O tema dessa Assembleia
Eclesial está estreitamente relacionado com o Documento de Aparecida: “Somos
todos discípulos missionários em saída”. O discipulado missionário, central na
Conferência de Aparecida, reaparece aqui, enriquecido com um novo aspecto convocatório:
“em saída”.
Cardeal Odilo Pedro Scherer - Arcebispo
metropolitano de São Paulo
Começa no próximo domingo, dia 21 de novembro, a Assembleia
Eclesial da América Latina e do Caribe. A sede será a Cidade do México, mas
apenas os convidados especiais e os encarregados da coordenação dos trabalhos
estarão no México. Os demais membros dessa Assembleia, que somam mais de mil
participantes, estarão espalhados em todos os países do continente e
participarão de maneira remota, pela internet. A abertura e a conclusão serão
celebradas na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe.
Trata-se de um evento sem precedentes na história da Igreja.
Geralmente são os bispos que participam desse tipo de reuniões eclesiais,
representando a Igreja de suas dioceses, conferências episcopais e países.
Desta vez, haverá bispos, padres, diáconos e religiosos, mas a maioria dos
membros da assembleia será composta de leigos. O Papa Francisco, que convocou a
assembleia, quis que os leigos participassem em grande número. Será, portanto,
uma assembleia “eclesial”, sinal e expressão do conjunto dos membros da Igreja.
Todos são importantes no Corpo de Cristo, e cada um participa, à sua maneira,
da vida e da missão da Igreja (cf. 1Cor 12,12-31).
Para entender o objetivo de semelhante reunião eclesial, é
preciso situar-se brevemente na história recente da Igreja, em nosso
continente, onde há a tradição já consolidada das grandes Conferências Gerais
do Episcopado da América Latina e do Caribe. Até agora, foram realizadas cinco,
conhecidas pelo nome das cidades onde aconteceram: Rio de Janeiro (1955),
Medellín (Colômbia, 1968), Puebla (México, 1979), Santo Domingo (República
Dominicana, 1992) e Aparecida (2007). Cada uma dessas Conferências Gerais,
cujos participantes sempre foram bispos, representando as Conferências
Episcopais de seus países, deixou um documento importante, que marcou a vida da
Igreja em nosso continente.
Passados quase 15 anos da realização da Conferência de
Aparecida, o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) pediu que o Papa
Francisco convocasse uma nova Conferência Geral. Mas o Papa ponderou que era
melhor ainda continuar com as conclusões da Conferência de Aparecida, muito
ricas e importantes para a vida e a missão da Igreja em nosso continente. E
pediu, ainda, que se organizasse um evento eclesial, não apenas episcopal, para
avaliar os frutos já produzidos, as lacunas ainda existentes na aplicação do
Documento e as novas questões a serem enfrentadas pela evangelização em nosso
continente. Assim, desde o início de 2020, a Assembleia Eclesial começou a ser
preparada por uma Comissão encarregada pelo Celam.
O tema dessa Assembleia Eclesial está estreitamente relacionado
com o Documento de Aparecida: “Somos todos discípulos missionários em saída”. O
discipulado missionário, central na Conferência de Aparecida, reaparece aqui,
enriquecido com um novo aspecto convocatório: “em saída”. Francisco, que esteve
na Conferência de Aparecida e conhece muito bem o conteúdo e as orientações do
documento, insiste na dimensão missionária da Igreja, que não deve ficar
voltada sobre si mesma (“autorreferencial”), nem se contentar com uma pastoral
de mera conservação daquilo que já conseguiu fazer ao longo de cinco séculos de
evangelização. A Igreja precisa tomar nova consciência de si mesma e de sua
missão, para não ficar à margem da vida dos povos deste continente, tornando-se
insignificante para eles.
A Assembleia Eclesial começou a ser preparada antes que o Papa
chamasse toda a Igreja a fazer um “processo sinodal”, em vista da assembleia do
Sínodo dos Bispos em 2023. Pode-se afirmar que a preparação e a realização da
Assembleia Eclesial já anteciparam a experiência sinodal, que o Papa agora
estende à Igreja do mundo inteiro. Assim, a Igreja em nosso continente oferece
mais uma contribuição importante para a “conversão pastoral e missionária” e
para a “experiência sinodal” de toda a Igreja. O programa da Assembleia
Eclesial prevê vários momentos, ao longo da semana, de participação aberta de
todos os interessados. O programa está sendo divulgado nas mídias da Igreja.
Unamo-nos em oração ao Espírito Santo por essa grande reunião
eclesial. E que Nossa Senhora de Guadalupe interceda pelos bons frutos deste
evento eclesial importante, que se abre e será concluído no seu Santuário, no
México.
Fonte: O São Paulo
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