Na
preparação para comemorar os 100 anos do nascimento do cardeal dom Paulo
Evaristo Arns (1921-2016), no próximo dia 14, vários eventos tem sido
realizados e programados na arquidiocese de São Paulo e em âmbito nacional. Em
um evento promovido pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP), o arcebispo metropolitano, cardeal Odilo Pedro Scherer, recordou
aquele que marcou a história da arquidiocese e também do país.
“Dom Paulo é um ilustre personagem que honra a Igreja
católica, mas também é uma personalidade pública que teve um protagonismo
singular no seu tempo. Ele agora pertence à história”, afirmou dom Odilo.
Nascido em 14 de setembro de 1921,
em Forquilinha (SC), dom Paulo foi religioso franciscano, da Ordem dos Frades
Menores. Como bispo, foi auxiliar de São Paulo de 1966 a 1970, ano em que foi
nomeado o 5º arcebispo da maior arquidiocese do país. Ali permaneceu até 1998.
Antes, porém, logo no início de seu pastoreio como arcebispo, foi criado
cardeal pelo Papa Paulo VI, em 1973.
Dom Paulo Evaristo Arns, irmão da
Dra. Zilda Arns Neumann, auxiliou na fundação da Pastoral da Criança e teve
papel fundamental na organização da Comissão de Justiça e Paz na arquidiocese
de São Paulo, no período da ditadura. Faleceu em 14 de dezembro de 2016, aos 95
anos, após alguns dias internado no Hospital Santa Catarina, na capital
paulista.
Fazer memória
Em artigo publicado no jornal O São
Paulo, o cardeal Scherer destacou que a comemoração do centenário do Cardeal
Paulo Evaristo Arns “é um convite a fazer memória desse grande cidadão, Bispo e
Pastor da Igreja, de sua personalidade marcante e os múltiplos aspectos de seu
empenho no serviço à Igreja e à sociedade”.
Para dom Odilo, é hora de lembrar,
“para não esquecer, o legado e as lições que Dom Paulo deixou. “A Igreja faz
história nos acontecimentos e pessoas que testemunham tempos e situações
vividas por ela e pela comunidade humana e atitudes tomadas no desempenho de
sua missão”, afirmou.
Num tempo especial da vida da
Igreja, após o Concílio Vaticano II, dom Paulo procurou colocar em prática as
indicações na sua ação pastoral. Diante do momento histórico do Brasil no
século passado, “não ficou indiferente diante da situação vivida pelo povo
brasileiro, empenhando-se com coragem e esperança para a superação das
agressões à dignidade humana e para o retorno à convivência democrática”.
Trabalho Pastoral
Em sua palestra na PUC, dom Odilo
destacou no âmbito da atuação pastoral de dom Paulo Arns a procura pela
renovação da vida da Igreja e a dinamização do trabalho pastoral da
arquidiocese, “atendendo a circunstâncias e necessidades da cidade de São
Paulo, que crescia vertiginosamente e carecia de atenção especial as imensas
periferias”.
“Arns procurou
traduzir em novas práticas organizativas e pastorais as orientações do Concílio
Vaticano II, no que se refere à participação do povo na vida e missão da
Igreja. Dedicou atenção especial aos pobres e desvalidos, estimulando o
surgimento de numerosas obras voltadas à promoção da caridade e da dignidade
humana”, sublinhou o cardeal Scherer.
O arcebispo ainda destacou da figura
de dom Paulo como bispo e pastor dedicado à Igreja o amor por seu rebanho e a
alegria em estar com o povo. Segundo destacou dom Odilo, dom Paulo promoveu a
evangelização e a organização pastoral, a formação do clero e dos religiosos,
incentivou o protagonismo dos leigos para ocuparem seu lugar na Igreja e na
sociedade. “Dom Paulo queria a liturgia celebrada com esmero e dignidade, a
Palavra de Deus anunciada com dedicação e fervor, e que o Evangelho de Cristo
fosse força de transformação para uma sociedade melhor”.
Atuação social
O início de seu ministério episcopal
como arcebispo de São Paulo se deu no período do Regime Militar no Brasil,
momento em que as liberdades democráticas e o respeito à dignidade humana e aos
direitos fundamentais da pessoa foram desrespeitados de forma preocupante.
“Dom Paulo foi voz firme e
respeitada na denúncia desses males e na defesa da pessoa e de seus direitos
fundamentais. E sua atuação somou-se à de muitos que clamavam pelo retorno à normalidade
da vida democrática no Brasil”, destacou dom Odilo.
Das homenagens e resgates históricos
feitos para recordar a atuação de dom Paulo, destaca-se também a atuação em
favor dos presos políticos, dos direitos humanos e do Estado de Direito.
Na Comissão de Justiça e Paz da arquidiocese, o então arcebispo inspirava o
enfrentamento da ação repressiva do governo e a mobilização para levantamento
de informações e denúncias de violações de direitos humanos.
Comemorações
Em São Paulo, uma comissão foi criada
para propor diversas atividades celebrativas para fazer memória dos 100 anos de
dom Paulo Evaristo Arns. Com abertura marcada para o próximo dia 14, com uma
missa na catedral metropolitana, às 10h, o centenário contará com eventos
acadêmicos, culturais, pastorais e celebrativos, assim como a publicação de
textos, artigos e demais escritos do Cardeal Arns. Segundo a comissão, a
programação tem o objetivo de dar ênfase à sua missão de “‘pastor e profeta’ na
maior Arquidiocese do Brasil”.
Em Brasília, o Senado Federal promoverá, no dia 13 de setembro de 2021, às 10h, Sessão Especial em alusão ao centenário de nascimento de dom Paulo Evaristo Arns. A iniciativa soma-se às diversas homenagens programadas para lembrar a vida, a trajetória, as obras e o legado deixado pelo cardeal. A Sessão Especial poderá ser acompanhada de modo virtual, ao vivo, pelo canal da TV Senado no YouTube.
Com informações do jornal O São Paulo
Fotos: Luciney Martins/Arquidiocese de São Paulo
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