“Come e bebe com os
pecadores” afirmam, escandalizados, os fariseus. Nas parábolas da
Misericórdia, Jesus afirma a alegria do perdão que restitui a vida plena,
liberta do peso das culpas e das alienações, estabelece a harmonia e restitui a
paz.
A misericórdia de Deus vence o
pecado através do perdão. Ao pecador arrependido, Deus perdoa e liberta. Como o
Oriente dista do Ocidente, assim Ele afasta de nós os nossos pecados. Esquece
as nossas faltas apaga-as da Sua memória. O perdão liberta do sentido de
culpabilidade inerente à nossa condição. O perdão gera a paz e a harmonia. O
perdão de Deus é como a amnistia nos gregos, significa fazer
tábua rasa dos conflitos e recomeçar de novo. O perdão permite recomeçar e
reconstruir a vida, porque alguém confia em nós e nos dá a mão. Pelo perdão
Deus aceita-nos como somos, com as nossas divisões interiores, fragilidades e
incoerências.
O dom do perdão é oferecido como
presente pascal aos apóstolos na tarde da Ressurreição. O Senhor deseja-lhes
antes de mais a paz: “A paz esteja convosco” e repete para levarem a paz
ao mundo. Depois sopra sobre eles e comunica-lhes o dom do Espírito Santo e a
missão de perdoar os pecados. O sopro faz lembrar o início da criação quando
Deus soprou sobre Adão, homem de barro, para lhe comunicar o sopro da vida e o
tornar um ser vivente. O perdão comunica a vida nova da ressurreição, cria uma
realidade nova, abre ao futuro. É mais do que uma amnésia do passado. É um novo
impulso no caminho da santidade: “levanta-te e caminha”. Orienta
para o futuro iluminado pela esperança.
O bom samaritano viu o ferido caído
à beira da estrada e encheu-se de compaixão por ele: Aproximou-se então e
curou-lhe as feridas. O primeiro desafio é ver, prestar atenção aos que sofrem,
frequentemente esquecidos numa cultura que vive da fachada exterior. No dizer
de Simone Weil, “o amor ao próximo é feito de atenção. Os infelizes não
precisam de outra coisa neste mundo senão de homens que lhes prestem atenção. A
capacidade de prestar atenção a um infeliz é coisa muito rara. A capacidade de
amor ao próximo é simplesmente ser capaz de lhe perguntar qual é o teu
tormento”.
Essa é a força curativa da fé!
Me. Pe. Alexsander Baccarini
Pinto
Universidade Católica
Portuguesa / FT-UCP
Fonte centroloyola.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário