"Ignorar as divisões entre
cristãos, por hábito ou por resignação, significa tolerar aquela poluição dos
corações que torna terreno fértil para conflitos" . O Papa Francisco
encoraja os participantes na Plenária do Pontifício Conselho para Unidade dos
Cristãos "a desejar mais do nunca a unidade pela qual o Senhor rezou e deu
a vida"
Jane Nogara - Vatican News
Na manhã desta sexta-feira (06) o
Papa Francisco recebeu os participantes da Plenária do Pontifício Conselho para
a Promoção da Unidade dos Cristãos. Depois de recordar os dois anos sem
encontros presenciais por causa da pandemia o Papa disse que a crise sanitária
foi também uma oportunidade para fortalecer e renovar as relações entre os
cristãos. Explicando: “Um primeiro resultado ecumênico significativo da
pandemia foi uma consciência renovada de que todos nós pertencemos à única
família cristã, uma consciência enraizada na experiência de compartilhar a
mesma fragilidade e poder confiar somente na ajuda de Deus. Paradoxalmente, a
pandemia, que nos obrigou a manter distância uns dos outros, nos fez perceber o
quanto estamos realmente próximos uns dos outros e o quanto somos responsáveis
uns pelos outros”.
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Neste ponto o Papa
afirmou: "Gostaria de enfatizar: hoje para um cristão não é possível,
não é viável, ir sozinho com a própria confissão. Ou vamos juntos, todas as
confissões fraternais, ou não caminhamos. Hoje, a consciência do ecumenismo é
tal que não se pode pensar em seguir no caminho da fé sem a companhia de irmãos
e irmãs de outras igrejas ou comunidades eclesiais. E isto é uma grande coisa.
Sozinho, nunca. Não podemos".
E continuou dizendo que é
fundamental continuar a cultivar essa consciência para novas iniciativas,
porque agora, iniciou um novo e trágico desafio, a guerra na
Ucrânia. “Esta guerra – disse o Papa - tão cruel e sem sentido como
qualquer guerra, tem uma dimensão maior e ameaça o mundo inteiro, e não pode
deixar de questionar a consciência de cada cristão e de cada Igreja”.
“Devemos nos perguntar: o que
as Igrejas fizeram e o que podem fazer para contribuir para o desenvolvimento
de uma comunidade mundial, capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e
nações que vivem na amizade social?”
Em seguida Francisco disse que no
passado a consciência do escândalo das divisões dos cristãos que pesou muito ao
gerar o mal em todo o mundo, levou as comunidades de fiéis, sob a guia do
Espírito Santo, a desejar mais do nunca a unidade pela qual o Senhor rezou e
deu a vida. “Hoje, diante da barbárie da guerra, - disse o Papa - este
desejo de unidade deve ser alimentado de novo. Ignorar as divisões entre
cristãos, por hábito ou por resignação, significa tolerar aquela poluição dos
corações que torna terreno fértil para conflitos”.
“O anúncio do Evangelho da paz,
o Evangelho que desarma os corações mesmo antes dos exércitos, só terá mais
credibilidade se for proclamado pelos cristãos finalmente reconciliados em
Jesus, Príncipe da Paz; cristãos animados por sua mensagem de amor e
fraternidade universal, que vai além dos limites de sua própria comunidade e da
própria nação”
Falando aos presentes sobre os 1700
anos do primeiro Concílio de Niceia, que será comemorado em 2025, o Papa disse
que a reflexão acima será uma importante contribuição para esta ocasião. E
ponderou:
“O estilo e as decisões do
Concílio de Nicéia devem iluminar o atual caminho ecumênico e trazer novos
passos concretos em direção ao objetivo de restaurar plenamente a unidade
cristã”
Concluindo com a sugestão “como
os 1700 anos do primeiro Concílio de Nicéia coincide com o ano jubilar, espero
que a celebração do próximo Jubileu tenha uma dimensão ecumênica relevante”.
Por fim o Papa reiterou ainda:
"Seguir em frente, caminhar
juntos. É verdade que o trabalho teológico é muito importante e devemos
refletir, mas não podemos esperar para fazer o caminho da unidade para que os
teólogos concordem. Uma vez, um grande teólogo ortodoxo, me disse que sabia
quando os teólogos estariam de acordo. Quando? No dia seguinte ao juízo final,
me disse. Mas enquanto isso? Caminhar como irmãos, em oração juntos, nas obras
de caridade, na busca da verdade. Como irmãos. E esta fraternidade é para
todos".
Fonte: Vatican News
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