sob viadutos foi uma decisão isolada, não
faz parte da política de zeladoria da gestão municipal, tanto é que foi
imediatamente determinada a remoção. A SMSUB instaurou uma sindicância para apurar
os fatos, inclusive o valor, e um funcionário já foi exonerado do cargo",
disse.
O
comunicado ainda explica que "os viadutos Antônio de Paiva Monteiro e Dom
Luciano Mendes de Almeida têm o monitoramento diário do SEAS Mooca, que
intensifica a ação quando há pessoas em situação de vulnerabilidade no local
com atendimentos de orientação à saúde, documentação, obtenção de benefícios
dos programas de transferência de renda e encaminhamento para Centros de
Acolhida", afirmou, reforçando que o aceite é voluntário.
Fonte: domtotal.com
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