Garimpeiros na floresta amazônica
A soma das terras tomadas dos povos indígenas alcançou uma área
igual à França e à Alemanha juntas. Esta é a denúncia presente no relatório
"Os donos da Terra", elaborado pela Focsiv e dedicado aos 331 líderes
locais que foram mortos em 2020 por se oporem à devastação e à poluição das
florestas. “Precisamos de regras internacionais obrigatórias para o respeito
dos direitos humanos e a proteção do meio ambiente” afirma o representante da
Federação que redigiu o relatório
Marco Guerra – Vatican News
Neste
ano e meio da pandemia da Covid 19, o mundo parou e muitas atividades
produtivas chegaram a uma paralisação sem precedentes. No entanto, a
desapropriação de terras continuou com a mesma intensidade, se não maior. Isto
é o que emerge do Relatório "Os donos da Terra". Sobre a apropriação
de terras 2021: as consequências nos direitos humanos, no meio ambiente e nas
migrações, realizado pela Focsiv, a Federação de Organismos Cristãos de Serviço
Internacional Voluntário.
93
milhões de hectares roubados
A
quarta edição da pesquisa mostra imediatamente o agravamento deste verdadeiro
roubo contra os povos indígenas e as comunidades mais vulneráveis. De fato, em
2018 o primeiro Relatório denunciava que o agronegócio concentrou em suas mãos
88 milhões de hectares de terra, e em 2020 este fenômeno atingiu e ultrapassou
93 milhões de hectares, tomadas das populações locais. Praticamente um
território tão grande quanto a França e a Alemanha e que não conhece limites de
exploração.
Afetadas
as comunidades mais frágeis
Na
introdução ao documento a presidente da Federação, Ivana Borsotto destaca a
ligação entre o fenômeno e um sistema de desenvolvimento que "destrói e
produz resíduos" e que "gera nas pessoas do mundo ocidental novas
necessidades inúteis, funcionais à manutenção do próprio sistema".
Portanto a apropriação das terras indígenas por parte de terceiros está
interligada com a mudança climática, as migrações causadas pela desertificação
de muitas áreas do mundo e o aumento da desigualdade entre os habitantes do
planeta. A desapropriação da terra, de fato, afeta as comunidades mais
vulneráveis e economicamente frágeis.
Morte
de líderes indígenas
O
texto destaca as histórias de resistência dos povos indígenas na defesa de suas
terras e de seus direitos, antes de tudo o direito à vida e a um ambiente
saudável. Não é coincidência que o relatório 2021 seja dedicado aos 331 líderes
indígenas que foram mortos em 2020 por se oporem à devastação e à poluição em
larga escala das florestas, da terra e da água, lutando em defesa do
ecossistema e do direito de todos de viverem em um ambiente saudável e
sustentável.
Uso
do solo
O
fenômeno é particularmente difundido na África e na América Latina e a terra
tomada é explorada para diversos usos, entre os quais a mineração é o mais
comum, seguido pelo desflorestamento, grandes plantações de monoculturas,
biocombustíveis e a extração de hidrocarbonetos.
Povos
deslocados por corporações
"A
desapropriação das terras é operada por empresas multinacionais privadas, mas
também por grandes protagonistas públicos. Nos últimos 20 anos, os
investimentos de muitos Estados neste setor têm crescido, em particular pela
China e Índia, também através de fundos soberanos. Eles tomam posse de terras
onde já vivem agricultores e povos indígenas e, no melhor dos casos, eles
conseguem ficar lá sem acesso a recursos, enquanto no pior dos casos são
expulsos e deslocados", afirma Andrea Stocchiero, responsável pela
política da Fundação ao Vatican
News. Essa é a terra onde viveram seus ancestrais e eles não entendem
porque da noite para o dia não são mais seus proprietários". "Os mais
esclarecidos se organizam em movimentos de camponeses que se chocam com a
segurança contratada por essas grandes empresas públicas e
privadas".
São
necessárias regras vinculativas
As consequências para o meio ambiente são devastadoras, observa o representante da Fundação: "Mais de 25 milhões de hectares de terra foram apropriados para mineração e quase 10 milhões para grandes plantações de monoculturas. São operações que não têm nenhuma consideração pelo meio ambiente, destroem a biodiversidade e criam terra e água mortas". O representante da Focsiv cita o caso da República Democrática do Congo, onde a extração do cobalto, necessário para a fabricação de baterias, alimenta o fenômeno do trabalho infantil e causa uma terrível poluição. Então apela para que a comunidade internacional torne obrigatórias as diretrizes de conduta empresarial em matéria de direitos humanos e meio ambiente. "Atualmente são boas práticas adotadas de forma voluntária, mas precisamos de algo obrigatório".
Fonte:Vatican News
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