Momento de oração ecumênica na Catedral de Lund durante a Viagem Apostólica do Papa a Suécia
Durante o
encontro com os representantes da Federação Luterana Mundial, Francisco
encorajou "todos aqueles que estão comprometidos com o diálogo
católico-luterano a prosseguirem com confiança na oração incessante, no
exercício da caridade partilhada e na paixão pela busca por uma maior
unidade".
Mariangela
Jaguraba - Vatican News
O Papa
Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (25/06), no Vaticano, uma
delegação da Federação Luterana Mundial. O Pontífice recordou sua visita a
Lund, cidade onde a Federação foi fundada, no âmbito de sua viagem apostólica à
Suécia, em 2016.
Ouça e compartilhe
"Naquela
inesquecível etapa ecumênica,
experimentamos a força evangélica da reconciliação, atestando que «através do
diálogo e do testemunho compartilhado não somos mais estranhos». Não mais
estranhos, mas irmãos", frisou o Papa.
"Em
caminho do conflito à comunhão, no dia da comemoração da Confessio
Augustana, vocês vieram a Roma para que cresça a unidade entre nós",
disse Francisco, desejando que "a reflexão comum sobre o Confessio
Augustana, em vista dos 500 anos de sua leitura em 25 de junho de 2030,
"traga benefício ao caminho ecumênico". "Na época, a Confessio
Augustana foi uma tentativa de neutralizar a ameaça de uma divisão no
cristianismo ocidental", recordou o Pontífice, lembrando que, em 1980, por
ocasião dos 450 anos desse texto,
luteranos e católicos afirmaram: «O que reconhecemos na Confessio
Augustana como fé comum pode nos ajudar a confessar esta fé juntos de
uma maneira nova também em nosso tempo». Confessar juntos o que temos em comum
na fé". Francisco recordou "as palavras do Apóstolo Paulo na Carta
aos Efésios: "Um só corpo, [...] um só batismo. Um só Deus".
Um só Deus
Segundo o
Papa, "no primeiro artigo, a Confessio Augustana professa
a fé no Deus Uno e Trino, referindo-se ao Concílio de Nicéia".
O
credo de Nicéia é uma expressão vinculante de fé não só para católicos e
luteranos, mas também para os irmãos ortodoxos e para muitas outras comunidades
cristãs. É um tesouro comum: trabalhemos para que o aniversário de 1.700 anos
daquele grande Concílio, que se realizará em 2025, possa dar um novo impulso ao
caminho ecumênico, que é um dom de Deus e um percurso irreversível para nós.
Um só batismo
Segundo o
Papa, "tudo aquilo que a graça de Deus nos dá a alegria de experimentar e
partilhar, a crescente superação das divisões, a cura progressiva da memória, a
colaboração reconciliada e fraterna entre nós, encontra seu fundamento no
"único batismo para a remissão dos pecados".
O
santo batismo é o dom divino original, que está na base de todo nosso esforço religioso
e de todo compromisso para alcançar a unidade plena. Sim, porque o ecumenismo
não é um exercício de diplomacia eclesial, mas um caminho de graça. Ele não se
apoia em mediações e acordos humanos, mas na graça de Deus, que purifica a
memória e o coração, vence a rigidez e se orienta para uma comunhão renovada:
não para acordos diminutivos ou sincretismos conciliantes, mas para uma unidade
reconciliada nas diferenças. Nesta perspectiva, gostaria de encorajar todos
aqueles que estão envolvidos no diálogo católico-luterano a prosseguir com
confiança na oração incessante, no exercício da caridade partilhada e na paixão
pela busca de uma maior unidade entre os vários membros do Corpo de Cristo.
Um só corpo
"Um
só corpo. A este propósito a Regra de Taizé contém uma exortação bonita",
frisou o Papa: "«Tenham a paixão pela unidade do Corpo de Cristo». A
paixão pela unidade amadurece através do sofrimento que se sente diante das
feridas que infligimos ao Corpo do Senhor".
Quando
sentimos dor pela divisão dos cristãos, aproximamo-nos do que Jesus
experimenta, continuando a ver os seus discípulos desunidos, as suas vestes
rasgadas. Hoje, vocês me deram uma patena e um cálice provenientes das oficinas
de Taizé. Agradeço-lhes por estes dons, que evocam a nossa participação na
Paixão do Senhor. Na verdade, também nós vivemos uma certa paixão, em seu duplo
significado: por um lado, o sofrimento, porque ainda não é possível nos
reunirmos em torno do mesmo altar; de outro, o ardor em servir à causa da
unidade, pela qual o Senhor rezou e ofereceu sua vida.
Por fim,
o Papa exortou a prosseguir "com paixão em nosso caminho do conflito à
comunhão".
A
próxima etapa será compreender os estreitos laços entre Igreja, ministério e Eucaristia.
Será importante olhar com humildade espiritual e teológica para as
circunstâncias que levaram às divisões, confiando que embora seja impossível
anular os tristes acontecimentos do passado, é possível relê-los dentro de uma
história reconciliada. A sua Assembleia Geral em 2023 poderá ser um passo
importante para purificar a memória e valorizar muitos tesouros espirituais que
o Senhor estabeleceu para todos durante os séculos. Queridos irmãos e irmãs, o
percurso que vai do conflito à comunhão não é fácil, mas n
ão estamos sozinhos: Cristo nos acompanha.
Arcebispo Musa: a reconciliação tem o rosto de
Jesus
As
palavras do Papa Francisco foram precedidas pelas do arcebispo Panti FIlibus
Musa, presidente da Federação Luterana Mundial. “Para nós a reconciliação tem
um rosto: Jesus Cristo, e com Jesus o rosto do nosso próximo. O amor de Deus
nos orienta para o próximo, a fé se torna ativa no amor. No encontro com os
pobres e com os esquecidos e explorados pelo mundo, descobrimos que Cristo vem
ao nosso encontro, nos alcança e nos torna uma só coisa”. “Luteranos e
católicos procuram compreender hoje, globalmente, como viver a vontade de Deus
que nos torna um”.
Fonte:Vatican News
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