Você
é o nosso principal governante! Como adota uma política deliberadamente
necrófila, conta com todo o apoio do capitão Bolsonaro (Mohammed Abed / AFP)
Frei
Betto
Desde fevereiro
de 2020, você governa o Brasil. Decide quem pode ir às ruas consumir, quais
comércios devem abrir ou fechar, o ritmo da produção industrial, a política das
exportações do agronegócio.
Você determina
como e quando escolas e universidades devem voltar às aulas presenciais ou
prolongar as virtuais. Calibra o sobe e desce da Bolsa de Valores e, sobretudo,
comanda todo o sistema público e privado de saúde em nosso país.
Você fez o PIB
decrescer em 2020 e obrigou o governo federal a gastar bilhões de reais na
importação de vacinas e insumos. Demitiu dois ministros da Saúde, ambos
médicos, e nomeou um general de plantão que não conhecia o SUS e nada entende
de medicina e logística.
Você é o nosso
principal governante! Como adota uma política deliberadamente necrófila, conta
com todo o apoio do capitão Bolsonaro. Este sabe que a Constituição e a atual
conjuntura o impedem de fazer o que tanto gostaria: fuzilar 30 mil ou 300 mil
opositores. O único recurso dele, no momento, é promover isso a conta-gotas ao
liberar a importação e o comércio de armas e munições, e relaxar o controle de
posse e porte. Você, no entanto, a cada dia suprime mais de mil vidas e já
infectou mais de 10 milhões de brasileiros com a sua deletéria presença.
Há, porém, uma
contradição entre você e seu principal aliado. Todos nós que repelimos os dois
gostaríamos de ver o Brasil livre de suas presenças. No seu caso, o único
recurso é ficar em casa, decretar o lockdown, suspender todas as atividades por
certo período. No caso de seu aliado, a solução é exatamente o inverso: ocupar
as ruas e repetir os protestos massivos de junho de 2013. Ele insiste em
criticar a vacinação em massa, o uso de máscara, o veto às aglomerações e as
medidas restritivas.
A verdade, Covid,
é que quanto mais o seu poder de contaminar a população se multiplicar, mais as
pessoas sensatas evitarão manifestações de rua. Por isso, seu maior aliado
sugere placebos e evita qualquer iniciativa para cercear sua capacidade de
infectar e matar.
Ele dá todo apoio
ao seu poder de desmobilizar as pessoas, induzir milhões à depressão, separar
famílias, estressar médicos e enfermeiros, produzir mais vítimas que leitos de
hospitais e, assim, prosseguir na mortandade precedida pela terrível tortura do
isolamento e da asfixia.
O gênio da maldade este Bolsonaro
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