quinta-feira, 27 de outubro de 2022

SESSENTA BISPOS DO BRASIL ESCREVEM CARTA CONTRA BOLSONARO

Parte da hierarquia católica resolveu manifestar seu posicionamento político | Reprodução
Autoridades eclesiásticas lançam manifesto contra o presidente da República
 A uma semana do segundo turno das eleições presidenciais, que acontece no próximo domingo, dia 30, parte da hierarquia católica resolveu se manifestar. Dessa vez, para se declararem publicamente contra o atual presidente da República, Jair Bolsonaro. Os prelados dizem que a motivação para a publicação do documento “está na defesa dos pequeninos, da justiça e da paz”. Os bispos refutam as práticas adotadas por Bolsonaro, mostrando que a postura do atual mandatário da República não condiz com os 10 mandamentos bíblicos.
Por medo de represálias por parte dos apoiadores do candidato à reeleição, os bispos resolveram não assinar o texto. Portanto, é um documento original, mas redigido de maneira anônima.
Nossa equipe de reportagem teve acesso à carta por meio de um dos bispos redatores, que não quis se identificar, haja vista a onda de violência que tem se registrado em alguns lugares do Brasil durante missas e eventos religiosos. Eles têm medo de que, em suas dioceses, os fundamentalistas atentem contra sua integridade física.
"Não cabe neutralidade quando se trata de decidir entre dois projetos de Brasil: um democrático e outro autoritário", enfatizam.
Sem usar meias palavras, os bispos também rechaçam o terrorismo eleitoral praticado por centros culturais, padres e influencers católicos contra os eleitores que não apoiam o atual governo.
"O chefe do governo e seus apoiadores, principalmente políticos e religiosos, abusaram do nome de Deus para legitimar seus atos e ainda o usam para fins eleitorais. O uso do nome de Deus em vão é desrespeito do segundo mandamento", completam.
O slogan da campanha de Bolsonaro, usado pelo presidente em 2018, também foi criticado pelo grupo de prelados.
"Enquanto dizia ‘Deus acima de tudo’, o presidente ofendia mulheres, debochava de pessoas que morriam asfixiadas, além de não demonstrar compaixão alguma com as quase 700 mil vidas perdidas para a Covid-19 e com as 33 milhões de pessoas famintas em seu país.
A política do armamento, também defendida pelo atual governo, também foi mencionada na carta.
"Os discursos e medidas que visam armar todas as pessoas e eliminar os opositores estão em contradição com o 5 mandamento, que diz "não matarás", quanto com a Doutrina Social da Igreja, que propõe o desarmamento e diz que "o enorme aumento das armas representa uma ameaça grave para a estabilidade e a paz" (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 508).
Os autores do documento, que se apresentam como "bispos do diálogo pelo Reino", encerram lançando um apelo ao povo brasileiro, e explicando que não se trata, dada a urgência da situação, de abraçar um projeto político, mas de uma escolha ética.
"A Igreja não tem partido, nem nunca terá, porém ela tem um lado, e sempre terá: o lado da justiça e da paz, da verdade e da solidariedade, do amor e da igualdade, da liberdade religiosa e do Estado Laico, da inclusão social e do bem viver para todos. [...] Nossa motivação é ética e não decorre do seguimento de um líder político, nem de preferências pessoais, mas vem da fidelidade ao Evangelho de Jesus", concluem.
Veja a carta completa.

Mirticeli Medeiros

 Fonte:domtotal.com

 

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