Na
tarde desta quarta-feira, 22 de junho, o Conselho Permanente da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou, por unanimidade, uma mensagem ao
povo brasileiro que tem como título “Um clamor pela Paz”.
No
texto, os bispos afirmam que nestes tempos, faz-se urgente escutar as vozes de
tantos que, vitimados por variadas formas de violência, clamam por justiça e
paz. Salientam que esta realidade não pode ser naturalizada. E que é impossível
aceitar o extermínio de irmãos e irmãs. “Seus corpos sem vida clamam por
justiça e responsabilização. Suas memórias e seus sonhos de paz devem
permanecer vivos entre nós”, diz um trecho da mensagem.
Na
mensagem, os membros do Conselho Permanente reiteram, ainda, que a desigualdade
social, gerada pela concentração de renda, os conflitos religiosos, o ataque
sistemático aos territórios dos povos tradicionais, o desprezo e o rechaço aos
migrantes e o flagelo da fome são algumas das formas da violência estrutural
visibilizada nos tempos de hoje.
Para
os bispos urge não fechar os olhos diante da “loucura da corrida armamentista
no Brasil” (…).
“A
violência precisa ser estancada. Diante de tantas situações que nos
envergonham, nós, bispos do Conselho Permanente da CNBB, voltamos a erguer
nossa voz para denunciar a violência e solidariamente clamar por paz. Unimo-nos
a todas as pessoas e entidades que, de coração sincero, se empenham nessa
direção. Enxergamos nesse esforço o Espírito do Deus da Vida que não nos
permite desanimar, nem nos deixa enredar pelas artimanhas do mal, por mais
astuciosas e aparentemente convincentes que possam ser”.
Por
isso, na responsabilidade da missão de pastores, os bispos expressam uma
palavra de esperança ao povo brasileiro: “aos sofredores, que não desistam, aos
que têm poder de cuidar, defender e promover o bem comum, que não se omitam e
aos que diretamente ferem e destroem a paz, que se convertam!”.
“Unamo-nos
em favor da verdadeira paz! Não nos deixemos abater! Não nos deixemos frustrar!
O Bom Deus escuta os clamores de seu povo! Que a Bem-aventurada Virgem Maria,
Rainha da Paz, interceda sempre pelo Brasil e pelo mundo”.
Confira
a mensagem do Conselho Permanente a todo o povo brasileiro na íntegra:
UM CLAMOR PELA PAZ
Eu ouvi os clamores do meu povo. (Ex 3,7)
A
paz de Jesus Cristo, que proporciona vida em abundância e alegria plena, é um
dom precioso de Deus e desejo de todo o ser humano de boa vontade. Contudo,
infelizmente, nosso mundo escuta hoje os estrondos da guerra, os gemidos da
fome, o ensurdecedor barulho dos tiros que ceifam vidas e ecoam no choro das
vítimas e de seus familiares. Soma-se a isso a indiferença, que fecha olhos e
corações, as desculpas para nada fazer e as fake-news em seu esforço por tudo
encobrir em cortinas de fumaça.
As
guerras vão-se multiplicando cruelmente em diversas regiões do mundo,
somando-se às abomináveis e impactantes cenas que nos chegam da Ucrânia através
da mídia. São invisíveis os conflitos como em Moçambique, Iêmen, Etiópia,
Haiti, Mianmar, entre tantos outros, que assumem hoje os contornos de uma
“terceira guerra mundial por pedaços” (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 25).
Nestes
tempos, faz-se urgente escutar as vozes de tantos que, vitimados por variadas
formas de violência, clamam por justiça e paz. Esta realidade não pode ser
naturalizada. É impossível aceitar o extermínio de irmãos e irmãs. Seus corpos
sem vida clamam por justiça e responsabilização. Suas memórias e seus sonhos de
paz devem permanecer vivos entre nós.
A
desigualdade social, gerada pela concentração de renda, os conflitos
religiosos, o ataque sistemático aos territórios dos povos tradicionais, o
desprezo e o rechaço aos migrantes e o flagelo da fome são algumas das formas
da violência estrutural visibilizada nos tempos de hoje.
Urge
não fechar os olhos diante da loucura da corrida armamentista no Brasil. O
número de caçadores, atiradores e colecionadores de armas de fogo (CACs),
aumentou 325% de 2018 a 2021. “O gasto com armas é um escândalo, suja o
coração, suja a humanidade” (Papa Francisco, 21 de março de 2022),
particularmente quando alimentado por discursos fundamentalistas, inclusive
religiosos, que transformam adversários em inimigos e comprometem a
fraternidade.
A
violência precisa ser estancada. Diante de tantas situações que nos
envergonham, nós, bispos do Conselho Permanente da CNBB, voltamos a erguer
nossa voz para denunciar a violência e solidariamente clamar por paz. Unimo-nos
a todas as pessoas e entidades que, de coração sincero, se empenham nessa
direção. Enxergamos nesse esforço o Espírito do Deus da Vida que não nos
permite desanimar, nem nos deixa enredar pelas artimanhas do mal, por mais
astuciosas e aparentemente convincentes que possam ser.
A
vida é o maior dom! Cuidar responsavelmente da vida implica trabalhar
artesanalmente pela paz (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 225), a justiça social
e o bem comum, sempre no respeito pelas diferenças, valorizando a liberdade
religiosa e a verdade, dialogando até a exaustão, pois tudo isso é condição
para a verdadeira paz.
Por
isso, na responsabilidade de nossa missão de pastores, queremos expressar nossa
palavra de esperança: aos sofredores, que não desistam, aos que têm poder de
cuidar, defender e promover o bem comum, que não se omitam e aos que
diretamente ferem e destroem a paz, que se convertam!
Unamo-nos
em favor da verdadeira paz! Não nos deixemos abater! Não nos deixemos frustrar!
O Bom Deus escuta os clamores de seu povo! Que a Bem-aventurada Virgem Maria,
Rainha da Paz, interceda sempre pelo Brasil e pelo mundo.
Brasília,
22 de junho de 2022.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler. OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá – MT
Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da Arquidiocese de São
Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário Geral da CNBB
Fonte: cnbb.org.br
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